quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Confiança do industrial de SC tem queda em dezembro

O Índice de Confiança do Empresário Industrial Catarinense (ICEI) caiu para 57,9 pontos em dezembro, o menor resultado do ano. Pesquisa da FIESC em conjunto com a CNI mostra que o indicador também fechou abaixo da média histórica, que é de 58,7 pontos.
O ICEI varia no intervalo de 0 a 100. Os valores acima de 50 indicam que os empresários estão confiantes, abaixo falta de confiança.
Os empresários da indústria da construção civil estão mais otimistas. O ICEI do segmento ficou em 58,3 pontos, enquanto o da indústria da transformação registrou 57,1 pontos em dezembro.
A expectativa dos industriais para os próximos seis meses passou de 61,8 pontos em novembro para 61 pontos em dezembro. O único indicador que registrou alta no período foi o que mede as condições atuais da economia, que alcançou 51,7 pontos, um crescimento de 0,3 ponto em relação a novembro.
Segundo a pesquisa, entre os fatores que contribuíram para a queda do índice de confiança estão a desvalorização da taxa de câmbio e o crescimento da inflação.
O levantamento, realizado entre os dias 29 de novembro e 15 de dezembro, teve a participação de 139 indústrias dos setores da transformação e da construção civil.
Fiesc

O que a Associação Brasileira de Fundição espera do governo Dilma Rousseff?

A presidente eleita Dilma Rousseff fará um governo tão bom quanto o de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao menos é o que acreditam seis em cada 10 brasileiros (58%), conforme pesquisa CNI/Ibope, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Lula termina o segundo mandato com 80% de ótimo e bom na avaliação do governo, o melhor índice já medido pela pesquisa CNI/Ibope. Para 18% dos entrevistados, o governo de Dilma será melhor do que o de Lula e, para 14%, será pior.
Devanir Brichesi, presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), porém, acredita que Dilma vai encontrar mais dificuldades políticas, tanto no contato com o PMDB como com as várias tendências do próprio PT. “Não vejo quem, dentro do governo, possa ter envergadura suficiente para impor alguma autoridade ou negociar com as pressões que vão ser feitas. Com isso, o ritmo do governo, que já era sofrível, deve ficar pior.”
A seguir, veja o que diz o executivo.
METAL MECÂNICA - Quais as principais expectativas da entidade com relação ao novo governo Dilma?
DEVANIR BRICHESI- Na verdade, são mais esperanças do que expectativas. Que ele reconheça que a perda de empregos será inevitável se mantida a atual política, agindo em cima de políticas pontuais relacionadas ao nosso setor, tal como elevação de tarifas de importação, revogação de importação de ferramentais usados, eventual redução de taxas aplicadas sobre o salário, estabelecimento de linhas de crédito especificas para a modernização industrial etc. Minhas esperanças ficam delimitadas a tais medidas pontuais porque as medidas de reforma estrutural, como a política, tributária e fiscal não acredito que sejam feitas no governo dela, devido à dificuldade de passagem no Congresso.
METAL MECÂNICA - Crê que haverá alguma mudança de rumo na comparação com governo Lula?
BRICHESI - Creio que teremos alguma mudança, para pior. Ela vai encontrar mais dificuldades políticas, tanto no contato com o PMDB como com as várias tendências do próprio PT. Não vejo quem, dentro do governo, possa ter envergadura suficiente para impor alguma autoridade ou negociar com as pressões que vão ser feitas. Com isso, o ritmo do governo, que já era sofrível, deve ficar pior.
METAL MECÂNICA - Que deveria ser modificado - a favor do segmento representado pela entidade - do governo Lula para o governo Dilma?
BRICHESI - Acabar com a farra do boi das importações desenfreadas, que beneficiam unicamente as montadoras e penalizam seriamente toda a cadeia produtiva do setor automotivo, gerando concorrências predatórias e promovendo a desindustrialização.
METAL MECÂNICA - E o que não deveria ser mudado de forma alguma?
BRICHESI - A única coisa boa que me lembro foi feita pelo governo Lula, é o fortalecimento da Apex-Brasil. O que, convenhamos, é uma gota d’água no oceano.
METAL MECÂNICA - A entidade apresentará alguma demanda específica ao governo, neste início de gestão Dilma?
BRICHESI - Tentaremos mostrar a importância estratégica do setor, não em termos de percentual do PIB, mas em termos de tecnologia e conhecimento acumulado, essencial e básico para qualquer política industrial devido ao seu poder multiplicador num grande número de outras indústrias. Continuarmos com nossa política de conscientizar sobre as perdas do setor, no trabalho conjunto que vem sendo feito com os sindicatos dos trabalhadores. Solicitaremos também medidas pontuais, como já foi mencionado, relacionadas a importações, custo dos encargos sociais, melhores condições para modernização do parque industrial etc.
Fonte
Ipesi Digital

Lupi critica defesa de lei trabalhista mais flexível

Ministro do Trabalho mostrou estudo que aponta alta quantidade de rotatividade no mercado de trabalho brasileiro
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, abriu guerra hoje contra empresários que querem a flexibilização do mercado de trabalho brasileiro. A avaliação dele é de que a legislação trabalhista brasileira já é muito flexível. Para embasar seu ponto de vista, encomendou um estudo sobre o setor que revela que a rotatividade do mercado de trabalho formal brasileira está em 35,9% no período de 2007 a 2009. "Este mercado formal está deformado e todo esse debate só tem um lado", afirmou.
Lupi, confirmado ontem na pasta no governo de Dilma Rousseff, deixou claro que se empenhará nesse debate. "A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) no Brasil está atualíssima. Sem ela, é colocar raposa no galinheiro", afirmou. "Por isso, quando se fala em flexibilizar, é preciso discutir esses números, pois, se ficar mais flexível do que está, vamos 'fechar' os trabalhadores", disse.
O estudo foi elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e também da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Segundo o levantamento, dos 61,12 milhões de vínculos de trabalho existentes no ano passado, 19,92 milhões foram rompidos até 31 de dezembro, o que representa 32,6% do total. Vale ressaltar que um só empregado pode ter mais de um vínculo de trabalho. Dos vínculos encerrados em 2009, no entanto, 7,30 milhões voltaram a ficar ativos no último dia do ano.
"Praticamente 20 milhões de vínculos perdidos é muito alto. Quero debater com a sociedade. Por que tanta discussão sobre isso", questionou. Ano a ano, a rotatividade dos vínculos foi de 34,3% em 2007; de 37,5% em 2008 e de 36% no ano passado. Se forem acrescidos os números de transferências, aposentadorias, falecimentos e desligamentos voluntários esses porcentuais sobem respectivamente para 46,8%, 52,5% e 49,4%.
A intenção do ministro é utilizar a base de dados criada agora por meio de cruzamento de informações já existentes para balizar políticas para a próxima administração. "Faremos política pública de qualificação com base em dados reais", afirmou o ministro. Além de divulgar o estudo para a imprensa, Lupi prometeu encaminhar o levantamento a centrais e confederações.
De 2003 a 2009, conforme o documento, o total de vínculos no ano (total de vínculos ativos em 31 de dezembro mais total de desligamentos) cresceu 49,35%, o equivalente ao aumento de 20,2 milhões de vínculos - de 40,9 milhões em 2002 para 61,12 milhões no ano passado.
Os desligamentos com menos de seis meses de duração superaram 40% do total de vínculos desligados em cada ano. Cerca de metade desses desligamentos não atingiram três meses de duração. "É intensa a flexibilidade do mercado de trabalho analisada a partir do tempo de emprego. Cerca de dois terços dos vínculos desligados sequer atingiram um ano de trabalho", comentou o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.
Assim, segundo o estudo, de 76% a 79% dos desligamentos não tiveram sequer dois anos de duração. Para o ministro, o total de desligamentos é um número "assustador" e revela que, praticamente, não existe restrição à demissão no Brasil. "A legislação trabalhista brasileira é tão flexível que circulam 20 milhões de vínculos", disse, acrescentando que se fosse tão caro demitir como os empresários alegam, com certeza haveria menos demissões. "Eu não vou demitir se é caro para mim."

FIESC espera 2011 melhor, com desafios para a indústria

O ano de 2010 chega ao fim com números positivos para a maior parte dos setores industriais catarinenses. A produção industrial aumentou 6,9%, as vendas subiram 2,2%, o número de trabalhadores 8,6% com 51 mil contratações e as exportações aumentaram 17,9%. Contudo, além do crescimento se dar sobre uma base baixa de comparação, já que 2009 foi um ano difícil para o setor, os números de Santa Catarina não acompanharam os da indústria brasileira.
Para a FIESC, o desempenho inferior pode ser explicado pelo perfil do parque fabril catarinense. O segmento de carnes, o principal da indústria do estado, teve um ano difícil e, assim, afetou as estatísticas. Uma grande empresa do segmento de veículos automotores praticamente parou a produção. Outra explicação está na tradição exportadora de Santa Catarina, já que o mercado internacional ainda não se recuperou completamente. Além disso, o estado não possui montadoras e não produz as commodities como minério de ferro ou petróleo, alguns dos setores que puxaram o desempenho da indústria brasileira em 2010.
Contudo, o presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, se diz moderadamente otimista com relação a 2011. "As empresas realizaram ajustes em suas estratégias para se adaptar à atual realidade e temos a perspectiva de que o mercado interno seguirá aquecido, apesar da previsão de medidas para conter o consumo e enfrentar a inflação", diz Corrêa.
A expectativa de câmbio valorizado, com forte importação de produtos seguirá sendo um dos grandes desafios da indústria em 2011. "O problema é que com o real nos atuais patamares, nossa indústria tem sérias dificuldades de ser competitiva com os concorrentes de outros países, tanto no mercado brasileiro quanto no internacional, devido à elevada carga tributária, às condições ruins de financiamento e à falta de infraestrutura de transporte e logística", afirma Corrêa.
No caso de Santa Catarina, o salto nas importações, decorrente, além do câmbio, do programa Pró-emprego, que reduz o imposto de importação, inverteu o saldo da balança comercial, que se tornou deficitária. No longo prazo, a avalanche de importações desestimula a produção local. Por isso, a FIESC encaminhou em julho solicitação ao governo do estado para que sejam realizadas adequações no programa, a fim de evitar prejuízos à indústria catarinense.
Fiesc

