sexta-feira, 29 de abril de 2011

O risco de desindustrialização

Que a inexplicável carga tributária brasileira nos sequestra a competitividade, não há a menor dúvida. O Brasil é o país de maior carga tributária entre os chamados Brics. Com 35%, que somados ao déficit público nominal elevam o esforço fiscal da sociedade para perto de 40% do PIB, o País está bem distante dos demais, já que na Rússia a carga é de 23%; na China, de 20%; e, na Índia, país que tem sua estrutura tributária mais parecida com a do Brasil, esse percentual é ainda menor, 12%.
Mas há outros pontos fundamentais, quando se discute o potencial desenvolvimento econômico de um país como o Brasil. E, hoje, uma das questões mais relevantes é o custo do dinheiro. Como não tem buscado controlar a inflação pelo caminho mais saudável, que é a redução dos gastos públicos correntes, o governo tem optado pela alternativa mais cara à sociedade, que é o aumento da taxa de juros.
Essa taxa de juros atrativa tem promovido a chegada de enxurradas de dólares ao País, interferindo no câmbio: supervalorizada, a moeda brasileira cara beneficia as importações, levando a indústria a concorrer com produtos bem mais baratos. E tira competitividade dos produtos manufaturados brasileiros no mercado internacional. Em 2010, o déficit na balança comercial brasileira para a indústria de transformação, chegou à casa dos US$ 60 bilhões. Entre janeiro e março de 2011, o déficit entre exportações e importações da indústria de alta e média-alta tecnologia, onde estão concentrados os setores intensivos em capital e inovação, foi de US$ 17,7 bilhões, o pior resultado em 22 anos.
E não é apenas o dólar em baixa o grande problema do exportador verde-amarelo. Atrapalham também as poucas perspectivas de soluções aos graves problemas infraestruturais que assombram a indústria nacional há décadas. De acordo com um relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial – publicado na revista “Exame” – os portos brasileiros ocupam a 123ª posição em um ranking que avaliou 139 países. Isso sem falar nos aeroportos e nas estradas, dois outros pontos cruciais.
Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp, alerta ao impacto social do enorme déficit da balança comercial no setor de transformação que, em dois anos, pode chegar aos US$ 100 bilhões. “US$ 1 bilhão de exportação de produtos manufaturados corresponde a 50 mil empregos diretos na indústria. O aumento nas importações vai provocar redução no número de empregos.”
O ministro Guido Mantega, no governo anterior, reconhecia a necessidade de ajustes para corrigir o problema: modernizar a estrutura financeira para aumentar a capacidade de financiamento, reduzir os spreads e as taxas de juros, reformar e simplificar o sistema tributário, reduzir o custo Brasil e continuar dinamizando o comércio exterior.
Um dos mais renomados advogados tributaristas do País, Ives Gandra da Silva Martins, também adverte que o País está se especializando na venda de commodities. Para ele, são três as principais “amarras” da exportação: a tributária, a dos juros e a burocrática. Ao chamar a máquina administrativa do País de “uma das mais esclerosadas do mundo”, lembra que o empresário brasileiro gasta cerca de 2,6 mil horas/ano só para atender aos trâmites da burocracia tributária – contra cerca de cem horas na Alemanha, por exemplo. Atento ao grave problema da balança comercial, alerta: “É preciso mobilização e coragem para reverter este quadro”.
CARLOS RODOLFO SCHNEIDER, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE JOINVILLE
A Notícia

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lupi rebate Ipea e diz que Brasil terá mais de 2,5 milhões de empregos

Pesquisa do Ipea diz que país chegará ao final do ano com 1,7 mi de vagas.
'Pessoas são mais otimista que eu, mas tenho acertado todas', disse Lupi.
Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, rebateu o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na tarde desta quinta-feira (28), segundo o qual o país deverá abrir 1,7 milhão de novos empregos em 2011.
Lupi reafirmou, no Palácio do Planalto, que o Brasil deve ter recorde histórico na geração de empregos neste ano e superar a marca de 2010, de 2,52 milhões de vagas com carteira assinada.
"Normalmente essas pesquisas são feitas em regiões metropolitanas e ignoram cidades do interior. O maior crescimento que o Brasil vive hoje é nas cidades de médio porte, no interior. Eu trabalho com esses números diariamente e posso afirmar que o Brasil vai superar os números de 2010. Mais que 2,5 milhões de vagas tenho certeza de que serão geradas", disse.
Lupi argumentou ainda que mais de 900 mil vagas não foram preenchidas no ano passado por falta de mão de obra qualificada.
O ministro do Trabalho também comentou a declaração da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, de que o Brasil terá um recuo na geração de empregos em relação ao ano passado.
"As pessoas costumam ser mais otimistas do que eu, mas eu tenho acertado todas. Pode checar", disse Lupi.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados na quarta (27), Miriam Belchior disse que o crescimento da economia continuará a gerar empregos, mas "não no mesmo patamar" de 2010.
"O crescimento [da economia] vai continuar gerando empregos. Não no mesmo patamar do ano passado, mas ainda em um patamar alto. Em muito setores da economia, podemos considerar que haverá pleno emprego", declarou ela.
G1

Lupi: Brasil vai criar mais empregos que em 2010

Expectativa é superar as 2,5 milhões de vagas criadas no ano passado
Da Agência Estado
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, reafirmou hoje que o Brasil vai criar neste ano mais empregos do que os gerados em 2010. No ano passado, foram criados 2,5 milhões de empregos. Nesta semana, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, havia afirmado que o crescimento de empregos será em patamar menor.
Para Lupi, a diferença de análises acontece porque muitas vezes são olhados apenas os dados relativos às sete maiores capitais do País, que constam na pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). "O Brasil não é só sete regiões metropolitanas. O Brasil do interior, o Brasil nordestino está crescendo muito mais. Por isso, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) traz um retrato mais fiel. Até porque não é pesquisa", explicou.
Revista Amanhã

Abimaq pede mais pedidos de salvaguarda contra a China

A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prepara novos pedidos de salvaguarda transitória contra a China para mais 17 produtos da cadeia do setor de bens de capital. O mecanismo de defesa comercial, que costuma ser usado quando um pico de importações prejudica a indústria local em mercados similares, tem como objetivo aplicar medidas de restrição às importações do país asiático a um preço muito inferior ao produto nacional.
Na semana passada, já foram entregues pela Abimaq à Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, três petições de pré-análise para as importações de chave de fenda, caminhão-guindaste e válvulas borboleta. Dos pedidos para as outras 17 categorias, quatro já estão em fase final de análise e devem ser apresentados "no curto prazo", disse o diretor-executivo de comércio exterior da entidade, Klaus Curt Müller.
Como a entidade nunca entrou com um mecanismo de defesa comercial desse tipo antes, é difícil avaliar as chances de sucesso ou o prazo em que o resultado será definido. Mas, segundo ele, mesmo que os pedidos não sejam aplicados, essa decisão tem de ser acompanhada de alguma medida alternativa por parte do governo brasileiro, espera Müller.
O instrumento foi definido pelo presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, como um "grito de alerta" do setor. Segundo ele, a China já recebeu a aplicação de cinco salvaguardas transitórias de outros países, mas a conquista ainda é inédita para pedidos feitos pelo Brasil. "Só queremos competir em pé de igualdade com os concorrentes internacionais", diz
Valor

Postos de trabalhos formais subiram 43,5% entre 2001 e 2009, diz Ipea

Ocupações informais subiram apenas 9,2% no período
O número de postos de trabalho formais subiu 43,5% no período entre 2001 e 2009, passando de 28,5 milhões para 41 milhões. O dado consta do comunicado "Características da formalização do mercado de trabalho brasileiro entre 2001 e 2009", divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Segundo o estudo, a maior parte do aumentos dos postos formais se deve ao crescimento do número de empregados com carteira de trabalho assinada, que subiu 46%, seguido pelos funcionários públicos, que cresceram 38%. O número de trabalhadores domésticos formalizados subiu 30%.
De acordo com o Ipea, o número de postos de trabalho não formalizados aumentou entre 2001 e 2009, porém, a um ritmo consideravelmente menor. As ocupações informais passaram de 43,7 milhões em 2001 para 47,7 milhões em 2009, um aumento de 9,2%.
No entanto, mesmo com o maior avanço dos postos formais, as ocupações informais ainda são em maior número. Das posições na ocupação não formalizadas, o maior aumento ocorreu entre os trabalhadores domésticos sem carteira (20%), seguidos dos trabalhadores por conta própria (12,1%) e dos empregados sem carteira (10,3%).
O Ipea destaca ainda que o número de ocupados informais atingiu um pico em 2006 e manteve uma trajetória descendente até 2009. Essa queda absoluta da informalização se deve basicamente a um menor número de pessoas que se declaram ocupadas sem remuneração, apesar de que, de acordo com a PNAD, houve também uma queda de 0,5 milhão de empregados sem carteira entre 2006 e 2009 (a redução é de apenas 0,25 milhão se consideramos os trabalhadores domésticos).
Os dados indicam que o processo de formalização do mercado de trabalho brasileiro ocorreu mais por meio do aumento dos postos de trabalhos com carteira assinada (e também funcionários públicos) do que pela redução das ocupações informais (aumento de 12,4 milhões contra 4 milhões). Apenas a partir de 2006 observou-se uma queda dos postos informais, da ordem de 250 mil.
O instituto ressalta que o processo de formalização não foi interrompido pela crise de 2009, pelo contrário, em termos proporcionais, o avanço dos postos de trabalhos formais fica evidente quando nota-se que estes passaram de 37,9% do total, em 2001, para 44,2% em 2009. Por sua vez, o peso das ocupações informais caiu de 57,9% para 51,5%.
ClicRBS

