segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sinafer e Abimaq alertam para a desindustrialização

03/10/2010) - O risco da desindustrialização está rondando a economia brasileira. Desde 2009, tem crescido o número de entidades e associações alertando para o fato. Sem condições de competir com os preços dos importados, muitos fabricantes de máquinas, equipamentos, peças, ferramentas etc. estão deixando de produzir internamente e tornando-se simplesmente importadores dos mesmos produtos.
Milton Pessoa Rezende, que assumiu em setembro a presidência do Sinafer (Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral), afirma que “hoje, o grande problema enfrentado pelo nosso setor é o que chamamos de ‘desindustrialização do Brasil’, já que as fábricas brasileiras têm importado a maior parte de seus componentes, peças e moldes, colocando em desuso as nossas ferramentas”.
Segundo o presidente do Sinafer, várias empresas do setor deixaram de fabricar algumas ferramentas que, em decorrência do ‘Custo Brasil’, deixaram de ser competitivas. “Algumas indústrias passaram a importar produtos de outros países com sua marca, para assim poderem competir no mercado brasileiro”, observa.
Já a Abimaq, que recentemente solicitou ao governo o aumento do Imposto de Importação de 14 para 35% para máquinas e equipamentos importados, fez um levantamento sobre a importação de 1.400 produtos. 250 deles, considerados “casos críticos”, serão levados ao Ministério da Fazenda esta semana em nova rodada de negociações.
Entre os casos críticos estão bombas de vácuo e válvulas de segurança. A entidade comparou o volume importado desses produtos da Alemanha e da China. Em média, as bombas importadas da Alemanha têm preço de US$ 32,30 o kg; enquanto as chinesas - com a mesma NCM, ou seja, produtos iguais - custam US$ 7,66/kg, “o que mal paga a matéria-prima”, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
Não por outro motivo, o volume de bombas de vácuo importadas da China saltou de 41 mil em 2006 para 109 mil em 2009. Da Alemanha, no mesmo período, a importação caiu de 67 mil para 63 mil. No caso das válvulas, a disparidade de preços é ainda maior: US$ 50,99/kg contra US$ 10,40/kg.
Uma prova de que o Brasil está em processo de desindustrialização, segundo o presidente da Abimaq, é que a entidade enviou cerca de 500 e-mails para associados ligados à produção dos 250 “casos críticos”, convidando-os a se mobilizar contra o que classificou de “invasão”. Resultado: 45 responderam, sendo que apenas 3 se dispunham a fazer algum movimento para enfrentar o problema. Para Aubert, esse baixo retorno dos associados só tem uma explicação: “significa que também os nossos associados passaram a importar”.
Para o dirigente, o que explica o aumento exagerado das importações é o Custo Brasil., que diminui a competitividade dos produtos brasileiros frente aos similares de outros países, principalmente da China. “Detemos a maior taxa de juros do mundo, maior número de impostos e tributos em um só produto. Isso, comparando aos equipamentos chineses, de menor valor agregado, se torna uma competição predatória. O pior é que o próprio governo ajuda nesta competição desigual”, afirma, citando as recentes altas dos juros (taxa Selic) promovidas pelo Banco Central.
“Corremos o risco de ver parte do setor produtivo ser transformada em montador, numa indústria que só tem casca e cujo conteúdo vem de fora”, disse há alguns meses o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, assessor do IEDI -Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
Fonte: Usinagem Brasil

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