Emprego nas médias e grandes indústrias de SC acumula alta de 5%

O emprego nas médias e grandes indústrias catarinenses acumula alta até novembro de 5,09%. O número representa a abertura de 10.994 vagas no grupo de 346 empresas pesquisadas pela FIESC. Em termos absolutos, dos 19 setores ouvidos, os que mais contrataram foram máquinas e equipamentos (3.550 vagas), metalurgia básica (1.886 vagas), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1.793 vagas), confecções e artigos do vestuário e acessórios (1.182 vagas), artigos de borracha e plástico (889 vagas) e produtos de minerais não-metálicos (838 vagas). Nesse período, o segmento de veículos automotores fechou 1.779 vagas, principalmente em função da crise de uma grande empresa do setor.
Em novembro, o número de vagas registrou leve queda de 0,04% no grupo pesquisado. Este é o segundo mês consecutivo em que há decréscimo no número de vagas. Os segmentos que contribuíram para essa variação negativa foram artigos do mobiliário (-253 vagas), veículos automotores (-168 vagas) e máquinas e equipamentos (-158 vagas). No setor automotivo, a falta de crédito foi o principal motivo apontado para as demissões. Nos demais setores, a baixa demanda levou ao fechamento de vagas.
O segmento mobiliário, um dos que fechou vagas, mudou a estratégia com a migração de grande parte das exportações para o mercado interno. O presidente da Câmara da Indústria do Mobiliário da FIESC, Arnaldo Huebl, prevê queda das exportações deste ano, mas o mercado interno deve absorver. "Está muito difícil competir com o mundo. O câmbio está muito aquém das expectativas e as empresas precisam de caixa", diz Huebl.
O presidente da Câmara lembra que há dez anos as empresas realizaram um trabalho intenso de prospecção no exterior, mas com a redução das exportações esse trabalho é "perdido". Para 2011, o foco será novamente o mercado interno, adianta.
Fiesc

Indústria terá 8º ano de expansão acima do PIB

Enquanto o governo brasileiro tenta minimizar a tese de desindustrialização nacional, as autoridades na Argentina sustentam a teoria de que o país vive um processo de reindustrialização desde a crise econômica de 2001 e 2002. A ministra da Indústria, Débora Giorgi, afirma que o setor caminha para o oitavo ano seguido de crescimento superior ao do PIB. Segundo ela, haverá expansão de 8,2% em 2010, enquanto a economia como um todo aumentará 7,6%.
Em duas recentes apresentações a investidores estrangeiros, Giorgi enumerou quatro pilares para justificar o movimento de reindustrialização: a manutenção de uma taxa de câmbio competitiva, uma política de desendividamento e de redução da volatilidade financeira, um mercado doméstico em expansão acelerada e uma estratégia clara de proteção à indústria contra a "concorrência desleal". "Não vamos cair novamente no canto da sereia e exportar apenas commodities. Só com o fortalecimento da indústria é que vamos dar trabalho a 40 milhões de argentinos."
Graças a essas políticas, de acordo com Giorgi, a produção industrial cresceu mais nos últimos anos do que em qualquer outro período recente. Os dados do ministério apontam que o setor teve expansão de 45% entre 1990 e 1998, depois recuou 30% entre 1999 e 2002, e cresceu 81% entre 2003 e 2008.
Para os pesquisadores Ricardo Ortiz e Martín Schorr, da Universidade Nacional de San Martín, que fizeram um estudo sobre o assunto, houve um movimento de recuperação após um longo período de desindustrialização nos anos 90. Mas esse processo esteve sustentado pela megadesvalorização do peso, em 2002, e se concentrou na primeira metade da década. Como participação no PIB, segundo os dois pesquisadores, a indústria passou de 15,4% em 2001 para 16,8% em 2004, mas patina desde então. No período, a substituição de importações e a ociosidade das fábricas puxaram a indústria.
No entanto, Ortiz e Schorr dizem que não houve uma "redefinição do perfil de especialização industrial da Argentina" e que o país continua dependendo de multinacionais e de recursos naturais - agroindústria, petróleo, químicos, aço e alumínio. O secretário-geral da União Industrial Argentina (UIA), José Ignacio de Mendiguren, reclama: "Com a exceção de setores menos dinâmicos, como calçados e têxteis, não há uma estratégia industrial de longo prazo".
A Fundação Mediterrânea, um centro de estudos mantido pelo setor privado, avalia que o crescimento da indústria na Argentina está cada vez mais atrelado ao desempenho da economia no Brasil. Neste ano, o mercado brasileiro deverá alcançar participação recorde de 50% como destino das exportações industriais argentinas. Essa fatia havia chegado a 49% em 1997, durante o governo Menem, mas caiu progressivamente até atingir 26,8% do total em 2003.
O economista Dante Sica, diretor da consultoria Abeceb, diz que um número crescente de empresas brasileiras se instala no país para se aproveitar do câmbio mais competitivo e exportar para o Brasil. Segundo ele, a presença de companhias brasileiras mais do que quadruplicou desde 1998, subindo de 63 firmas para as atuais 280.
Na Argentina, o número de empresários e economistas que apontam um processo de desindustrialização é bem menor do que no Brasil, mas eles existem. Um deles é Paolo Rocca, presidente do grupo Techint, que vê a economia argentina acompanhando um processo de "primarização" de toda a América Latina. Estimativas projetam um superávit comercial de US$ 12 bilhões neste ano, mas as importações de produtos industriais deverão superar as exportações em mais de US$ 18 bilhões. Os maiores déficits estão nos setores de máquinas, autopeças, químicos e plástico e borracha. (DR)
Valor

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Emprego industrial verifica estabilidade em outubro, informa IBGE

SÃO PAULO - O emprego industrial ficou estável no mês em outubro, com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES). O resultado veio na sequência de dois meses de pouca oscilação - em setembro, o indicador caiu 0,1%; em agosto, tinha avançado 0,1%.
Considerando o confronto com outubro de 2009, o pessoal ocupado assalariado expandiu-se em 4,2%, com todas as 14 áreas avaliadas pelo IBGE registrando ampliação, como São Paulo (3,4%), região Nordeste (4,9%) e Rio Grande do Sul (5,5%). Ainda neste comparativo, 13 de 18 atividades verificaram incremento no emprego na indústria, sobressaindo, por exemplo, máquinas e equipamentos (10,7%) e meios de transporte (9,7%).
No acumulado do ano, o emprego industrial apresentou elevação de 3,4%. Em 12 meses, houve alta de 2,3%, a melhor leitura desde novembro de 2008 (2,5%).
O levantamento mostrou ainda que a folha de pagamento real subiu 0,4% no mês em outubro e teve avanço de 10,1% no comparativo com o antepenúltimo mês de 2009, com os 14 locais investigados com expansão no valor da folha. O IBGE deu ênfase ao caso de São Paulo, onde houve incremento de 8,5%. O aumento foi generalizado também considerando os ramos avaliados (17 de 18). A exceção ficou com o setor de fumo (-4%).
Quanto ao número de horas pagas na indústria, o IBGE notou queda de 0,8% entre setembro e outubro, mas aumento de 4% perante outubro de 2009, nona taxa positiva consecutiva neste tipo de confronto.
Valor

Abimaq muda estratégia de combate à importação

07/11/2010) - Há algumas semanas a Abimaq defendia o aumento das alíquotas de importação de máquinas e equipamentos de 14 para 35%. Hoje, essa medida não faz mais parte da estratégia da entidade para combater o crescente aumento da importação de máquinas e equipamentos (principalmente da China que, em setembro, superou a Alemanha e passou a ocupar a 2ª posição entre os maiores exportadores desses itens ao Brasil).
“Foi apenas um alerta”, explica Fernando Bueno, vice-presidente e coordenador da área de Competitividade da Abimaq. Na verdade, o aumento de alíquota pouco efeito teria sobre importações da China, por exemplo, tamanha é a diferença entre os preços praticados no Brasil e no mundo e o dos exportados pelo país asiático.
Segundo Bueno, a entidade preparou um plano de defesa do setor e só está aguardando um sinal de Brasília para apresentá-lo ao governo. Neste novo plano, o ponto principal é o estabelecimento de um preço médio de referência por quilo de máquinas e equipamentos importados pelo País. “Hoje, alguns produtos chineses chegam ao mercado brasileiro com preço muito inferior a média internacional”, observa. Enquanto o preço médio internacional de algumas máquinas é de US$ 25/kg, máquinas chinesas similares chegam ao Brasil por US$ 6/kg, o que, na opinião da entidade, caracteriza a prática de dumping.
A intenção da Abimaq é o que o governo adote o preço médio mundial como preço de referência. Assim, qualquer produto importado por valor inferior à média internacional seria taxado pelo preço de referência. “Essa medida não fere os critérios da OMC”, diz Bueno, lembrando que medidas semelhantes já estão em vigor nos setores de brinquedos, têxtil e de calçados.
Segundo o vice-presidente, a entidade realizou o levantamento de preços médios internacionais (e a respectiva comparação com os importados) de 1.500 tipos de máquinas. “Para Brasília, vamos levar as comparações referentes a cerca de 150 tipos, que reúnem os exemplos mais flagrantes”.
“A situação é grave”, diz Bueno, lembrando que a importação de máquinas e equipamentos cresceu 32% em 2010 na comparação com 2009, levando o déficit da balança comercial do setor para a faixa de US$ 15 bilhões. Para o vice-presidente da Abimaq, há quatro meses o governo não demonstrava “sensibilidade” para acolher medidas nesse sentido. Agora, o cenário mudou, ampliando as chances de a entidade ter seu pleito aprovado, “já que as contas externas estão se deteriorando muito rapidamente”.
Usinagem Brasil