Nem todos querem exportar valor agregado

Mendonça de Barros: "É preciso um estudo para ver o impacto de a empresa competir com os compradores de seus produtos"
Com os preços de commodities nas alturas e a perspectiva de que a China deverá manter por muitos anos o apetite por matérias-primas, a discussão sobre se é melhor exportar produtos básicos ou investir em agregar mais valor se torna mais complexa. Alguns analistas perguntam, por exemplo, por que a Vale deve investir em siderurgia num momento em que há excesso de produção de aço e as cotações do minério de ferro aumentam com força ano após ano.
Vários economistas, contudo, ainda defendem ferrenhamente a estratégia de agregar valor às vendas externas, para que o país não fique dependente dos preços de commodities, historicamente muito voláteis, e aposte em setores com maior desenvolvimento tecnológico e empregos de melhor qualidade.
Ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros diz que, em princípio, é "melhor exportar produtos com maior valor agregado". Como regra geral, o processo traz benefícios à economia do país, afirma ele. "A questão é que cada caso precisa ser analisado detalhadamente. Não há respostas prontas, pré-concebidas", pondera Mendonça de Barros, tomando como exemplo a questão se a Vale deve ou não investir com mais força em siderurgia.
Além da escalada de preços do minério e da sobra de aço no mundo, ele levanta duas questões que podem colocar em xeque a conveniência de a empresa apostar na siderurgia. A primeira é que, se entrar agressivamente nesse mercado, a Vale passará a concorrer com seus principais clientes. "É preciso um estudo para ver o impacto de a empresa competir com os principais compradores de seus produtos", afirma ele, hoje sócio da Quest Investimentos.
O segundo ponto é que produzir aço consome muita energia elétrica, o que não ocorre com a extração de minério de ferro. "Será que o Brasil tem oferta de energia suficiente para isso, a preços competitivos?" São perguntas, segundo ele, que precisam de um estudo detalhado para serem respondidas.
O professor Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vê com maus olhos a ideia de produtos como o minério de ferro ganharem tanto espaço na pauta de exportação brasileira. "Há nesse caso um conflito entre os ganhos de curto e os de longo prazo. Neste momento, certamente exportar minérios para a China é um dos melhores negócios que existem, mas como fica a situação num período maior?", diz Cardim, observando que os preços de matérias-primas são muito voláteis.
"Estamos surfando na fase boa da volatilidade, mas nós conhecemos o que ocorre quando vem a fase ruim." Para ele, apostar que o apetite chinês por matérias-primas não vai arrefecer é ignorar a história econômica "dos últimos 250 anos". Cardim também defende a estratégia de buscar mais valor agregado por causa do seu impacto sobre o emprego. A produção de commodities costuma gerar poucos postos de trabalho, em geral de baixa qualificação, diz ele. Na fabricação de manufaturados, há maior desenvolvimento tecnológico e a geração de melhores empregos.
Mendonça de Barros vê um período bastante longo de commodities em níveis elevados, dada a perspectiva de que a China continue a crescer a taxas robustas por vários anos. "Já a tendência dos produtos industriais é continuarem muito baratos", observa ele. Cardim, por sua vez, diz que a queda das cotações dos bens manufaturados, num cenário de ganhos de escala, não impede que a fabricação siga bastante rentável. "A manufatura sempre foi assim, basta ver a estratégia da própria China."
O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman tem uma visão oposta à de Cardim. Para ele, há maniqueísmo de muitos economistas brasileiros, que consideram a produção de bens de maior valor agregado como algo intrinsecamente bom. "A questão é que não é algo absoluto. A rentabilidade hoje de produzir minério de ferro é muito maior do que a da siderurgia. O que é melhor para a empresa, ser a Vale ou a Usiminas?"
Schwartsman diz ainda que há grande capacidade ociosa no setor siderúrgico no mundo, além de não ver no radar um tombo dos preços de commodities. Mas essa não seria uma visão de curto prazo? "Pode haver incertezas em relação aos preços, mas não ignore o que mercado está dizendo. A diretoria da empresa tem que tomar decisões que afetam a vida da empresa vários anos à frente, com os acionistas fungando em seus cangotes." Para Schwartsman, quem está no dia a dia da empresa e conhece o mercado em que a companhia atua está muito mais capacitado para definir a estratégia do que um burocrata em Brasília. "E as empresas de commodities não operam num enclave. Elas estão integradas à economia, gerando demandas por produtos manufaturados e serviços nas suas cadeias", conclui ele.
Um ponto que torna a discussão mais complexa é que um produto primário muitas vezes tem um processo de produção que envolve muita agregação de valor. A extração de petróleo em águas profundas é um exemplo eloquente. A tecnologia e a mão de obra empregadas no processo deixam claro que se trata de algo complexo e avançado, como concordam - pelo menos nesse ponto - Schwartsman e Cardim.
O professor Fernando Sarti, da Unicamp, considera que a discussão sobre o assunto é feita muitas vezes de modo simplista - a polêmica minério de ferro X aço no caso da Vale seria uma dessas simplificações. Ele dá um exemplo interessante para ilustrar como a discussão é hoje mais complicada: as exportações brasileiras de soja, uma commodity, têm mais conteúdo tecnológico que as de telefones celulares, um produto manufaturado. Enquanto a produção de soja envolve um investimento grande em sementes, química fina e biotecnologia, a de celulares muitas vezes se limita a montagem de componentes importados.
O assunto, contudo, não se esgota aí, diz Sarti. No caso da soja, nota ele, o Brasil é extremamente competitivo na produção, mas não na comercialização internacional do produto, nas mãos de três grandes empresas multinacionais. No caso da Vale, focar na produção de minério de ferro pode talvez de fato ser mais indicado, dada a sobra de aço no mundo, mas seria importante que os investimentos da empresa em logística beneficiassem outros setores da economia -a construção de ferrovias pela companhia, por exemplo, tem aumentado a demanda pela produção de mais locomotivas e trilhos no país? "É importante haver um transbordamento para outros segmentos da economia."
A exploração do petróleo do pré-sal pode garantir esse tipo de benefício, com a montagem de uma cadeia de fornecedores dos equipamentos que serão necessários para a Petrobras. "Essa estratégia é uma boa opção, desde que seja equilibrada, e não faça a empresa ter fortes aumentos de custos", diz Mendonça de Barros.
Valor

quarta-feira, 27 de abril de 2011


Trabalhador deve obter reajuste salarial menor este ano

Segundo líderes sindicais de diversos setores e regiões do país, aumento da inflação deve achatar os ganhos reais. Conclusão tem por base acordos firmados até agora

Da Agência Estado
Os ganhos reais dos trabalhadores nas negociações salariais deste ano devem ser menores do que em 2010, apesar da continuidade da expansão econômica, em ritmo mais baixo do que no ano passado, e do mercado de trabalho ainda aquecido. A inflação maior deve achatar os ganhos, avaliam líderes sindicais de diversos setores e regiões do país, tendo como base os acordos fechados nos primeiros meses deste ano, que obtiveram ganhos reais bem mais modestos. Categorias mais fortes, porém, podem ter desempenho melhor.