Setor industrial quer soluções para 2011

O setor produtivo brasileiro está se articulando para cobrar medidas do atual e do futuro governo a fim de que as empresas mantenham índices de competitividade. Dentre as principais ações, a principal é atuar na defesa do mercado interno contra as importações de produtos, principalmente chineses, que chegam ao Brasil com um preço muito mais baixo que os nacionais. Essa situação, relatada por líderes de empresas brasileiras globais, é causada principalmente pela apreciação do real ante o dólar e pela falta de uma política nacional que favoreça a desoneração de investimentos e exportações.
Esse posicionamento converge para o discurso que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou ontem em São Paulo, durante a quinta edição do encontro anual que promove com empresários e entidades do setor. De acordo com o presidente da instituição, Robson Andrade, os principais temas a serem atacados pelo governo são a reforma tributária, a desoneração das exportações e a desoneração dos investimentos que atualmente levam à perda da competitividade.
"Entregamos propostas de uma política à presidente Dilma quando era candidata. Algumas dessas medidas foram aperfeiçoadas e melhoradas, outras estão com o ministro Mantega [Fazenda]", revelou ele. "O governo parece ter vontade de fazer essas reformas, o que é importante porque o Brasil vive um momento bom de crescimento e desenvolvimento e precisamos aproveitar este momento para realmente sermos a quinta economia do mundo", disse Andrade.
Segundo o presidente da CNI, essa situação de depreciação do câmbio é o resultado da instabilidade internacional e da perda de dinamismo das economias desenvolvidas, que geram incertezas, alteram o fluxo de capital e impactam no Brasil, afetando diretamente o valor da moeda nacional e reduzindo a atividade econômica. Ele indicou que para manter o crescimento dos últimos anos é necessária a elevação média do PIB em 5,5% ao ano.
Para o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, atacar o câmbio não deverá ser o foco das medidas governamentais. Em sua opinião, esse patamar da moeda norte-americana é estrutural e ela deverá continuar depreciada ante o real. "Os Estados Unidos estão com déficit alto, e com isso estão imprimindo moeda; os chineses estão acompanhando o dólar. Sendo assim, dificilmente o país terá um câmbio favorável", afirmou o executivo, para quem a forma correta de melhorar a situação é combater a concorrência desleal de importações. Para isso, a política passaria por uma estratégia de tributação que favoreceria os investimentos brasileiros em capacidade produtiva.
Combater a enxurrada de produtos importados no Brasil também é prioridade para o empresário Jorge Gerdau. Ele lembrou que a guerra fiscal travada entre estados favorece a entrada de produtos do exterior em razão da concessão de benefícios, e o que classificou de 'festa de importações' está criando distorções que levam produtos nacionais a ficarem mais caros que os importados - e citou o caso do aço.
"Enquanto o aço nacional paga 12% de impostos, os importados por alguns estados pagam 1% ou 2% e ainda têm um prazo de 20 anos para fazer esse recolhimento", criticou ele.
Décio da Silva, presidente do Conselho de Administração da Weg, aponta justamente o câmbio como o fator estruturante mais importante a ser combatido neste momento. "Quando falamos de todas as dificuldades para a indústria brasileira ser competitiva, a mais urgente é a que trata do câmbio: é esta que afeta diretamente as empresas. Além da questão cambial, porém, há necessidades de investimentos em infraestrutura de rodovias, portos e aeroportos, que são relevantes para as exportações", disse o executivo, em São Paulo.
Silva enfatizou ainda que, diferentemente do que se pensa, essas cobranças não podem ser classificadas de "choro de exportador" porque essas medidas têm como meta proteger o mercado interno que segurou a demanda das empresas e ajudou o Brasil a sair da crise com mais agilidade do que outras nações.
Desindustrialização
Apesar de apontar os problemas estruturais que afetam a competitividade nacional, os empresários adotaram um tom de cautela para com o assunto da desindustrialização do Brasil. Para Gerdau, em razão do mercado interno forte não se pode utilizar esse termo. "Como o mercado interno está bem, esta palavra ainda é forte, mas se fizermos uma análise sobre a decisão de novos investimentos, vemos uma redução desses aportes para exportações, e este indicativo é que preocupa", disse ele.
A decisão de investir no exterior é uma oportunidade que empresas brasileiras veem como a forma de continuar a crescer. O presidente do conselho da Weg disse que as condições macroeconômicas fizeram a companhia acelerar os investimentos no exterior e não no Brasil, onde continuaram no mesmo ritmo. "Em um cenário de dificuldades a gente tem de buscar oportunidades que existem, e por isso aceleramos investimentos no exterior: acabamos de concluir a nova fábrica na Índia", comentou.
Outro fator destacado por Gradin que reduz a competitividade nacional é a falta de infraestrutura de insumos. De acordo com ele, no setor petroquímico há falta de gás e energia competitiva. "A indisponibilidade de matéria-prima nos leva a importar gás da África e da Europa", afirmou.
BNDES
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que ainda este ano o governo deverá lançar a segunda versão da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Dentre as medidas, será aperfeiçoado o tratamento tributário à exportação para aprimorar a incidência de impostos sobre as exportações e os mecanismos de ressarcimento de créditos tributários. Também serão combatidos os canais de importação estaduais.
Coutinho, porém, disse que o setor produtivo deverá ter de suportar a situação por mais dois anos até que as medidas de longo prazo deem os resultados esperados. "Até lá, as empresas terão de utilizar os instrumentos disponíveis e a taxa cambial para serem mais competitivas", disse ele, ao responder a Gerdau, que pediu isonomia de condições para concorrer no mercado externo.
CIMM

Pessoas com deficiência ampliam espaços no mercado

As pessoas com deficiência, cujo Dia Internacional é celebrado em 3 de dezembro, ainda têm muito espaço a conquistar na sociedade. Mas há outra abordagem possível: aumentam a cada dia as iniciativas de criar oportunidades de inclusão. A análise é de Marcilene Chaves, coordenadora pedagógica da área de reabilitação da Associação Catarinense de Integração do Cego (ACIC), em Florianópolis. "Houve avanços bastante significativos, em todos os aspectos da sociedade", afirma. Em 2010, o SESI e o SENAI registram cerca de 1,4 mil matrículas em programas de inclusão.
Marcilene observa que a inclusão na educação é a mais importante, pois se torna a base para os demais aspectos sociais. "A educação é o primeiro espaço, para que depois a inclusão ocorra na totalidade". A partir da educação, observa Marcilene, as próprias pessoas com deficiência adquirem um posicionamento diferenciado. "A pessoa com deficiência não deve se colocar como vítima; não é a deficiência em si que deve ser encarada no momento da inclusão, mas a pessoa que estará incluída nos mais diversos espaços, a começar na família".
O SENAI vem estimulando estudantes e professores a adotar atitudes e aplicar conhecimentos em favor da sociedade, iniciativas que incluem a adaptação de carros para deficientes. Também foi promovida a formação profissional de pessoas com deficiência e acompanhamento especial a 85 estudantes de cursos regulares e 285 em cursos de qualificação profissional. Muitos dos profissionais já estão inseridos no mercado de trabalho. O Laboratório de Acessibilidade, do SENAI em Joinville, foi finalista do Prêmio Nacional de Direitos Humanos em educação, pela sua atuação na oferta de material didático para pessoas com deficiência.
Já SESI realizou mais de mil matrículas no Programa de Inclusão da Pessoa com Deficiência na Indústria. A iniciativa propõe a elevação da escolaridade para contribuir na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Durante o ano, o SESI também concluiu o censo demográfico que traça o perfil socioprofissional das pessoas com deficiência. A pesquisa, que contemplou todas as regiões do estado, cobriu 36,14% da população catarinense.
O SESI oferece oito escolas de educação inclusiva adaptadas para pessoas com deficiência. As unidades foram implantadas em Blumenau, Joinville, Videira, Caçador, São José, Brusque, Jaraguá do Sul e Marau, no Rio Grande do Sul.
As duas entidades também possuem programas de capacitação de colaboradores para a educação inclusiva, com treinamentos em libra e braile.
Fiesc

Exportações catarinenses devem fechar ano com alta de 18%

As exportações brasileiras devem fechar o ano com crescimento de 25% em relação a 2009, segundo afirmou o gerente de inteligência comercial da Apex-Brasil, Marcos Lélis, durante seminário promovido pela Federação das Indústrias (Fiesc), nesta terça-feira, 7. O resultado positivo é puxado pelo crescimento dos embarques de minério de ferro à Ásia.
Já as exportações catarinenses devem ficar com alta de 18% neste ano. Apesar de crescer menos que a média brasileira, o gerente de inteligência comercial da Apex-Brasil, Marcos Lélis, destaca que Santa Catarina exporta basicamente manufaturados, enquanto o país segue beneficiado pela alta das commodities.
Lélis afirmou que de 1996 a 2008 houve mudança no destino dos embarques catarinenses. Em 1996, os 15 principais destinos das exportações representavam 76% da pauta. Hoje, representam 64%. Para Lélis, essa mudança é positiva, pois significa que o estado está diversificando mercados.
Vantagem competitiva
As empresas de micro e pequeno portes têm mais vantagens competitivas em relação às de grande porte na hora da exportação.
Mesmo com o dólar baixo, essas companhias são mais dinâmicas e conseguem fazer a diferença no mercado internacional por meio da agilidade na hora de adaptar produtos e processos, afirmou Marcos Lélis.
Segundo ele, a empresa que não é competitiva internacionalmente não tem como competir no mercado interno, pois as diferenças entre os mercados interno e externo vêm diminuindo. "Exportar faz com que as companhias do Brasil alcancem vantagens competitivas que funcionam como barreiras às empresas estrangeiras que atuam no Brasil", completa.
No encontro também foi lançada a edição 2011 do programa de exportação da Fiesc, o Start Export. Santa Catarina tem 1.450 empresas exportadoras. Desse total, 280 são microempresas, 296 são de pequeno porte, 523 são de médio porte e 351 de grande porte. Dentro desse universo está a Bella Arte, empresa com sede em Blumenau, fabricante de acessórios para cortinas. A companhia, que tem 200 funcionários e atua em todo o Brasil, buscou em 2010 a expansão dos negócios por meio da exportação. Com o programa de internacionalização da Fiesc, o Start Export, a empresa que tinha negócios só no Paraguai, ingressou na Argentina, Chile e Uruguai.
Segundo gerente administrativo de vendas Alexandre Brandes, em sete meses, as exportações que não representavam nada no faturamento da empresa, passaram a 2% do total. "O Start Export trouxe novos clientes, melhoria dos processos e do design", disse. No próximo ano, a empresa já tem um planejamento para aumentar a carteira de clientes externos, e já tem definida a participação em feiras internacionais.
Câmbio
Em relação à desvalorização do dólar frente ao real, o especialista da Apex afirma que é preciso entender o efeito do câmbio na competitividade da empresa. Se o fator de competição do produto é preço baixo, é preciso de câmbio favorável.
Mas, cada vez mais se observa que as empresas que se posicionam no mercado internacional subiram na cadeia de valor dos produtos por meio da diferenciação em marca, design e até mesmo no processo produtivo. Com isso, o impacto das oscilações do dólar é menor.
"O cambio não deve ser fator de competitividade da empresa. Ela não pode ser refém de um fator que não é gerenciável por ela. É preciso criar fatores competitivos que isolam a questão cambial, e aí entra a agregação de valor", defendeu o gerente de inteligência comercial da Apex-Brasil.
O diretor de relações industriais e institucionais da Fiesc, Henry Quaresma, afirmou que a internacionalização das empresas está ligada à gestão interna da organização, porém a exportação depende de fatores que estão no plano governamental como acesso ao crédito, os acordos comerciais e a carga tributária, por exemplo.
Quando o dólar está alto, as exportações crescem e questões estruturais como a alta carga tributária, os altos custos com logística e a má gestão não aparecem. Porém, com o dólar em baixa, as importações aumentam e uma série de problemas que estão sob a gerência do governo, como o acesso ao crédito, começam a aparecer, afetando a competitividade de quem produz no Brasil, explicou Quaresma.
Portal Economia SC

Lenta, desindustrialização já atinge produção e emprego

A produção de TVs de LCD cresceu 153% de janeiro a outubro de 2010 em relação ao ano passado. Os fabricantes de televisores integram os segmentos que puxam as empresas do Polo Industrial de Manaus, que deve bater recorde de faturamento este ano. A Gatsby do Brasil, porém, que há 17 anos fabrica cabos para televisores na capital amazonense, deve terminar o ano com um terço do quadro de funcionários que possuía no ano passado e com faturamento 40% menor do que o de 2009.
Puxada pela expansão da produção agrícola em razão da forte exportação de commodities, a venda de tratores e máquinas agrícolas está em franca expansão. Este ano a venda desses itens no mercado interno cresceu 28% no acumulado até outubro na comparação com igual período de 2008, antes dos efeitos da crise financeira. A Engrecon, que desde 1973 fabrica engrenagens para tratores no município paulista de Santana de Parnaíba, contudo, deve terminar o ano com produção de peças 30% menor e um terço a menos de trabalhadores em relação ao mesmo período pré-crise.
A Gatsby e a Engrecon são dois exemplos de indústrias cuja produção ficou em 2010 em total descompasso com a expansão das vendas do produto cuja cadeia de produção elas integram. O que as tirou da festa de comemoração de vendas crescentes no mercado interno foram as importações. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que a importação de peças para receptores e televisores, por exemplo, triplicou de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. "Na mudança de TVs de tubo pelas de tela plana os fabricantes passaram a importar kits de componentes que já incluem os cabos que fornecemos", diz Josué Indalécio, diretor da Gatsby do Brasil.
"A desindustrialização começa assim, aos poucos, em alguns segmentos específicos. Quando chega a afetar os números mais gerais de capacidade de produção é porque muitas empresas já fecharam as portas e demitiram funcionários", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Para ele, por enquanto são pontuais as situações em que a importação foi além da complementação de produção para atender a demanda interna. São casos em que a importação já toma espaço do fabricante nacional com força suficiente para causar queda na produção e demissão de empregados.
O economista Fernando Montero, da corretora Convenção, diz ser cedo para saber se há desindustrialização. Para isso, acredita, seria necessária uma mudança estrutural que não se sabe se já ocorreu. "O que chama a atenção, porém, é que em períodos anteriores houve queixas das indústrias somente quando o mercado interno deixava de crescer", lembra. "Atualmente as importações estão muito agressivas e as empresas estão se queixando mesmo com as vendas domésticas em elevação." Ao mesmo tempo, lembra, as indústrias concederam, de forma geral, reajustes salariais de 15% em dólar, o que eleva o custo de produção e tira competitividade. "Isso também pode ser reflexo de um mercado de trabalho muito apertado."
De qualquer forma, acredita ele, os dados mais recentes mostram um descompasso entre o desempenho da produção e do comércio varejista. Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, lembra, as vendas do varejo ampliado cresceram 3,4%, enquanto a produção industrial teve queda de 0,5% em variações que já descontam os efeitos sazonais.
Montero observa que parte do crescimento varejista é permitido pelos preços baixos decorrentes da própria valorização do real. Resta saber o que deve acontecer se o mercado doméstico recuar.
A perda de mercado para os importados em um momento de real valorizado, lembra Castro, não significa que as encomendas retornarão aos níveis anteriores caso o dólar volte a ficar mais forte, mesmo se o consumo doméstico continuar aquecido. "Indústrias que estão sendo minadas pelos importados tendem a perder a ligação com seus clientes. Não só perdem ritmo de produção e ficam desatualizadas, mas também deixam de ter capacidade de investimento."
Por enquanto, a Gatsby tenta novas soluções para manter a atividade produtiva. A empresa procura diversificar a clientela com o desenvolvimento de cabos para máquinas automáticas de banco, por exemplo. A Engrecon também resiste às importações e abre 2011 com perspectiva de fabricar a partir do terceiro trimestre engrenagens mais sofisticadas para caminhões e menos sujeitas à concorrência com os produtos estrangeiros. Segundo José Carlos Nadalini, presidente da empresa, a nova linha é alvo de investimento de US$ 15 milhões em máquinas alemãs.
Castro lembra que o câmbio está fazendo grande diferença atualmente para as indústrias, mas não age sozinho. "Essa influência do câmbio não seria tão grande se outras condições estruturais estivessem resolvidas, como carga tributária elevada ou infraestrutura precária." Essas são questões, diz, que fazem diferença para a competitividade das indústrias, seja no mercado interno ou no externo.
Fundada em 1943, a fabricante de calçados femininos Schmidt Irmãos, com sede em Campo Bom, interior gaúcho, é um caso emblemático. Ela vendia para os Estados Unidos e Europa 100% da produção de 21 unidades fabris distribuídas em oito municípios. Desde julho, desativou fábricas em seis cidades e o quadro de 3 mil funcionários foi reduzido para cerca de 500 pessoas. Até o início de 2011 a empresa deixará o Brasil e passará a produzir calçados na zona franca de Zaratoga, na capital da Nicarágua. Além de um acordo comercial que lhe dará vantagem competitiva, em Manágua a empresa ficará livre do impacto da valorização do real.
Valor

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Para CNI, freio no crédito vai reduzir ritmo da indústria

As medidas de restrição ao crédito adotadas pelo Banco Central provocarão um arrefecimento maior da atividade industrial no início de 2011, superior ao inicialmente previsto pelo setor.
O anúncio das mudanças no compulsório, na exigência de capital mínimo para empréstimo a pessoas físicas e o fim de títulos especiais criados durante a crise surpreendeu os industriais, que interpretaram a atuação da autoridade monetária como um sinal de elevação da taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
A avaliação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apresentou ontem os indicadores dessazonalizados referentes a outubro em relação a setembro. Sob essa base de comparação houve redução de 0,7% no faturamento, ligeira alta de 0,1% nas horas trabalhadas na produção e estabilidade no emprego, numa indicação de acomodação frente ao ritmo aquecido do primeiro semestre.
A CNI, que projetava para o primeiro trimestre de 2011 um enfraquecimento natural da atividade industrial em decorrência da acomodação no segundo semestre e da base de comparação elevada que configura o primeiro semestre de 2010, calcula as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) industrial de 2011 com uma taxa mais modesta que a esperada. Para este ano está prevista alta de 12,3%. Mas também esse percentual poderá ser alterado a depender do PIB do terceiro trimestre que será divulgado na quinta-feira.
Após as medidas adotadas pelo BC, os industriais projetam redução da demanda, principalmente de bens duráveis, dificuldade de acesso a financiamento por parte dos segmentos mais dependentes de crédito e encarecimento das taxas de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas. "As medidas causarão um arrefecimento mais intenso no início do ano", afirmou o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco.
Nesse cenário, ele vê riscos de que uma parte ainda maior da demanda interna passe a ser atendida pelas importações. "Essas medidas afetam as empresas domésticas porque são as que mais usam as fontes de financiamento do mercado interno", acrescentou.
Em outubro, os indicadores industriais voltaram a refletir acomodação. A retração de 0,7% no faturamento em outubro interrompeu três meses seguidos de alta. A despeito desse recuo, a CNI informa que os aumentos ao longo do ano já garantem um acréscimo de 9,3% no faturamento em 2010.
As horas trabalhadas, com ligeira alta de 0,1%, registraram ampliação de 6,8% no ano. O emprego, que se manteve estável, é outro indicador com bons resultados. Caso não haja elevação nos dois últimos meses do ano, a alta anual será de 5,1%.
O uso da capacidade instalada (UCI) no indicador dessazonalizado passou de 82% em setembro para 82,2% em outubro. A CNI não vê pressão sobre a utilização do parque fabril. O Banco Central, que monitora a UCI juntamente com outros indicadores econômicos na definição dos juros, não concorda.
Em avaliação expressa na última ata do Copom, o BC analisa que "há evidência de que as taxas da UCI se acomodaram em patamares elevados, e de que a manutenção da reduzida margem de ociosidade é resultado da expansão recente da atividade econômica, ainda não compensada totalmente pela maturação dos investimentos realizados e em curso". (LO)
Valor

O que os empresários do setor metalmecânico querem do novo governo?