"O ano de 2011 deve ficar prensado entre o de 2010, que foi muito bom para os trabalhadores, e o de 2012, que também deve ser muito bom sob o ponto de vista das negociações", afirmou o coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado, que acredita que apenas em 2012 as categorias devem retomar os níveis de aumento real obtidos no ano passado. Ele disse que a inflação é uma variável determinante sobre os porcentuais de ganhos reais dos trabalhadores. "Historicamente, quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho real", explicou.
Para as categorias com data-base em janeiro, os ganhos reais (descontada a inflação) apurados já foram mais baixos, segundo o Dieese. Os trabalhadores da indústria de bebidas do Rio de Janeiro, por exemplo, conquistaram um reajuste de 7,43%, com ganho real de 0,9%. Em Manaus, a área de construção civil e instalações teve aumento de 8%, com ganho real de 1,44%, e a indústria plástica, de 6,47%, sem ganho real. No Paraná, os trabalhadores da indústria gráfica obtiveram aumento de 8%, com ganho real de 1,44%, e a área de serviços de asseio e conservação teve um reajuste de 7,7%, sendo que o ganho real foi de 1,22%.

Ganhos

Com data-base em fevereiro, os trabalhadores da indústria calçadista da cidade de Franca (SP) obtiveram aumento de 8,5%. Com data-base em março, os trabalhadores da indústria de bebidas do Estado de São Paulo conquistaram um reajuste de 7,4%, com 1% de aumento real. Os frentistas do Estado de São Paulo conseguiram um aumento de 9%, com ganho real de 2,71%. Os trabalhadores da indústria química de Guaíra (SP) conquistaram reajuste de 10%.

A amostra demonstra que os ganhos reais neste ano estão sendo bem mais modestos do que em 2010, quando o balanço das negociações salariais acompanhadas mostrou que 88,7% de um total de 700 categorias obtiveram aumento real acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o melhor resultado de toda a série, iniciada em 1996. Embora a maioria (73,6%) tenha conquistado ganhos reais entre 0,01% e 3% acima do INPC, outros 15,1% das categorias obtiveram ganhos reais acima de 3%.
Para Silvestre, o comportamento das negociações neste ano já dá mostras de que deve ser semelhante ao de 2009, quando a maioria das categorias (79,6%) obteve reajustes acima da inflação, mas com porcentuais bem mais modestos que os de 2010. Em 2009, apenas 5,2% das categorias obtiveram aumentos reais acima de 3%.
Segundo ele, maio deixará a tendência para o ano mais clara, uma vez que a maior parte das categorias de trabalhadores (26,7%) tem data-base neste mês, inclusive setores importantes como os trabalhadores da construção civil, transporte público e indústria química, entre outros.
Amanhã

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Defensiva, indústria de transformação planeja investir 4,7% menos em 2011

A indústria de transformação planeja investir menos neste ano do que em 2010, em decorrência das dificuldades impostas pela combinação da maior concorrência do produto importado, dos juros em alta e da carga tributária elevada. Segundo pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com 1.220 empresas no Estado de São Paulo, das quais boa parte tem atuação também em outros Estados, os investimentos em máquinas e equipamentos, instalações, inovação, gestão e pesquisa e desenvolvimento (P&D) devem atingir R$ 167,1 bilhões em 2011, 4,7% a menos do que o registrado no ano passado.
O levantamento de 2010 apontou aumento de 26,4% das inversões sobre o ano anterior, número em parte inflado pela fraca base de comparação, uma vez que a crise global derrubara o investimento em 2009. A queda nas intenções de investimento neste ano é maior nas empresas de grande porte, de 5,6%, para R$ 127,2 bilhões. As médias, por sua vez, devem investir R$ 26,3 bilhões, ou 3,3% a menos que no ano passado. Só nas pequenas deve haver aumento, de 1,1%, para R$ 13,7 bilhões.

Além da queda no volume a ser investido, a pesquisa deste ano indica uma estratégia mais defensiva da indústria de transformação: o investimento deve focar principalmente em redução de custos, aumento da eficiência e diferenciação dos produtos, e não em elevar a produção, diz o diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.
"O investimento na economia brasileira deve crescer nos setores de petróleo e gás, infraestrutura e construção, mas, na indústria de transformação, a situação é mais difícil", afirma Roriz. Segundo ele, a perspectiva de que o câmbio siga valorizado por muito tempo afeta a competitividade das exportações brasileiras e facilita a entrada de produtos importados. Também atingidas pelo novo ciclo de alta dos juros e pelos pesados custos tributários, as empresas manufatureiras deverão deixar em segundo plano o aumento dos volumes de produção, afirma Roriz.
Numa enquete com respostas múltiplas, em que é possível assinalar mais de um item, a diminuição de custos aparece como o principal objetivo do investimento em 2011, citado por 58% das empresas entrevistadas, um avanço considerável em relação aos 50% de 2010. Em segundo lugar, aparece a intenção de aumentar a produtividade, que subiu de 45% no ano passado para 52% neste ano. Já o aumento do faturamento e da rentabilidade, apontado em 2010 como o principal objetivo da indústria, citado por 61% dos entrevistados, aparece como uma das prioridades apenas para 49% neste ano.
Dos R$ 167,1 bilhões que as indústrias consultadas planejam investir neste ano, a maior fatia, de R$ 122,4 bilhões, será destinada a máquinas e equipamentos e instalações, que compõem a formação bruta de capital fixo (FBCF) na economia. Esse valor, porém, é 7,3% inferior ao registrado no levantamento de 2010. O resultado indica que a FBCF, que avançou 21,8% no ano passado, não contará com o impulso da indústria de transformação em 2011, diz Roriz.
A pesquisa mostra que também recuaram as intenções de investimento em gestão e P&D. A única área em que as inversões devem ser maiores que no ano passado é na de inovação - alta de 16,6%. Para Roriz, a elevação dos investimentos em inovação sugere que as empresas deverão tentar diferenciar produtos, estratégia importante para competir com os importados.
Entre os fatores que mais limitam o investimento, três se sobressaem. Três quartos das empresas reclamam da carga tributária elevada, oito pontos percentuais a mais que os 67% de 2010. A taxa Selic, em alta neste ano, é motivo de queixas de 45% das companhias consultadas, um forte aumento em relação aos 31% do ano passado. A perda de mercado para produtos importados, por fim, prejudica as inversões de 31% das indústrias - em 2010, eram 22%.
Para Roriz, os números apontam para a importância de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltar-se preferencialmente à indústria de transformação. Empresas ligadas a commodities, como de petróleo, precisam menos de recursos do banco do que as empresas manufatureiras, diz ele. "Com isso, o banco ajudaria a indústria de transformação a atender o consumo da classe média em ascensão."
Apesar da queda de 4,7% nas intenções totais de investimento, a pesquisa mostra que a demanda das empresas por recursos públicos para financiar as inversões subiu de R$ 29,5 bilhões em 2010 para R$ 37,1 bilhões em 2011. Ele também aponta como prioritário tornar permanente o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que financia as inversões a taxas mais baixas e foi importante para a recuperação da FCBF, especialmente a partir da metade de 2009.
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a pesquisa "dá números ao que a indústria diz há muito tempo": "Diante dos constantes aumentos da Selic e da valorização do câmbio, a indústria de transformação deverá reduzir seu investimento em 2011. Temos que reverter esse quadro, caso contrário haverá perda de capacidade de produção futura da economia, o que comprometerá o crescimento e a geração de empregos nos próximos anos." Para Skaf, também é importante aproveitar o momento e desengavetar a reforma tributária. Na semana que vem, a Fiesp deve apresentar aos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento uma proposta detalhada de desoneração da folha de pagamentos.
Valor

Abimaq leva ao governo salvaguardas contra a China

(24/04/2011) - A Abimaq deu entrada no Departamento de Defesa Comercial da Secretária de Comércio Exterior de ação de salvaguarda transitória contra a China composta por três petições de pré-análise, visando a aplicação de medidas restritivas contra produtos importados da China.
Segundo a entidade, o objetivo é o de atuar na defesa da indústria de bens de capital nacional contra os prejuízos das importações chinesas, que têm agravado o déficit da balança comercial do setor. Ainda segundo a entidade, os mecanismos de proteção visam a manutenção harmônica da produção nacional. “A salvaguarda transitória é um dos mecanismos de defesa comercial aplicado quando há um surto de importações de um determinado país que afetam o mercado interno, causando a desorganização no mercado de setores produtivos domésticos”, ressalta Klaus Curt Müller, diretor executivo de Comércio Exterior da Abimaq.
Segundo o diretor, as petições visam sensibilizar as autoridades quanto aos problemas que a indústria nacional de máquinas e equipamentos tem enfrentado com a concorrência ocasionada pelas importações de origem chinesa. Segundo Müller, outros países já entraram com petições para aplicação de medidas de salvaguardas contra a China.
Inicialmente, foram apresentadas três petições, referentes aos seguintes produtos: chave de fenda, válvulas tipo borboleta e caminhão-guindaste. Os produtos-alvo foram selecionados por constarem no estudo horizontal setorial realizado pela Abimaq (a entidade selecionou 814 NCMs para medidas de ação de defesa comercial) e por já possuírem algum histórico de outros processos já elaborados pela entidade.
Segundo o diretor executivo de Comércio Exterior, até o final do mês, a Abimaq apresentará petições de pré-análise para mais quatro produtos: correntes de elo soldado, bombas centrifugas, compactadores e guilhotina linear.
Usinagem Brasil

Mais de 2.300 empregos foram gerados em março em Santa Catarina

Em março, o emprego com carteira assinada cresceu 0,13% em Santa Catarina, com a criação de 2.335 novas vagas formais de trabalho, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O ritmo de crescimento das contratações no mês corrente foi 66,7% inferior ao que foi registrado em igual mês do ano passado, quando foram gerados 7.017 novos postos com carteira assinada. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Sine/SC - Sistema Nacional de Emprego, vinculado a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação.
Com o resultado de março, o Estado fecha o primeiro trimestre de 2011 com um saldo líquido de 38.138 novas contratações no mercado formal de trabalho que corresponde ao crescimento de 1,02%. Em números absolutos, foi o segundo melhor resultado para o primeiro trimestre desde 1996. O recorde anterior ocorreu em 2010 com a geração de 42.418 vagas no primeiro trimestre.

12 meses
Nos últimos 12 meses, a variação acumulada atingiu um crescimento 5,80%, ou 96.701 novos postos, resultado favorável se comparado ao mesmo período do ano anterior que registrou 81.644 empregos formais. Com este resultado, Santa Catarina possui hoje quase 1,77 milhões de empregos com carteira assinada.
Setores da economia
Com exceção da agropecuária, do extrativismo mineral e do comércio, os demais setores expandiram o número de assalariados com carteira assinada em março de 2010. Em termos absolutos, a indústria de transformação, que nos últimos anos estava perdendo espaço para as atividades terciárias, foi o setor de atividade econômica que mais contribuiu para o comportamento positivo do emprego no mês, apresentando saldo de 4.598 novas ocupações formais. Com isso, o setor compensou as perdas da Agropecuária e das demais atividades sazonais.
Os subsetores industriais que mais contribuíram para o desempenho favorável no mês foram a indústria da borracha e fumo (1.432 novas colocações) e a indústria metalúrgica (809 postos). Por outro lado, a indústria da madeira e do mobiliário foi o único subsetor, cujas demissões superaram as contratações. Com a desativação de 65 vagas, retratou uma contração de 0,10.%.
A administração pública proporcionou a geração de 860 vagas, especialmente nas atividades que dependem dos admitidos em caráter temporário. Destaque deve ser dado também ao setor de serviços pelo acréscimo de 831 empregos.
O ramo setorial que mais contribuiu foi o segmento de comércio e administração de imóveis e serviços técnicos profissionais, que respondeu pela geração de 1.230 empregos formais. O ramo de alojamento e alimentação por sua vez respondeu pela desativação de 2.012 vagas.
Baixo desempenho no campo
O baixo desempenho do emprego no setor agrícola, que perdeu 3.940 postos de trabalho, é atribuído à fatores sazonais relacionados às atividades da fruticultura.
Municípios
O ranking dos municípios com maior saldo de empregos formais no mês passado é liderado por Joinville, que abriu 1.329 vagas, seguido de Blumenau com 1.186 contratações, e Jaraguá do Sul que teve 642 postos.
Em Joinville o destaque foi a indústria de transformação que respondeu pela geração de 764 empregos, seguido pelo setor de serviços, com 462 vagas. Em Blumenau, os destaques também foram a indústria de transformação e serviços.
Perdas
Os três municípios que mais desativaram vagas formais foram Fraiburgo, com 1.943 demissões, Florianópolis, fechando 736 postos e Balneário Camboriú, que subtraiu 545 vagas. Em Fraiburgo, a Agropecuária foi a atividade econômica que determinou o baixo desempenho do município.
A Capital perdeu postos no setor de serviços, onde 550 vagas foram fechadas e no comércio que demitiu 222 pessoas. Em Balneário Camboriu, o setor de serviços registrou fechamento de 459 vagas, e o comércio tirou quase duzentas vagas de trabalho. Estes números comprometeram o desempenho do emprego nestes municípios.
Portal Economia SC


terça-feira, 19 de abril de 2011

Criação de empregos formais cai em março e soma 92,6 mil vagas

Valor ficou 65% abaixo do recorde de 266 mil empregos em março de 2010.
Ministro do Trabalho diz que carnaval em março prejudicou resultado.
Informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta terça-feira (19) pelo Ministério do Trabalho mostram que foram criados 92.675 empregos com carteira assinada em março deste ano. O valor ficou 65% abaixo do recorde para este mês, de 266,1 mil, registrado em março do ano passado.
"Esse comportamento mais modesto em relação aos dois meses anteriores pode ser justificado, em parte, pela antecipação de contratações realizadas pelos estabelecimentos no mês de fevereiro, e pela redução do número de dias úteis em março, devido ao feriado de carnaval", informou o Ministério do Trabalho.
Para ministro, criação menor de vagas é consequência do carnaval
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o carnaval em março foi o principal fator que explica o recuo na criação de empregos formais "Tivemos praticamente 10 dias em março parados por causa do carnaval", disse ele. No mês passado, ele havia declarado que acreditava que um novo recorde, na criação de empregos formais, seria registrado em março deste ano.
Primeiro trimestre
Com o fraco resultado de março deste ano, o emprego formal também não bateu recorde para o primeiro trimestre. Nos três primeiros meses de 2011, a criação de vagas formais somou 583.886, valor também abaixo do registrado em igual período do ano passado (+657,25 mil). Segundo o Ministério do Trabalho, o resultado do primeiro trimestre foi o terceiro melhor da série histórica do Caged, sendo menor, também, do registrado no ano de 2008.
Ano passado e previsão para 2011
Em todo ano passado, os números do governo mostram que foram criados 2,5 milhões de empregos com carteira assinada no país, novo recorde histórico. Porém, a meta foi atingida somente com mudanças no formato de divulgação dos dados do Caged - que passaram a incorporar, no mesmo ano, as informações enviadas pelas empresas fora do prazo.
Para 2011, primeiro ano do mandato da presidente Dilma Rousseff, Lupi manteve a previsão de que serão criadas três milhões de vagas formais (novo recorde) apesar do corte de gastos de R$ 50 bilhões anunciado e da subida da taxa básica de juros. Essas medidas buscam conter o crescimento da inflação.
G1

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Abimaq quer salvaguarda contra avanço chinês

Entidade protocolou ação alegando que as importações de caminhões-guindaste, válvulas tipo borboleta e chaves de fenda causam desorganização no mercado brasileiro
Da Agência Estado
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) pediu ao governo a aplicação de medidas de salvaguarda transitória contra a importação de três produtos chineses. Na terça-feira, a entidade protocolou ação no Departamento de Defesa Comercial, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, alegando que as importações de caminhões-guindaste, válvulas tipo borboleta e chaves de fenda da China causam desorganização no mercado brasileiro.
De acordo com o diretor executivo de Comércio Exterior da Abimaq, Klaus Curt Müller, a situação é "gravíssima". Ele argumenta que, desde 2007, quando o país passou a importar caminhões-guindaste de até três eixos, a produção doméstica caiu de 141 unidades para apenas 37 no ano passado. Já as importações desse tipo de equipamento provenientes da China saltaram de US$ 2,76 milhões para US$ 76 milhões.
No curto espaço de cinco anos, a importação de chaves de fenda da China cresceu 424%. Passou de US$ 746 mil em 2005 para US$ 3,915 milhões em 2010. No caso de válvulas borboleta, houve redução da capacidade instalada brasileira de 14 mil peças por ano em 2006 para apenas 7,7 mil em 2010. "Um quilo desse tipo de válvula é importado hoje da China por US$ 5, enquanto o mesmo produto é comercializado por US$ 10 no resto do mundo", afirma o diretor da Abimaq.
A salvaguarda transitória não se aplica em casos de defesa contra práticas desleais de comércio. Trata-se de mecanismo de proteção cujo objetivo é restringir os surtos de importação de produtos chineses que ameacem ou estejam causando desorganização no mercado de setores da indústria de produtos similares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Revista Amanhã