Novo governo, vida nova? No caso do Brasil, onde a nova presidente, Dilma Roussef, irá assumir no próximo dia 1° de janeiro, tudo indica que não. Cria do presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi ministra das Minas e Energia e chefe da Casa Civil, Dilma já deixou claro que a sua política será de continuidade - do que a já decidida permanência do empresário Guido Mantega à frente do estratégico Ministério da Fazenda é uma prova eloqüente.
É impossível tirar a razão da nova líder do país. Dilma sucederá um presidente cujo índice de aprovação, na casa dos 80%, é o maior da história do Brasil, graças principalmente à sua bem sucedida política social, que em apenas oito anos conseguiu içar nada menos do que 30% da população para a classe média. Lula também conseguiu a façanha de praticamente blindar o país contra as tormentas da crise financeira internacional de 2008-2009, com a ênfase dada ao crescimento do mercado interno - um anteparo que poucos países do mundo tiveram à disposição.
No entanto, nem tudo foi um jardim de rosas para o país nos oito anos do governo Lula. Um câmbio desequilibrado, somado a uma das taxas de juros mais altas do planeta, prejudicaram sensivelmente os industriais brasileiros e mesmo aqueles importadores que dependem da atividade produtiva para venderem seus produtos no Brasil. A seguir, veja o que diz Luiz Aubert Neto - presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
METAL MECÂNICA - Quais as principais expectativas da entidade com relação ao novo governo Dilma?
LUIZ AUBERT NETO - A presidente Dilma terá grandes desafios pela frente: Custo Brasil, que torna as máquinas brasileiras 43% mais caras; taxas de juros, as mais altas do mundo; carga tributária, que representa 35% dos custos; taxa de câmbio, que faz com que a indústria fique menos competitiva nas exportações e, de outro lado, abre o mercado brasileiro para os produtos importados.
Contudo, apesar dos enormes desafios, entendemos que a presidente eleita terá totais condições de promover as reformas estruturais de que tanto o Brasil necessita. Com maioria absoluta no Senado e na Câmara Federal, tendo recebido mais de 55 milhões de votos, é possível, com determinação política, promover tais reformas.
Temos convicção de que é totalmente viável, por exemplo, nos primeiros seis meses de governo, a presidente eleita promover a desoneração total dos investimentos e perenizar as atuais condições da linha PSI-Finame.
METAL MECÂNICA – Crê que haverá alguma mudança de rumo na comparação com governo Lula?
AUBERT - Não acreditamos em mudanças no que diz respeito às políticas sociais, mas esperamos mudanças, urgentes na política econômica. Esperamos a implementação de uma política industrial efetiva, que privilegie o investimento produtivo em vez do não produtivo, da mesma forma que fizeram os países hoje desenvolvidos. Não podemos continuar reféns de um câmbio que, de forma acelerada, vem sendo o grande vilão do processo de desindustrialização e desnacionalização que já ocorre no Brasil. Não podemos continuar a aceitar o fato de termos uma das mais altas taxas de juros do mundo, que privilegia o capital especulativo e penaliza o investimento.
METAL MECÂNICA - Que deveria ser modificado - a favor do segmento representado pela entidade - do governo Lula para o governo Dilma?
AUBERT - É preciso reconhecer que o atual governo obteve resultados expressivos no que diz respeito às políticas sociais, tendo tirado mais de 20 milhões de brasileiros do estado de miséria e elevado mais de 30 milhões à classe média. Essas políticas foram responsáveis pelo aumento do consumo das famílias, pela geração de postos de trabalho e fundamentais durante a crise econômica que se abateu sobre o mundo, pois foi o consumo interno das famílias que minimizou os efeitos da crise aqui no Brasil.
De outro lado, sabemos que é necessário mais, o Brasil precisa crescer de forma sustentada, estruturar políticas claras que possam contribuir para fazer do nosso país uma nação verdadeiramente desenvolvida, em todos os aspectos: cultural, social, educacional e econômico. É preciso simplificar e desburocratizar, criar condições para que o setor produtivo possa, de fato, se desenvolver, ter musculatura para ser competitivo nos mercados interno e externo.
A presidente eleita precisará ter como prioridade as reformas estruturais que o presidente Lula não conseguiu implementar, dentre elas as Reformas Tributária, Política, Previdenciária e, principalmente, a atual Política Econômica, que impõe ao setor produtivo uma assustadora perda de competitividade frente aos concorrentes internacionais, e não estamos falando somente em comparação à China. A verdade é que o Brasil não é competitivo comparado a qualquer país do mundo que produza bens de valor agregado.
METAL MECÂNICA - E o que não deveria ser mudado de forma alguma?
AUBERT - As políticas de financiamentos adotadas pelo BNDES. Parafraseando o presidente Lula, “nunca antes na história deste país” nós tivemos taxas de juros tão competitivas como oferecidas atualmente pelo BNDES. A verdade é que sem o BNDES a indústria brasileira de máquinas e equipamentos estaria numa situação ainda mais complicada frente aos concorrentes internacionais. A linha PSI - Finame, com juros de 5,5% ao ano, dois anos de carência e até dez anos para pagar, apenas minimiza o efeito danoso que o atual câmbio provoca à indústria de transformação.
METAL MECÂNICA - A entidade apresentará alguma demanda específica ao governo, neste início de gestão Dilma?
AUBERT - Sim, vamos pleitear a perenização da linha PSI-Finame e a desoneração total dos investimentos. Não podemos nos esquecer de que o Brasil é o único país do mundo que tributa os investimentos, tanto na esfera federal como na estadual. Não me canso de dizer que ninguém compra uma máquina por status, quando se compra uma máquina a intenção é gerar emprego e renda. Portanto, este investimento não pode ser tributado. (Alberto Mawakdiye)
Na próxima semana veja o que diz Ennio Crispino, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei).
Fonte: Ipesi Digital

Fabricantes de relógios de ponto estão prontos para atender a portaria 1510

O prazo para se adaptar foi esticado. Mas as empresas precisam ficar alerta para estarem preparadas para atender as exigências da portaria 1510, que disciplina a jornada de trabalho por meio de ponto eletrônico até 1° de março de 2011. Por outro lado, os fabricantes estão se esmerando para oferecer produtos tecnologicamente avançados que atendem às exigências.
Uma dessas empresas é a Dimep que desenvolveu para esta ocasião o Printpoint II, que é resultado de cinco meses de intenso desenvolvimento para atender a necessidade das empresas. “Essas medidas da portaria são as mais acertadas e vêm ao encontro a uma realidade onde a necessidade de se ter maior controle esta diretamente ligada a quantidade de ações que correm no judiciário para suprir esta deficiência onde se possibilite alteração de dados recolhidos do ponto dos funcionários. Às empresas sérias e corretas nada implicará com certeza”, explica Renato Soliman, gerente de engenharia de sistemas de pontos da Dimep.
Segundo ele, o Printpoint possui um sistema patenteado de impressão em papel térmico, que possibilita a impressão de mais de 5 mil tickets com uma única bobina. Isso significa que com 120 funcionários por relógio, a bobina dura 15 dias. Além disso, um sistema de detecção de pouco papel informa o usuário da necessidade da troca, antes de acabar o papel no produto.
“Estamos preparados para a nova portaria. Não só com equipamentos a fornecer como também com infraestrutura que preparou em chão de fábrica, pessoal e de corpo de assistência técnica”, explica o executivo.
Apesar do prazo final para se ajustar à portaria ter sido prorrogado até 1° de março, há empresas que já estão mexendo para estarem em dia com a nova lei. “Registramos um aumento muito significativo na procura, principalmente de empresas muito organizadas que primam por não deixar tudo para a última hora”,observa o gerente da Dimep.
O Printpoint II ainda conta com sistema de guilhotina que garante o corte correto dos tickets, evitando o enrosco de papel e conferindo maior comodidade ao usuário. Com plataforma 32 bits de última geração, o novo relógio possui interface ethernet de 100Mbps, opcional de mensagens de voz, conexão para pendrive, e uma memória permanente de dados capaz de armazenar mais de 2 milhões de marcações. Sua versão biométrica utiliza-se de leitores óticos de alta qualidade, com identificação em menos de um segundo e capacidade de 1.000, 6.000 ou 10.000 digitais.
Outra empresa que correu para poder atender seus clientes dentro do prazo, foi a Inforcomp. “Tivemos que nos superar em várias frentes na empresa, ampliando a estrutura, quadro de funcionários e qualificando a mão de obra. Nos tornarmos mais competitivos. Readaptamos nossa estrutura física e contratamos muitos técnicos, além de firmarmos parcerias”, conta José Roberto Stagliório, fundador da empresa.
Segundo ele, o advento da portaria 1510 incentivou novos negócios na empresa. “Resolvemos investir no relógio de ponto, ampliando nossa atuação neste mercado, em setembro de 2009 demos ‘start’ na criação de um novo produto, atendendo a todos os requisitos da portaria. Em junho de 2010, tivemos nossos dois relógios de pontos homologados pelo Ministério do Trabalho”,explica Stagliório.
Para atender a demanda, a empresa produziu uma linha de relógios eletrônicos de ponto com vários diferenciais de mercado, como leitura por biometria de alta qualidade e por código de barra, conexão para pen drive, memória permanente de dados capaz de armazenar mais de 59 milhões de marcações, papel térmico personalizado para impressão dos tickets, e um ágil sistema de troca de bobina que leva em média cinco segundos.
“Nossos principais diferenciais são a troca de papel em poucos segundos e o maior tamanho de memória de marcações (59 milhões). O desenvolvimento do projeto foi totalmente interno, baseado na ‘expertise’ da Inforcomp e dos 35 anos do José Roberto”,descreve Stagliório.
Para oferecer um serviço ainda mais diferenciado, a Inforcomp está ampliando sua área de atuação e credenciando revendas para comercialização diferenciada com suporte técnico para hardware e software, e criou um calendário mensal de treinamento especializado, uma vez que as revendas passam a ser co-responsáveis junto ao cliente, que conta com a supervisão Inforcomp nas áreas comercial e técnica. “Ampliamos nossa equipe técnica e, fisicamente, em cerca de 100 metros quadrados, pois optamos pela terceirização de diversas etapas da linha de produção, ficando internamente focados na montagem e teste finais, permitindo-nos concentrarmos em projetos de novos modelos que estaremos lançando em breve. “Temos 60 revendas hoje atuando e outras 70 em treinamento. São empresas de tecnologia experientes na área de ponto, atuando diretamente com o usuário final, e, além da comercialização, respondem pela instalação e assistência técnica”, revela o empresário.
Segundo ele, os pedidos de relógios de pontos estão crescendo diariamente. “Estamos recebendo pedidos de cerca de 500 peças por mês e esperamos, a partir de janeiro, chegar a 1.000 unidades por mês”, diz o empresário.
Mudanças - O objetivo das mudanças do novo relógio de ponto é evitar fraudes no registro de jornada de trabalho. A principal alteração definida pela Portaria 1.510 está na comprovação do horário: as máquinas terão agora que emitir um comprovante de papel a cada marcação de ponto. O comprovante é similar a uma via emitida em uma compra com cartão de crédito e recomenda-se aos funcionários que não estão recebendo conforme as horas trabalhadas, guardar os comprovantes fornecidos durante toda a relação contratual, pois os mesmos serão as únicas provas dos horários que de fato trabalharam. Contando a entrada e saída para o almoço, a volta do almoço e a saída, somando quatro tickets por dia. (Rosa Symanski)
Ipesi Digital

Produção industrial sobe em apenas 4 locais em outubro, nota IBGE

SÃO PAULO - Bahia é uma das quatro localidades que registraram expansão na produção industrial de setembro para outubro. No Estado, a atividade fabril expandiu-se 5,4% no período. Também fazem parte do grupo Espírito Santo (3,8%), Rio de Janeiro (0,7%) e Minas Gerais (0,1%). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Santa Catarina, a produção industrial registrou estabilidade no mês em outubro. Abaixo da taxa nacional, de 0,4% de ampliação, apareceram as indústrias na região Nordeste (-0,1%), São Paulo (-0,5%), Pernambuco (-0,6%), Pará (-0,7%), Rio Grande do Sul (-0,8%), Amazonas (-3,3%), Goiás (-4,5%), Ceará (-5,9%) e Paraná (-7,6%).
Considerando o comparativo com outubro de 2009, o destaque coube à atividade industrial de Goiás, com elevação de 20%, impulsionada pelos avanços na fabricação de alimentos e bebidas. Na sequência, ficou o Espírito Santo, com ampliação de 11,3%.
De janeiro a outubro, todos os locais verificaram crescimento. Com avanços superiores à média nacional, de 11,8%, situaram-se Espírito Santo (26,7%), Amazonas e Goiás (18,1% cada), Minas Gerais (16,9%), Paraná (15,8%), Ceará (12,9%) e Pernambuco (12,5%).
Também registraram taxas de dois dígitos no acumulado do ano São Paulo (11,6%), região Nordeste (11%) e Bahia (10,2%). "Nesses locais observa-se o maior dinamismo da produção da indústria automobilística (automóveis, caminhões e autopeças), de setores produtores de eletroeletrônicos (eletrodomésticos linha branca e linha marrom) e de máquinas e equipamentos, além das atividades associadas às commodities exportadas (minérios de ferro e produtos siderúrgicos)", destacou o IBGE.
Valor

CNI prevê aumento do ingresso de importados em 2011

Da Agência Estado
O gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, avalia que o ingresso volumoso de produtos industrializados importados deve crescer em 2011, em função da grande oferta de manufaturados no mundo e da expectativa de que a taxa de câmbio permaneça valorizada. "Muito provavelmente, a tendência é de que deve avançar o ingresso de importados", disse Castelo Branco, em entrevista à imprensa em São Paulo, na qual foi apresentada a pesquisa "Investimentos na Indústria", realizada no País pela entidade com 454 empresas de todos os setores fabris.
A avaliação de Castelo Branco é reforçada pelo resultado da pesquisa. Dos empresários que informaram que vão comprar máquinas em 2011, 67,6% afirmaram que vão adquirir ao menos um equipamento no exterior. Desse universo de companhias, 40,6% acreditam que vão elevar suas compras internacionais em relação a 2010. Segundo o economista, o levantamento não detalha qual vai ser a proporção de máquinas que os empresários pretendem comprar no Brasil e no exterior.
Para Castelo Branco, "é preocupante" o ingresso vigoroso de produtos acabados e de máquinas e equipamentos no País, pois isso prejudicaria as empresas nacionais e colaboraria no processo, mesmo que incipiente, de desindustrialização nacional. "O câmbio, embora seja um fator muito importante, não é o único elemento que está trazendo efeitos negativos à competitividade da indústria", destacou. "Entre outros elementos, há questões tributárias e gargalos de logística." Ele afirmou que a queda de 0,2% da produção brasileira de máquinas e equipamentos em outubro na comparação com setembro, como apontou o resultado da produção industrial divulgado hoje pelo IBGE, ressalta que um número expressivo destes equipamentos está sendo adquirido no exterior. "Infelizmente, parte do consumo interno de mercadorias já prontas para o consumo e de máquinas está sendo drenada para o exterior, através dos importados", disse.
Segundo o economista, os exportadores brasileiros enfrentam dificuldades em função da longa demora da devolução de créditos tributários aos exportadores por parte dos poderes executivos. Na esfera federal, ele ressalta a cobrança de PIS e Cofins, e no caso dos Estados, a cobrança do ICMS. "O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel estimou que o montante de créditos tributários relativo a estes três (impostos) chega a R$ 32 bilhões", comentou. "É um volume de recursos expressivos. Esse é um direito do empresário, que, por não recebê-lo, provoca impactos no seu orçamento e na gestão de seus negócios", acrescentou.
Castelo Branco ressaltou que o exportador quando enfrenta dificuldades para manter a competitividade, sobretudo em seus custos, perde os incentivos para produzir não só para outros países, mas também para o Brasil. Em função da boa qualidade do seu produto, esta categoria de empresas não atende exclusivamente clientes no exterior, mas também vende suas mercadorias no território nacional. Nesse contexto, se fatores como câmbio e tributos tiram os incentivos para este grupo de empresários, cai também a oferta de mercadorias disponíveis no mercado interno, o que diminui as chances do País de atender o avanço da demanda agregada doméstica com mercadorias nacionais. Com isso, sobem as importações e aumenta o déficit de contas externas do País.

Para o economista, contudo, há uma "expectativa muito forte" dos industriais de que a administração da presidente eleita, Dilma Rousseff, fará uma gestão de política econômica que será "positiva" para a continuidade do desenvolvimento do País. Segundo ele, há uma avaliação de que o novo governo vá dedicar atenção especial à gestão das contas públicas, a fim de diminuir as pressões de demanda e dar mais espaço para que o Banco Central inicie uma trajetória gradual de redução dos juros. E o movimento de queda da Selic, ressaltou, será importante tanto para aumentos dos investimentos como para diminuir a valorização do real ante o dólar.

A pesquisa "Investimentos na Indústria" retrata uma avaliação otimista dos empresários quanto à evolução da economia brasileira em 2010 e traça expectativas bem favoráveis para a ampliação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em 2011. Dos entrevistados, 89,6% afirmaram ter investido neste ano, sendo que deste total 61,4% disseram ter aplicado o que planejaram. Para o ano que vem, 92% das companhias destacaram que vão ampliar a FBCF, sendo que 77,8% daquele universo de companhias destacaram que vão investir principalmente ou exclusivamente para atender ao mercado interno. "As expectativas com o País são favoráveis, mas há desafios sérios que precisam ser enfrentados pelo governo, incluindo o nível de escolaridade dos cidadãos, para o avanço da competitividade da indústria nos próximos anos", destacou o gerente-executivo da unidade de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca.

Governo vai ampliar incentivos à indústria

O governo põe nos próximos dias um ponto final na proposta de nova política industrial para o governo de Dilma Rousseff. A informação foi confirmada ontem pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Entre as novidades estão incentivos tributários às exportações.
"O programa está bastante detalhado, pendente de entendimentos finais, porque uma parte tem a ver com tratamento tributário às exportações, que precisa ser aperfeiçoado", comentou Coutinho, em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo ele, a segunda versão da Política de Desenvolvimento Produtivo, que chamou de PDP-2, tratará também do combate a "certos canais de importação quanto ao aperfeiçoamento de mecanismos de ressarcimento tributário".
Coutinho não deu detalhes sobre os itens da política industrial do governo Dilma, mas a intenção é aumentar de quatro para oito as principais metas. A definição virá em reunião prevista para a próxima semana, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com representantes dos órgãos envolvidos.
As quatro metas do programa de 2008 - que não devem ser cumpridas este ano, prazo estipulado inicialmente - referiam-se à taxa de investimento, exportações, inovação e elevação da quantidade de empresas exportadoras. Entre os temas cogitados para compor as novas metas estão sustentabilidade ambiental e qualificação profissional. Criada há dois anos e meio, a PDP tinha como meta principal a elevação da taxa de investimento fixo para 21% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano. Pelas projeções atuais, essa relação só será alcançada em dois ou três anos. Em 2010, deve ficar perto de 19%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Revista Amanhã

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Indústria expõe retomada a duas velocidades na Ásia e UE

A indústria mundial disparou em novembro, deixando para trás a calmaria na atividade que marcou o meio do ano. A aceleração foi puxada por países do norte da Europa, pela China e pela Índia.
Os setores de manufatura britânico, alemão e francês ignoraram o ressurgimento da crise na zona do euro, segundo pesquisas com gerentes de compras nesses países divulgadas ontem. Economistas disseram que o crescimento no norte da Europa foi particularmente animador, indicando que a demanda interna, assim como as exportações, estão dando suporte à recuperação.
Mas o cenário não é homogêneo nesta saída da recessão, pois economias asiáticas menores e países em crise na periferia europeia sofreram com um crescimento mais fraco do que vizinhos de maior porte.
O cenário na Europa está cindido entre países como Espanha, Grécia e Irlanda, que estão pondo em prática drásticos programas de austeridade, e outros, como França e Alemanha, cuja recuperação é acelerada.
Os EUA estão emergindo de um verão em que o desempenho da economia foi apenas morno, mas a atividade industrial permanece contida, conforme mensurado pelo atentamente monitorado índice do Instituto de Gestão de Suprimentos (IGS). Até agora, a crise na zona do euro mostra poucos sinais de contaminação das maiores economias europeias. "No momento, o ímpeto está se sustentando", diz Lavinia Santovetti, economista da Nomura.
Chris Williamson, economista da Markit, que elabora o PMI (índice de gerentes de compra) da zona do euro, disse: "Os dados ressaltam como a demanda interna explica as divergências no crescimento dos países da zona do euro."
"Medidas de austeridade e crescente incerteza política causaram um esfriamento do volume de pedidos do mercado interno à indústria, contrabalançando os avanços nas exportações e contendo a recuperação em todos os casos, exceto na França e na Alemanha".
Dados de pesquisa junto a gerentes de compras sugerem que a Ásia também também está dividida em dois campos econômicos, pois o crescimento está avançando na China e na Índia, mas se mostra declinante ou relativamente estagnado no Japão e em grande parte da Ásia emergente. Dados oficiais sobre o Índice de Gerentes de Compra na China revelam um sétimo mês seguido de expansão do setor fabril, ao passo que o índice Markit (não oficial), computado pelo HSBC, melhorou ao ritmo mais forte em oito meses.
Na Europa, o Indice dos Gerentes de Compra do setor industrial do Reino Unido chegou a 58, um recorde em 16 anos, ao passo que valores revisados para a Alemanha e a França apresentaram crescimento igualmente forte.
Mas a produção espanhola caiu pela primeira vez em nove meses, a manufatura grega continuou em contração e as indústrias italiana e irlandesa sofreram um crescimento fraco.
Valor