Gestante será indenizada por gravidez comprovada após exame demissional

Apesar de ter comprovado seu estado gravídico somente após o exame demissional, uma ex-empregada da Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda., do Paraná, deverá receber indenização relativa ao período de estabilidade garantida às gestantes pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Embora reconhecendo que o empregador agiu de boa-fé, somente a demitindo após a realização do exame que não constatou a gravidez, a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, em julgamento realizado ontem (13), seguiu o voto do relator, ministro Lelio Bentes Corrêa, e não conheceu do recurso da empresa, com o fundamento de que o direito à estabilidade visa à proteção da criança.
A garantia de estabilidade ou de indenização pelo período estabilitário à gestante quando a concepção ocorre durante o curso do contrato de emprego é tema pacificado na jurisprudência do TST, ainda que a empresa não tenha conhecimento do fato à época da dispensa. No caso, a dispensa ocorreu em 25 de abril de 2001, e o parto ocorreu em 9 de janeiro de 2002. Em 21 de agosto, uma ecografia obstétrica atestava que a concepção ocorreu nos primeiros dias de abril de 2001, e a data foi confirmada pelas ecografias posteriores.
No julgamento do recurso na sessão de ontem, o advogado da empresa chamou a atenção para a peculiaridade do caso: a própria empregada não sabia que estava grávida, o exame demissional não constatou a gravidez mas as ecografias realizadas posteriormente comprovaram que a concepção ocorreu antes da demissão.
Por isso, pediu que a empresa fosse exonerada do pagamento da indenização. “O patrão demite na certeza de que está agindo corretamente e somente um bom tempo depois toma conhecimento da demanda”, sustentou ele da tribuna. “A empresa procedeu de forma regular, não quis burlar a lei nem negou a estabilidade, mas foi surpreendida, quase um ano depois, com um equívoco jurídico que teria cometido sem saber.”
O relator confirmou que o exame demissional não acusou a gravidez, que era recente demais na ocasião. “Reconheço que é surpresa para o empregador a constatação da gravidez depois do exame demissional, mas isso não o exime das conseqüências dela decorrentes”, afirmou. “A proteção independe do conhecimento da empresa e da própria gestante, e da possibilidade de constatação imediata, porque o sujeito do direito – o nascituro – não tem condição de se expressar pessoalmente, só através da mãe.”
Os demais ministros da Primeira Turma endossaram a posição do relator. “O Supremo Tribunal Federal já entendeu que nenhuma questão infraconstitucional ou de fato pode ser obstáculo à eficácia jurídica relativa à garantia da estabilidade”, observou o ministro Vieira de Mello Filho. “A boa fé do empregador não é oponível à garantia fundamental, que é regida pela data da concepção.”
O ministro Walmir Oliveira da Costa ressaltou que o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) de certo modo acolheu a tese do empregador e limitou a indenização ao período em que ele teve conhecimento da gravidez – o que só ocorreu em setembro de 2001. “Mas não podemos acolher a tese da desoneração integral do empregador”, assinalou. “Não houve abuso do direito de despedir, mas não é por isso que a lei garante a estabilidade, e sim pela proteção à criança”, concluiu.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho

Ponto eletrônico tem decisão de mérito contra sua utilidade

O novo registro eletrônico de ponto, que teve suas regras definidas pela Portaria 1.510 do Ministério do Trabalho e Emprego, é alvo de diversas ações na Justiça. O impasse ainda é grande: as obrigações da portaria, como novos e certificados equipamentos e impressão de comprovantes a cada marcação de ponto, ora são mantidas, ora são afastadas para empresas que buscam a resposta no Judiciário.
A maioria das decisões ainda é liminar e analisa a legalidade ou constitucionalidade da medida. Mas uma sentença de mérito da Justiça do Trabalho de Cascavel, no Paraná, afastou as penalidades pelo descumprimento da norma levando em conta que ela não tem utilidade prática para evitar fraudes.
Para Danilo Pieri Pereira, advogado do Demarest e Almeida responsável pela causa, o juiz teve um raciocínio lógico. "Ele colocou na ponta do lápis a compra de novos equipamentos, comercializados ainda por poucas empresas, e o quanto gastaria para manter o novo registro em funcionamento", afirma Pereira. "As novas normas são inócuas. A fraude no registro é um problema cultural. A decisão pode servir para firmar entendimentos semelhantes", completa.
O juiz levou em conta que, historicamente, o que se vê nos processos com relação à fraude não é manipulação de dados do ponto, e sim problemas como mandar o trabalhador voltar a trabalhar depois de ter registrado sua saída. "Isso não vai ser solucionado com uma troca de relógio. Comprovada a fraude, por exemplo, com depoimentos de testemunhas, o registro será descartado, como é hoje", afirma o advogado.
No caso, uma cooperativa agroindustrial, com cerca de 5.000 funcionários, entrou na Justiça não contra o ministro Carlos Lupi, autor da portaria (como a maioria das ações) e sim contra o gerente do trabalho em Cascavel, ou seja, contra eventuais atos concretos de fiscalização.
A companhia sustentava a ilegalidade e inconstitucionalidade da portaria e pedia que a autoridade não exija a aquisição e instalação do registrador eletrônico e se abstenha de aplicar multas e autuações, solicitação aceita pelo juiz Sidnei Cláudio Bueno, da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel.
O magistrado salientou que a preocupação do Ministério do Trabalho foi assegurar aos trabalhadores a higidez do ponto e impossibilitar fraude, mas viu excesso na exigência.
Sobre a impressão dos comprovantes, o juiz afirma que a medida trará "filas indesejadas, com trabalhadores insatisfeitos e tumulto logo no início, ou no final da jornada. Não favorece o empregador, nem o trabalhador".
Além disso, ressaltou o elevado custo com papel e tinta para impressão, o que, segundo ele, acarretará na "diminuição de benefícios aos empregados [como redução de reajustes] e no aumento do preço dos produtos aos consumidores".
O corte de árvores o fato de a impressão ser irrelevante (os dados estarão no equipamento que, garante-se, é inviolável) são também considerados excessos desnecessários e inúteis. Ele conclui: "a impressão de um comprovante não torna o sistema de ponto infalível: para fraudá-lo basta ao empregador exigir do trabalhador que ao final da jornada registre o ponto, receba o comprovante impresso e volte a laborar".
O juiz disse que o Ministério abusou do direito de regulamentar o tema, conforme prevê o artigo 74, parágrafo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). "O sistema estaria destinado mais à facilitação das ações fiscalizatórias do MTE do que propriamente à segurança da relação trabalhista.
Não que a fiscalização não deva ser facilitada. O que não é viável é que, sobre um frágil manto de proteção ao trabalhador, se estabeleçam obrigações desnecessariamente onerosas aos empregadores e que, ao fim, culminam em prejuízos aos próprios obreiros", afirmou.
A decisão, segundo Danilo Pereira, é interessante por atacar a impossibilidade prática da portaria. "A questão de fundo foi atacada na argumentação do juiz: não há utilidade, ela não é proveitosa, muito pelo contrário", diz.
Flexibilização
A portaria deve entrar em vigor em 1º de setembro, após sucessivos adiamentos. Foi aceita a possibilidade de acordos ou convenção coletiva, com consentimento das partes, para instaurar sistemas alternativos de controle da jornada.
A negociação com sindicatos, no entanto, podem ser inviáveis. Isso porque, segundo o advogado, a CLT permite a criação de regulamentos para o registro de ponto, ou seja, o que está na legislação não pode ser negociado. "As empresas podem ficar receosas de negociar e no futuro o acordo ser invalidado no Judiciário, pois o MTE pode criar as normas", diz.
Fonte: Fenacon

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Balança comercial de indústria de média e alta tecnologia tem pior déficit em 22 anos

Entre janeiro e março, a balança comercial da indústria de alta e média-alta tecnologia, onde estão concentrados os setores intensivos em capital e inovação, atravessou o pior primeiro trimestre em 22 anos. Nos primeiros três meses deste ano, esses segmentos registraram déficit de US$ 17,7 bilhões, mais de US$ 5 bilhões superior ao de igual período do ano passado e o dobro do registrado nos primeiros três meses de 2008 e 2009.
Já a indústria de baixa tecnologia, que fabrica, por exemplo, calçados, vestuário e alimentos, aumentou seu superávit comercial de US$ 7,7 bilhões, registrados no primeiro trimestre de 2010, para US$ 8,5 bilhões no mesmo período deste ano. O crescimento do saldo não foi suficiente, porém, para evitar um rombo de US$ 10 bilhões no saldo comercial total da indústria de transformação.
Nem a abertura comercial promovida por Fernando Collor, a valorização do câmbio durante o governo Fernando Henrique Cardoso ou o surgimento da China como provedor em grande escala de bens manufaturados ao longo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram capazes de gerar, isoladamente, um rombo tão grande quanto o registrado nos primeiros três meses do governo Dilma Rousseff. Autor de um estudo sobre a balança comercial da indústria de transformação por conteúdo tecnológico, Rogério Cezar de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), avalia que a indústria brasileira vive um momento decisivo.
"A redução do déficit passa por ganhos de produtividade. Toda a incorporação de tecnologia que precisava ser feita aconteceu da abertura para cá, a hora é de investir em inovação e novos modelos de produção", diz Souza.
Os setores de baixo conteúdo tecnológico, mais tradicionais no parque industrial brasileiro, "chegaram no limite", diz Souza. Com preços em alta no mercado internacional, forte demanda interna e a condição de não serem facilmente comercializáveis com o exterior, os alimentos processados registraram o maior superávit para o período, de US$ 7,4 bilhões, sustentando o segmento de baixa tecnologia. Isso porque o ramo produtor de vestuário, calçados e couro registrou, entre janeiro e março de 2011, o primeiro déficit para o período desde o início da série histórica do Iedi.
"O setor calçadista, por exemplo, foi muito hábil ao longo dos anos 90 e na década que terminou ao incorporar ganhos de produtividade, importar máquinas e insumos e mesmo aprimorar a gestão, e hoje está praticamente no limite a que pode chegar", avalia Souza, para quem, neste caso, a luta por maiores ganhos de produtividade deve ficar em segundo plano. "Para os segmentos de baixa e média-baixa tecnologia, resta aguardar alguma alta de preços dos seus produtos ou uma reversão nas trajetórias do câmbio, para baixo, e dos juros, para cima", afirma.
Importante por servirem de base para maior produção industrial, os fabricantes de máquinas e equipamentos passam pelo período de importação mais forte - quase US$ 8,2 bilhões adquiridos do exterior entre janeiro e março deste ano, US$ 2,1 bilhões a mais do que em igual período do ano passado.
Os produtos metálicos, frutos das indústrias metalúrgica e siderúrgica, aproveitando os preços internacionais elevados, registraram o maior saldo para os primeiros três meses de um ano desde 1989 - superávit de US$ 2 bilhões, o dobro em relação a igual período de 2010. "A indústria só não registra um rombo maior", afirma Edgard Pereira, professor da Unicamp e sócio da Edgard Pereira & Associados, "porque os exportadores de frangos, suínos e metais estão aproveitando a demanda mundial". Mas, como destacam os especialistas em indústria, são justamente os segmentos com cadeias produtivas mais curtas, e com menor teor tecnológico.
"Os segmentos de média-alta e alta tecnologia são os que mais sofrem com o câmbio, os juros e os tributos altos, porque são por eles que passam as inovações mais aprimoradas. Se ele está com problemas, como está hoje, o país vai sofrer no futuro", diz Souza.
Valor

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Extração e metalurgia concentraram 56% dos investimentos chineses

Levantamento do Ministério do Desenvolvimento abrange últimos 8 anos.
67% dos investimentos foram realizados na região Sudeste, diz governo.
Do G1, em Brasília
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou nesta quinta-feira (14) que os investimentos realizados por empresas chinesas no país nos úlitmos oito anos somaram US$ 37,1 bilhões, totalizando 86 operações em novos negócios ou fusões e aquisições.
O período considerado foi entre janeiro de 2003 e o mesmo mês deste ano. Não engloba, deste modo, os investimentos anunciados nos últimos dias, em decorrência da viagem da presidente Dilma Rousseff ao país asiático. Entre eles, a eventual fabricação do iPad no Brasil.
O levantamento é da Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai) da Secretaria de Desenvolvimento (SDP) da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No período analisado, o setor de metais - incluídas as atividades de extração e de metalurgia – recebeu a maior parte dos anúncios de investimento (56,5%), seguido pelos segmentos de petróleo, gás e carvão (28%), energia elétrica (5,2%), automotivo (4%) e logística de transportes (1,9%), informou o governo.
Regiões
O levantamento da Renai também mostrou que, por regiões, o Sudeste foi o destaque como destino dos investimentos anunciados (67,1%), além de ter também uma participação conjunta de 11,7% com outras regiões, Sudeste/Nordeste (7%) e Sudeste/Centro-Oeste (4,7%).
Considerando apenas os investimentos destinados ao Sudeste, os setores de metais e petróleo, gás e carvão corresponderam a 94,15% do volume anunciado. No total, foram 23 operações divulgadas.
Por unidade da federação, o Rio de Janeiro foi o principal estado a ter investimentos chineses anunciados (20%), com destaque nas áreas de petróleo e gás e metalurgia, informou o Ministério do Desenvolvimento. Com relação aos investimentos que abrangem mais de um estado, o conjunto São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi o destaque, com 19,2% de participação.
Na Região Norte, os principais anúncios foram para os setores de metais (67,5%), duas rodas (20,5%) e eletroeletrônicos (9,7%), num total de 35 anúncios. No Nordeste, os investimentos chineses anunciados foram destinados, principalmente, aos setores de metais (75,9%) e alimentação e fumo (14,5%). O número de projetos chineses previstos para essa região chegou a nove. Para o Sul, foram anunciados três projetos, sendo a maior participação para o setor de energia elétrica (91,3%).
Ano de 2010
Em 2010, ainda segundo dados do governo federal, os investimentos chineses anunciados no Brasil totalizaram US$ 17,17 bilhões, sendo US$ 4,08 bilhões em novos investimentos e US$ 13,09 bilhões em operações de aquisição.
Segundo o coordenador da Renai, Eduardo Celino, desse total, US$ 14,34 bilhões estão ligados a commodities (petróleo e gás e metais), o que evidencia a estratégia chinesa de garantir autofornecimento de matérias-primas. Os US$ 2,88 bilhões restantes destinaram-se aos setores de infraestrutura – transmissão de energia elétrica – e de produtos manufaturados, como automóveis e máquinas e equipamentos.
Dentre os setores identificados, o de petróleo é o que recebeu o maior volume de anúncios - US$ 10,17 bilhões. Nos outros setores de commodities, os investimentos anunciados alcançam cerca de US$ 4 bilhões em mineração e US$ 300 milhões ligados ao agronegócio (soja).
G1

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Investir em educação é a solução para suprir falta de mão de obra

O investimento com seriedade e responsabilidade em educação é a solução para suprir a falta de mão de obra qualificada na indústria, afirmou o vice-presidente da FIESC, Glauco José Corte, durante o Fórum de Estágio de Santa Catarina, promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC), na terça-feira, dia 12, na sede da FIESC, em Florianópolis.
"A qualidade do nosso ensino básico e médio não supre as demandas das indústrias, que estão vivendo em um momento econômico de competitividade e precisam de profissionais qualificados. O que deve ser feito é uma aliança entre o setor público e o setor privado no sentido de qualificar os investimentos em educação", disse Côrte.
Para ele, os problemas que mais têm provocado a carência de profissionais qualificados são a baixa qualidade dos investimentos feitos em educação no país, a dificuldade de reter o trabalhador qualificado e o próprio desinteresse dos trabalhadores.
A situação pode afetar o crescimento do país. "O Brasil poderá ficar para trás em relação ao crescimento dos outros países que estão investindo seriamente em educação. Se não temos potencial de trabalhadores, puxamos o índice de crescimento para baixo", afirmou Côrte. "Essa é uma das questões que torna difícil a concorrência com países como a China", acrescentou.
Se o país continuar crescendo entre 4% e 5%, o Brasil irá precisar de cerca de 8 milhões de trabalhadores adicionais até 2015. É justamente o número atual de desempregados no país, contudo, são profissionais que não detém da qualificação exigida pelas empresas.
Aproveitar a grande quantidade de jovens que estão a mercê do mercado de trabalho e só não ingressam por falta de qualificação também é uma solução. "As empresas devem investir mais em capacitação para reter a força de trabalho e aumentar a produtividade e a competitividade da indústria", finalizou.
Os setores que mais estão sofrendo com a falta de profissionais qualificados são os de vestuário, móveis, mobiliário, tecnologia da informação e construção civil, sendo na sua maioria as empresas de pequeno e médio porte.
Durante o evento o gerente de recursos humanos da Tupy, João Paulo Schmalz, também apresentou o programa de estágio da empresa e como a prática tem auxiliado a Tupy a atrair talentos diante desta escassez de profissionais no mercado.
"Durante o período de estágio é possível conhecer o profissional, desenvolvê-lo e posteriormente contratá-lo. Devido ao programa bem estruturado que desenvolvemos, cerca de 30% dos estudantes que fazem estágio na empresa hoje são efetivados", afirma Schmalz.
Fiesc