31ª Festa do Fundidos - Joinville

No próximo dia 03 de dezembro, acontece na dependências da Sociesc, Campus Boa Vista, em Joinville, SC, Brasil, a 31a. Festa do Fundidor também conhecida como Festa de Santa Bárbara, a padroeira dos trabalhadores em Fundição.
Como em todos os anos, um profissional que se destaca no ramo é homenageado. Desta feita o Fundidor do Ano é o Metalúrgico Cláudio Finta, da FUNDIFER de Corupá, SC.
O evento inicia as 19 horas.
Outras informações na SOCIESC - Escola Técnica Tupy. Fone 47-3461-0289 com Rosane. E-mail: rosanes@sociesc.org.br
Fonte: Sociesc

Produção industrial sobe 0,4% em outubro, indica IBGE

A produção industrial no país apresentou alta de 0,4% em outubro, na comparação com setembro, depois de manter-se praticamente estável nos dois meses anteriores, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sem influências sazonais. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a produção registrou aumento de 2,1%.
No acumulado no ano, a alta é de 11,8%, a mesma registrada nos últimos 12 meses (taxa anualizada), segundo o IBGE.
G1

Previsão é que exportações fechem o ano em níveis pré-crise

Meta de exportações não foi revista para cima, mas volume deve ser superior.
As receitas de exportações devem fechar o ano em níveis semelhantes aos registrados antes da eclosão da crise econômica mundial, mas insuficientes para fazer frente ao aumento das importações. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas externas devem alcançar US$ 198 bilhões em 2010, repetindo o resultado recorde de 2008.
A elevação das expectativas, no entanto, não significa que a meta de exportações tenha sido revista para cima. "Nossa meta continua em US$ 195 bilhões, mas acreditamos que as vendas externas possam encerrar 2010 em US$ 198 bilhões", disse o diretor do Departamento de Planejamento da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, Roberto Dantas.
De acordo com o diretor, o Brasil está conseguindo manter o mercado externo, apesar da crise econômica nos países desenvolvidos e do dólar barato. A deterioração do saldo da balança comercial, segundo ele, deve-se ao comportamento das importações, que registraram média diária de US$ 868,8 milhões em novembro, valor recorde para todos os meses.
"O mercado [interno] está aquecido e as importações de fim de ano cresceram em novembro mais intensamente do que o esperado", ressaltou Dantas.
Em relação a novembro do ano passado, as importações aumentaram 44,3%. As exportações também cresceram, mas em ritmo menor. A média diária foi de US$ 884,4 milhões, o maior valor para o mês e 39,8% superior ao registrado no mesmo mês de 2009. De janeiro a novembro, o país exportou US$ 14,933 bilhões a mais do que importou, contra US$ 23,106 bilhões no mesmo período do ano passado.
Em novembro, o superávit foi de US$ 312 milhões, 49% inferior ao saldo positivo de US$ 611 milhões de novembro de 2009. O resultado é o segundo pior do ano, só perdendo para janeiro, quando houve déficit de US$ 8,9 milhões. "Novembro, tradicionalmente, tem saldo menor do que outros meses, mas este ano a retração foi um pouco maior", disse Dantas.
De janeiro a novembro, as vendas externas aumentaram para todos os blocos econômicos, com destaque para China (41,6%) e Argentina (52,4%). Segundo o diretor do MDIC, o crescimento ficou abaixo da média apenas nas exportações para os Estados Unidos, ainda afetados pela crise econômica, e para a África.
As exportações para a União Europeia caíram de US$ 202 milhões em outubro para US$ 186 milhões em novembro, mas ainda estão superiores a novembro do ano passado, quando atingiram US$ 144 milhões. Para Dantas, a queda foi sazonal e a tendência é de aumento das vendas para o bloco econômico europeu. "O agravamento da crise na Europa ainda não afetou nossas exportações", afirmou ele.
Portal Economia SC

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Indústria cobra plano de ação nacional pela competitividade

Redução do chamado Custo Brasil, com menos impostos e juros além de mais investimentos em infraestrutura e educação são questões conhecidas que precisam ser resolvidas para que a indústria do Brasil ganhe competitividade e possa ajudar o país a se desenvolver. Agora, é necessário fazer um plano de ação, com metas e prazos para os próximos quatro anos, para colocar as medidas em prática. Essa foi a tônica dos debates no primeiro dia do 5º Encontro Nacional da Indústria, promovido pela CNI, nesta quarta-feira (1º de dezembro), em São Paulo, que conta com a participação de uma comitiva de 73 empresários e líderes sindicais catarinenses. No curto prazo, o câmbio é uma das principais preocupações do setor.
"A indústria não quer benefícios, nem privilégios. Está muito claro que precisamos de condições isonômicas para competir com a produção de outros países, tanto no mercado brasileiro, quando no exterior", disse o presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, que chefia o grupo catarinense.
"A questão é definir o Brasil que queremos", disse o presidente do conselho de administração da Gerdau, Jorge Gerdau, no debate de abertura do encontro. "Com minério de ferro e petróleo dá para gerenciar a balança comercial. Queremos isso ou queremos estruturar uma indústria forte, que gera empregos de qualidade. Essa é a decisão filosófica que precisamos tomar. Depois o governo conhece as medidas a tomar", afirmou. Gerdau defendeu que o câmbio deve ser flutuante, "mas que o Brasil deve definir quanto capital quer que entre no país".
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, também destacou os impactos da atual taxa de câmbio, chamando atenção para a necessidade de adotar medidas de curto prazo, para que "haja tempo de adotar as de médio e longo prazo" voltadas à competitividade. Como exemplo, ele disse que o Brasil pode questionar aspectos como as questões ambientais e trabalhistas da China.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a indústria brasileira se beneficia do crescimento do mercado interno e dos investimentos em curso no país. "Mas a pressão do câmbio, em decorrência da entrada de capitais, é crucial e as importações estão crescendo. Precisamos de um esforço pela competitividade", afirmou, depois de informar que os investimentos previstos para os próximos quatro anos vão ser de R$ 1,6 trilhão contra R$ 1 trilhão no quadriênio anterior, considerando infraestrutura, energia, petróleo, gás, programa Minha Casa, Minha Vida e o agronegócio.
Conforme Coutinho, as taxas de juros e de câmbio do Brasil destoam dos fundamentos macroeconômicos e o país pode construir um cenário em que os juros e o câmbio permitam condições competitivas à produção no país. Ele também garantiu que a presidente Dilma Rousseff vai priorizar os investimentos em infraestrutura, outro gargalo da competitividade brasileira.
Fonte: Fiesc

Indústria e importador acirram batalha no setor de máquinas

A batalha entre os fabricantes brasileiros de máquinas e os importadores de bens de capital está acirrada. As importações desses produtos continuam a crescer e devem somar US$ 2,2 bilhões até o final do ano, de acordo com estimativa da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas-Ferramenta e Equipamentos Industriais (Abimei). O valor significa uma elevação de 42% em comparação ao total de 2009.
Essa elevação revolta a indústria brasileira de bens de capital mas, segundo a Abimei, é consequência da situação da indústria nacional. "Os fabricantes do Brasil nem sempre têm condições de atender o mercado", afirma Ennio Crispino, presidente da Abimei. "Os equipamentos importados são uma opção com prazo menos dilatado."
A indústria brasileira, no entanto, contesta essa afirmação. Segundo Mário Bernardini, consultor econômico da presidência da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a ideia de que a indústria brasileira não teria condições de atender aos prazos dos clientes é equivocada.
"Nós estamos 15% abaixo dos níveis de produção de 2008, é improcedente dizer que não se podem atender prazos", garante Bernardini. "Se o Brasil mantiver o crescimento de 5%, deve permitir um nível de investimento bruto de 7% a 8% [do Produto interno Bruto, PIB], e será atendido por produtos nacionais ou importados, de acordo com a competitividade".
No entanto, segundo o presidente da Abimei, as importações de maquinário e ferramentas este ano foram feitas também por indústrias que não costumavam comprar bens de capital no exterior. Essa situação, para ele, mostra que a opção de compra de fabricantes internacionais é também uma questão de custo e benefício.
Bernardini, da Abimaq, afirma que o Brasil chega a um nível de importação que pode causar danos irreversíveis à indústria do país. "Com as taxas de juros mantidas e gerando, por consequência, valorização do câmbio, as importações vão continuar crescendo", afirma Bernardini. "Nós voltamos a importar coco da Malásia, para se ter uma ideia."
O câmbio é visto pela Abimei como um fator pouco relevante. "A questão cambial não é o principal fator, mas favorece a decisão", explica Crispino. "Se o dólar fosse cotado a R$ 2 [acima da cotação atual], muitos outros projetos sairiam da gaveta e demandariam mais bens de capital."
Importadores
O grande responsável pelo aumento das importações neste ano foi o setor automotivo, que consumiu 70% dos equipamentos fabricados fora do Brasil. Impulsionados pelo alvoroço do mercado nacional - que se tornou em 2010 o quarto maior consumidor de automóveis do mundo -, o crescimento do setor, segundo a Abimei, ainda depende do aumento da demanda para ampliar a produção.
Existem diferentes perfis de importadores, como explica o principal executivo da Abimei. De acordo com ele, existem as empresas multinacionais, que importam de si mesmas; há também os distribuidores, que compram de fabricantes sem sede no Brasil e funcionam como canais no mercado nacional.
Os distribuidores, que são em maior número, movimentam 80% do volume de mercadorias que chegam ao país, apesar de serem responsáveis por apenas 30% do faturamento das importações. Segundo Crispino, os produtos importados via distribuidores normalmente são itens de tecnologia mais baixa, às vezes ferramentas manuais. Os principais países produtores são os asiáticos China e Taiwan.
"O preço mais competitivo dos fabricantes asiáticos tem uma diferença conceitual dos produtos do mercado nacional", explica Crispino. "Os asiáticos produzem com uma escala muito maior que os fabricantes locais e conseguem preços mais competitivos."
Por outro lado, fabricantes de maquinário com tecnologia mais sofisticada - média e alta tecnologia -, que respondem por 60% a 70% do faturamento das importações do setor, colocam no circuito nacional apenas 20% de tudo o que é importado de máquinas e equipamentos.
Empresas como as japonesas Mazak, Okuma e Mori Seiki; e as coreanas Doosan e Kia suprem o mercado brasileiro com equipamentos que se destacam como uma opção tecnológica, segundo a Abimei. "Estes equipamentos são também uma opção tecnológica que não pode ser suprida no país", explica Crispino.
Ao lado das asiáticas, também estão as alemãs TMG e Trumpf, além da norte-americana Haas, como principais fornecedoras de máquinas de maior valor.
Fonte: DCI - 01/12/2010