Indústrias apoiam formação profissional com o SENAI

Investimento na educação profissional busca à melhoria do desempenho da força de trabalho (Banco de Imagens/SENAI)
É crescente o número de empresas que investem na educação profissional dos colaboradores e de pessoas da comunidade do seu entorno é crecente. Os objetivos dessa prática normalmente estão associados à melhoria do desempenho da força de trabalho e a uma ação de responsabilidade social e ainda à redução dos impactos da carência de profissionais qualificados, que aumenta com a economia aquecida.
Há também uma tendência de aumento da carga horária dos cursos oferecidos. O SENAI/SC tem ampliado o número de parcerias com indústrias para elevar a oferta de cursos técnicos. Empresas como Tractebel (Capivari de Baixo), Alcoa (Tubarão), Cismo (São Miguel do Oeste) e Votorantin (Rio do Sul) apoiam a realização dos cursos técnicos em processos de geração de energia, metalurgia, informática e eletromecânica, respectivamente. Outras empresas que aderiram à pratica em 2011 são a Metalúrgica Riosulense, com o curso de metalurgia em Rio do Sul; a Ambev, com a formação em eletrometalmecânica, em Lages, e a Zen S.A. com o curso de mecânica, em Brusque.
A busca pela qualificação de pessoas fez com que a Zen realizasse a parceria com o SENAI para o curso Técnico em Mecânica com 32 colaboradores. "Para a empresa crescer e se manter no mercado, ela precisa qualificar seus profissionais", explica Schirlei Knihs Freitas, gerente de recursos humanos da Zen. O resultado é que a empresa sai fortalecida e os colaboradores mais satisfeitos pela melhoria que percebem no seu rendimento e na empregabilidade.
Para Miguel Ângelo Bocalon, sócio e diretor da Sysmo, o curso apresenta um diferencial muito importante de "unir a teoria à prática". A Sysmo apoia a realização do curso com o pagamento de mensalidades a colaboradores e pessoas da comunidade, coloca seus profissionais para atuar como docentes e abre as portas para aulas práticas.
Fiesc

Sindicatos de esquerda pregam o conflito

Quando acompanhou o 3º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizado em 1988, o cientista político Leôncio Martins Rodrigues anotou em seu livro "CUT: Os militantes e a ideologia" que todas as teses apresentadas pelos diferentes dirigentes sindicais filiados à central mantinham a concepção do marxismo e do comunismo, ou seja, "da divisão da sociedade em dois campos opostos, o dos exploradores e o dos explorados". Os termos, abandonados pela CUT há muitos anos, ainda são usados como bordões por correntes de esquerda.
À frente da CUT no mundo político estava o Partido dos Trabalhadores (PT) e, do lado sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, que fora presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do PT, e que nos anos 80 era liderado por Jair Meneguelli, também primeiro presidente da CUT. Centro das famosas "greves do ABC" entre 1979 e 1982, e do "movimento dos golas vermelhas", que parou a Ford em 1990, o sindicato passou a encampar a bandeira das negociações com os antes mal vistos patrões nos últimos anos.
Hoje, a Ford distribui aos funcionários um folheto onde está escrito: "Sindicato e companhia [estão] trabalhando juntos em um ambiente saudável, estável e de progresso, que atenda integralmente as estratégias de relações trabalhistas e do negócio." O presidente do sindicato, Sergio Nobre, afirma que "há espaço para convergência em todos os pontos discutidos entre empresa e sindicato, afinal, somos beneficiados pelos investimentos das companhias, então não podemos ser entraves, ao contrário."
Nas duas salas de Comitê Sindical de Empresa (CSE) em São Bernardo do Campo e Diadema, da Ford e da IGP, respectivamente, os integrantes dos comitês dispunham de boa infraestrutura: mesa, computador, telefone, máquinas de café e água, além de móveis para arquivo e documentos. Na Ford, o comitê é todo decorado com motivos do PT, enquanto que na IGP, a sala era improvisada, uma vez que a operários trabalhavam na construção de um espaço autônomo, e maior, para a instalação do comitê.
Empregados e empresários, na pequena IGP, dividem o mesmo bandejão, que na quarta-feira serve rabada e costela de porco, acompanhada de arroz à grega, feijão, batatas e salada de folhas verdes. Na Ford, durante a visita da reportagem à linha de montagem, o gerente de fábrica chegou a parar a comitiva para destacar que um operário, em meio aos outros 3.088 metalúrgicos na unidade, era o pai do jogador Lucas, da seleção brasileira de futebol e do São Paulo Futebol Clube. O metalúrgico, que não poderia deixar suas funções de lado, acenou de longe.
Essa relação, que diverge da veia socialista da fundação da CUT, que previa "interesses inconciliáveis entre patrões e empregados", é mal vista por sindicalistas da esquerda. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado desde 2005 à Conlutas, central ligada ao PSTU, formada após um racha na CUT, é crítico à política sindical do ABC. O sindicato não mantém negociações com a única montadora no município, a General Motors (GM).
Segundo Vivaldo dos Santos, presidente do sindicato, os comitês sindicais instalados no ABC não são independentes. "Eles só defendem os interesses das empresas, há toda uma cumplicidade entre patrões e empresários lá", diz Santos, que vê interesses inconciliáveis entre as partes. "Os patrões precisam nos atacar para ampliar o lucro, e nós precisamos atacá-los para aumentar nossos benefícios, então não há espaço para harmonia, apenas para conflitos", afirma o sindicalista, para quem as negociações com a GM, são "e devem ser" mínimas. (JV)
Valor

Horário flexível faz crescer o engajamento dos funcionários

Claudia Pohlmann, diretora de RH da DuPont, diz que na empresa é possível sair ou entrar mais cedo para deixar filhos na escola ou fugir do trânsito
Companhias que oferecem flexibilidade de horários têm funcionários mais engajados e satisfeitos. Levantamento global realizado com 3.300 gerentes e profissionais mostra que políticas nesse sentido ajudam a levantar os índices de retenção nas organizações em 25% no caso dos homens e em 40% entre as mulheres. O estudo indica que quanto mais específicos e customizados forem esses programas para atender os diferentes perfis dos colaboradores, melhores serão os resultados para as empresas.
"Oferecer essas alternativas aumenta significativamente o bem-estar dos trabalhadores, mas é preciso entender quais modelos se encaixam melhor para cada um deles", afirma Marcial Rapela, sócio da consultoria Bain & Company, responsável pela pesquisa.
No caso da IBM, empresa que possui 400 mil funcionários em todo o mundo, oferecer programas customizados de flexibilidade foi a solução para atender às necessidades de pessoas que trabalham em turnos deslocados ou em cidades onde não há escritórios da companhia, por exemplo.
Gabriela Herz Francoio, gerente do programa de diversidade da empresa, afirma que uma das alternativas mais populares é o home office, praticado por pelo menos 10% dos colaboradores no Brasil e no mundo. Até mesmo dentro desse sistema existe maleabilidade. Para algumas pessoas há possibilidade de alternar dias de trabalho em casa e no escritório. "É uma forma de usufruir dos benefícios do trabalho em casa sem perder o contato com o escritório", afirma Gabriela, que também aderiu à prática duas vezes por semana.
A IBM possibilita a negociação de uma semana ou um dia de trabalho mais flexível - o profissional pode entrar mais tarde, sair mais cedo e até mesmo compensar horas não trabalhadas em outro dia -, além de licenças não remuneradas que podem durar até 3 anos.
Cada tipo de flexibilidade, porém, possui um público "ideal", que muda de acordo com o momento pessoal e de carreira. Segundo a pesquisa, existem funcionários que abrem mão de crescer rapidamente na empresa para trabalhar menos horas e ter uma rotina mais planejada. Outros são mais ambiciosos e buscam desafios e resultados, mesmo que isso signifique um dia a dia imprevisível.
Na DuPont, empresa do setor têxtil com 2.500 funcionários no Brasil, há opções como licenças não remuneradas, que atendem desde profissionais que querem se dedicar temporariamente aos estudos a mães que desejam estender a licença maternidade além do tempo regulamentar. Também existe a possibilidade de mudar os horários de entrada e saída do trabalho, caso o profissional tenha que deixar os filhos na escola ou queira fugir do trânsito. Segundo Claudia Pohlmann, diretora de RH da empresa, a ideia é reforçar o conceito de equilíbrio entre vida pessoal e profissional. "Na prática, todos os públicos são receptivos e valorizam algum tipo de flexibilidade."
Mesmo assim, existe uma parcela de trabalhadores que ainda resiste na hora de aderir a essas políticas. Na indústria de engenharia SKF, empresa com 980 funcionários no Brasil, há aqueles que não abrem mão de ficar no escritório. A empresa implementou o home office para as áreas administrativas há três anos. De acordo com Antonio Boueri, diretor de RH da companhia, essa é uma alternativa normalmente rejeitada por profissionais que precisam do contato diário com os colegas ou que não têm um ambiente adequado em casa para trabalhar. "Na área comercial, é uma prática bem recebida. Para as demais, existe desde inadequação até preocupação de parecer pouco importante ou desprestigiado", afirma.
No caso dos funcionários mais jovens, porém, a visão já começa a mudar. Segundo Boueri, eles são os que melhor se adaptam a esse tipo de programa oferecido pela empresa. Um dado do levantamento confirma a tendência: 86% dos profissionais de até 30 anos esperam algum tipo de flexibilidade de seus empregadores.
Desenvolver projetos que ofereçam maleabilidade de horários, no entanto, não é suficiente. Segundo Rapela, da Bain & Company, é importante que os funcionários sejam estimulados a usá-los. A pesquisa mostra que, em média, 60% das empresas possuem algum modelo flexível, mas apenas 18% delas têm essas opções aproveitadas amplamente pelos profissionais. "É importante deixar claro que as pessoas que optam por essa possibilidade não perderão oportunidades de carreira e nem o respeito de colegas, clientes e chefes", diz.
A diretora de RH da DuPont afirma que afastar essa preocupação foi parte de um projeto de educação da empresa. Em 1994, quando deu início aos programas de flexibilidade, a companhia elaborou um guia que ajudava as pessoas a enfrentar a nova realidade e a entender o que era o home office. Hoje, essa política está totalmente incorporada pelos profissionais. "O conceito evoluiu muito. O profissional percebe que não estar fisicamente no escritório não o afasta do time", afirma.
Valor