Indústria começará 2011 em marcha lenta

O ano deve começar em marcha lenta para indústria, com perspectiva de queda no ritmo de contratação de trabalhadores para o período de novembro a janeiro, forte redução nas expectativas de negócios até abril e provável impacto negativo sobre o ritmo dos investimentos, revela a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), indicador que sintetiza a expectativa dos industriais, caiu 1,1% em novembro na comparação com outubro, já descontadas as influências sazonais. O resultado se equipara ao registrado em agosto e é o menor desde novembro de 2009. Exceto nos bens de consumo duráveis e não duráveis, houve perda de confiança dos fabricantes de bens de capital, materiais de construção e bens intermediários em novembro na comparação com o mês anterior. De 14 segmentos pesquisados, só em três (alimentos, química e produtos farmacêuticos) a confiança cresceu no último mês. Nos demais houve retração, com destaque para indústria metalúrgica.
"Em termos históricos o nível da confiança dos empresários registrado em novembro não é baixo, não sinaliza uma recessão. Mas há um desaceleração em curso, que começa a impactar até o investimento com reflexos na indústria de bens de capital e materiais de construção", diz o superintendente de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.
A queda do ICI registrada no mês passado foi influenciada especialmente pela retração no índice de expectativas. Em novembro o indicador recuou 1,9% na comparação com outubro, refletindo a retração de 3% do indicador do emprego previsto para três meses, de novembro a janeiro, e a queda na situação dos negócios para seis meses, de novembro a abril.
O indicador que mede a expectativa dos negócios em seis meses recuou 4,9% de outubro apara novembro, descontadas as influências sazonais. O único resultado que vai na contramão da desaceleração é o da produção prevista para o período novembro a janeiro, que aumentou 2,3%.
Campelo aponta alguns fatores que, combinados, podem ter afetado a confiança dos empresários. Um deles é o provável aperto fiscal que deve vir com o novo governo e a elevação da taxa de juros para conter o avanço da inflação, mas que acaba afetando o consumo e o investimento. "Provavelmente esses fatores deixaram os empresários em compasso de espera e houve um esfriamento nos ânimos."
Capacidade. Outro indicador da Sondagem da Indústria de Transformação, usada para elaborar o ICI, que reforça a tendência de moderação no desempenho do setor é o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci). O indicador que estava em 85,2% em outubro caiu para 84,5% em novembro, no resultado que desconta as influências sazonais. Segundo a pesquisa, esse é o menor nível de uso da capacidade da indústria desde março deste ano (84,3%). A pesquisa consultou 1.192 empresas que, juntas, faturaram no ano passado R$ 620,1 bilhões e empregam 1,2 milhões de pessoas.
Na análise de Campelo, a retração do uso da capacidade espelha dos movimentos. O primeiro é da maturação dos investimentos e a entrada e funcionamento de novas fábricas.
O segundo movimento é o grande volume de importações de manufaturados que concorrem com os produtos nacionais a preços mais competitivos por causa do câmbio favorável.
Apesar do real valorizado em relação ao dólar, o nível de demanda externa em novembro subiu pelo sétimo mês consecutivo. No mês passado, 13,3% das empresas exportadoras consideraram a demanda externa forte, 6,8% fraca e 79,9% normal.
Em outubro, 72,7% das empresas achavam que as exportações estavam normais, 14,9% fortes e 12,4% fracas. "A demanda externa vem ganhando força a cada mês", observa o economista.
Fonte: Estadão

Indústria tem recuperação tímida

O resultado de novembro do nível de utilização de capacidade instalada, do grau de confiança e do índice de expectativas da indústria não confirmou a recuperação do setor sugerida por alguns indicadores em outubro. Segundo a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV), a utilização de capacidade caiu de 85,2% em outubro para 84,5% em novembro, feito o ajuste sazonal, o mais baixo desde março de 2010, enquanto o Índice de Confiança recuou 1,1%, para 112,7 pontos, o menor desde novembro de 2009. São números que não corroboram a melhora esboçada em outubro pelo Indicador Nacional de Atividade (INA), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que subiu 0,5% sobre setembro.
A forte concorrência externa num cenário de câmbio valorizado e a expectativa de alta em breve dos juros influenciaram o resultado em novembro, apontam analistas como Aloísio Campelo, coordenador da FGV. "Há hoje mais incerteza na economia, com a possibilidade de elevação dos juros, por causa da inflação em alta, e da possibilidade que o novo governo faça um ajuste fiscal mais forte."
Para ele, a sondagem sugere a acomodação da indústria a um ritmo de expansão menos robusto. A queda considerável da utilização de capacidade em novembro, segundo Campelo, reflete uma produção mais fraca, ainda que também possa se dever à maturação de investimentos que ajudaram a aumentar a capacidade produtiva.
Em relatório, o Banco Fator diz que o recuo da capacidade instalada e do índice de expectativas - de 1,9% sobre outubro - "é sinal de menor crescimento e menor pressão sobre o fator de produção capital e, portanto, sobre a inflação de bens industriais".
A pesquisa da FGV mostrou também que cresceu o percentual das companhias que veem a situação dos negócios atuais como fraca. Essa fatia subiu de 7,2% em outubro para 13% em novembro, a maior desde os 18% de novembro de 2009. Campelo destaca que arrefeceu o ímpeto das empresas de fazer novas contratações nos próximos três meses. Em outubro, 32,7% das empresas planejavam aumentar o número de empregados, percentual que recuou para 28,6% em novembro, o percentual mais baixo desde janeiro de 2010.
Os empresários também se revelaram menos otimistas em relação ao ambiente de negócios nos próximos seis meses. Das 1.192 empresas ouvidas, 51,7% projetam melhora dos negócios para o período, bem abaixo dos 59,7% do mês anterior e o menor desde os 49,7% de setembro de 2009. Campelo aponta a queda expressiva do nível de demanda interna como um dos pontos que ajudam a explicar a piora da percepção dos empresários. O indicador caiu de 120 pontos em outubro para 117 pontos em novembro, o mais baixo em um ano. O principal motivo é que a fatia de empresas que vê a demanda interna como forte recuou de 30,1% para 23,5%.
O economista chama a atenção para o mau desempenho do setor de metalurgia, que vem perdendo espaço para produtos importados no mercado interno. "O índice do nível de demanda interna do segmento despencou, caindo de 148,4 pontos em junho para 93,5% no mês passado", ressalta ele.
Com esses números da sondagem, fica em xeque a recuperação da indústria apontada em outubro pelo INA, da Fiesp. O indicador subiu 0,5% sobre setembro, quando havia recuado 0,4% em relação ao mês anterior. Nos últimos 12 meses, houve expansão de 10,8%. A expectativa dos analistas é que a produção industrial de outubro, a ser divulgada amanhã, registre alta na casa de 0,5% a 0,7%.
Já o Sensor Fiesp, que mede as perspectivas dos empresários para alguns setores, revelou uma situação mais próxima à registrada pela sondagem da FGV. A pesquisa teve em novembro o pior resultado desde junho de 2009. "O Sensor indica as preocupações das empresas com o cenário futuro. Não temos uma resposta para isso, mas creio que o alerta tem a ver com o aumento das importações. A demanda não está sendo atendida apenas pelo mercado interno", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
O economista Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria, diz ser precipitado concluir que a produção industrial irá mal em novembro, porque os números da FGV desenharam um quadro pouco animador. Segundo ele, nem sempre esses indicadores andam juntos. Para Wjuniski, a sondagem é importante como um sinalizador da tendência da indústria, que aponta para expansão moderada.
Fonte: Valor

Situação do dólar incomoda até importadores

No fim do ano passado, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) recebeu uma visita tão inesperada quanto insólita. O então presidente da Associação Brasileira de Importadores de Máquinas e Equipamentos (Abimei), o chinês Thomas Lee, bateu na porta da entidade com uma agenda para tratar com representantes da indústria nacional.
Primeiro, ele propôs a criação de uma força tarefa para ir à Receita Federal tentar coibir o contrabando. Assunto do interesse de ambas as entidades: máquinas ingressavam de forma ilegal no País a um custo que chegava a US$ 5 mil o contêiner, atrapalhando os negócios de importadores oficiais e da indústria.
A surpresa, no entanto, veio quando Lee disse que a questão do dólar era outro assunto que ele gostaria de trabalhar com os fabricantes nacionais. "Mas o dólar já está muito baixo", disparou o vice-presidente de Competitividade da Abimaq, Fernando Bueno, conforme ele mesmo contou ao Estado.
"O dólar está muito baixo para nós também", afirmou o importador. "Meu cliente não está comprando nem a minha máquina nem a sua. Está trazendo o produto pronto, já transformado", argumentou.
A assessoria de imprensa da Abimei confirmou que um nível para o dólar acima de R$ 2 é uma das bandeiras da entidade. Isso porque, com o câmbio nas cotações atuais, mais vale trazer o produtos acabados para o país do que importar maquinário para produzir bens localmente. Na realidade atual, diz a entidade, perdem tanto os fabricantes locais quanto os importadores de máquinas.
Hoje, mais da metade (53%) das máquinas e equipamentos vendidos no mercado doméstico brasileiro é importada. Também cresceu a importação de peças para a fabricação de máquinas e equipamentos no País.
"Se jogar tudo numa cesta, a importação já responde por 65% do consumo brasileiro, incluindo máquinas prontas e insumos", afirma o vice-presidente da Abimaq.
Paulo Francini, diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), diz que a importação cresce numa velocidade que coloca sob risco a continuidade da indústria de bens de capital.
Salto
De janeiro a setembro, o país importou US$ 13,8 bilhões em máquinas e equipamentos. O valor representa um salto de 32% em relação a igual período de 2009. Na conjuntura atual, importar máquinas pode ser um bom negócio até para fabricantes nacionais.
Há algumas semanas, a Abimaq concluiu levantamento em que foram relacionados os 500 tipos de máquinas e equipamentos mais ameaçados pelo avanço das importações. O objetivo da entidade era alertar os fabricantes e discutir com eles quais medidas poderiam ser tomadas para diminuir o problema.
"Mandei mais de 500 e-mails sobre o assunto para as fabricantes cadastradas e recebi menos de 40 respostas", conta o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. "As demais empresas continuam vendendo, mas já não fabricam mais no país."
Fonte: Estadão - 30/11/2010