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Brasil quer parceria chinesa na área de inovação

Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, explica que parte dos recursos para investimentos deve vir da receita obtida na exploração de recursos naturais, como petróleo e minério
Da Agência Estado
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse ontem em Pequim que a exploração das reservas do pré-sal vai aumentar ainda mais o peso dos bens básicos na pauta de exportações do Brasil, que corre o risco de "ficar prisioneiro da doença holandesa", fenômeno que provoca a desindustrialização em razão da forte apreciação do câmbio decorrente da exportação de produtos básicos. A entrada de dólares já levou a uma significativa alta do real, que hoje é o "problema fundamental" da falta de competitividade brasileira, avaliou Mercadante, que chegou ontem à capital chinesa para acompanhar a visita que a presidente Dilma Rousseff inicia ao país.
"Por que nosso superávit comercial caiu de US$ 40 bilhões para US$ 20 bilhões?", questionou o ministro. Segundo ele, não foi por causa dos juros altos, da carga tributária e das deficiências de infraestrutura, fatores responsáveis pela falta de competitividade brasileira. Foi por causa do câmbio.
O ministro não disse, mas o problema é especialmente agudo na relação com a China, país que intervém pesadamente para manter sua moeda em patamar depreciado em relação ao dólar, enquanto o real se valoriza de maneira constante. Em sua opinião, o caminho para mudar o perfil das exportações e da economia brasileira é o investimento em inovação. Um dos pontos altos da visita presidencial será a busca de parcerias com os chineses na área. Parte dos recursos para investimentos deve vir da receita obtida na exploração de recursos naturais, como petróleo e minério, observou o ministro.
O desequilíbrio na qualidade da pauta do comércio bilateral foi demonstrado por Mercadante com números enfáticos: o preço médio do que a China exporta para o Brasil é de US$ 3 mil a tonelada, enquanto o do que o Brasil vende para a China é de US$ 163. O Brasil também quer aprender com a experiência da China, que investe quase 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento e colocou a inovação no centro do Plano Quinquenal para o período 2011-2015, disse Mercadante. Em sua opinião, sem uma estratégia clara nesse setor, o Brasil tende a ser exportador de produtos primários e importador de bens de alto valor agregado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Revista Amanhã

Um ProUni para o ensino técnico

O programa que aloca estudantes da rede pública em instituições privadas pode servir de modelo para o governo cumprir uma promessa difícil: expandir o ensino profissionaliznte em turno integral

Por Marcos Graciani
Logo na primeira semana de governo, a presidente Dilma Rousseff deu encaminhamento a uma proposta que, há tempos, era reivindicada não só por professores e pedagogos mas também por alguns dos setores mais importantes da indústria: a expansão da oferta de ensino médio integrado com o técnico – e em turno integral. Levada a Dilma pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, a proposta permite que estudantes de todo o país passem pelos cursos regular e profissionalizante em turnos alternados. O modelo já é adotado (com sucesso) pelo chamado Sistema S, um grupo de entidades industriais que inclui Senai, Senac e Senar.

A ideia tem um propósito claro: acelerar a formação – e reduzir a escassez – de técnicos para a indústria. Na região sul, por exemplo, os representantes das três federações de indústrias afirmam em uníssono que o programa chega em hora apropriada. “É um projeto extremamente importante para um país que ainda precisa desenvolver muita tecnologia e, para isso, necessita formar muitos técnicos”, assegura Paulo Tigre, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

Para os estudantes, esse modelo “híbrido” representa uma oportunidade de construir um currículo atraente em pouco tempo – e sem abrir mão da formação básica que o ensino médio regular oferece. Conforme os dados do Serviço Nacional da Indústria do Paraná (Senai-PR), quase 90% dos estudantes garantem um emprego até mesmo antes de finalizar o curso – o percentual vem aumentando gradualmente, há 30 anos, desde que os dados começaram a ser computados. Só no Paraná, a expectativa é de que o número de vagas nas escolas técnicas dobre para 12 mil até o final deste ano. “A escola técnica exige uma postura diferente do estudante. O estímulo para a busca do conhecimento é outro”, aponta João Barreto Lopes, diretor regional do Senai-PR.

Gargalos crônicos
Embora pareça animadora à primeira vista, a ideia de proporcionar turno integral com ensino técnico esbarra em alguns obstáculos – e dos grandes. Um deles é o fato de que ainda não existe, no país, estrutura suficiente para que o sistema público leve esse modelo para a totalidade dos estudantes. Atualmente, existem apenas 800 mil vagas no ensino técnico, uma ninharia para os mais de 8 milhões de jovens que ocupam as classes do ensino médio. O governo federal é responsável por menos da metade das vagas existentes (348 mil). O restante é coberto por instituições particulares e pelo Sistema S. De início, Dilma promete inaugurar mais 46 escolas públicas até o final deste ano. Até 2014, o total deve subir para 371 – praticamente sete novas unidades por mês –, com um investimento total de R$ 2,2 bilhões. Entretanto, mesmo que a meta seja cumprida à risca, o governo conseguirá elevar o número de vagas em apenas 50%.

"A escola técnica exige uma postura diferente do estudante. É outro estímulo."
João Barreto Lopes Diretor regional do Senai-PR

Além disso, há outro velho gargalo que pode complicar, e muito, a concretização do plano: a falta de professores qualificados. Conforme os dados da Câmara de Educação Básica, que faz parte do Conselho Nacional de Educação (CNE), o Brasil teria de formar pelo menos 300 mil professores só para atender à demanda já existente no ensino técnico profissionalizante. Os cursos mais desassistidos são, justamente, os que fornecem mão de obra para os setores mais aquecidos da economia brasileira, tais como o de petróleo e gás, mecânica naval e mecatrônica. E tudo leva a crer que vai demorar para que esse gap deixe de existir. Pelos dados da Cãmara de Educação Básica, as universidades praticamente não formam professores para o ensino técnico nessas áreas. Os únicos disponíveis são os próprios egressos das escolas profissionalizantes e do Sistema S.
Finalmente, há as dificuldades crônicas de investimento em educação. Para integrar o ensino médio com o profissionalizante, o governo precisaria aplicar pelo menos R$ 21 bilhões, conforme os cálculos da CNE. O valor pode mais do que dobrar caso o governo dê ênfase à criação de vagas nas áreas mais estratégicas, como a de petróleo e gás. Em média, um aluno no ensino profissionalizante custa aos cofres públicos cerca de R$ 3 mil por ano em cursos básicos, como os de secretariado. Para cursos mais avançados, como os de mecatrônica, a conta pode chegar a R$ 7 mil por ano.
Para superar esse desafio, o governo cogita criar um sistema de bolsas nos mesmos moldes do ProUni, de tal forma que as vagas do ensino público possam ser alocadas em instituições privadas. Outra alternativa é buscar meios mais baratos, tais como a educação a distância. “O governo precisará formar educadores para viabilizar essa empreitada de forma rápida e eficaz. A educação a distância talvez seja uma excelente solução para vencer esta barreira”, diz Pedro Paulo Carbone, diretor executivo da Faculdade Ibmec Brasília e mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Alternativas
Em Minas Gerais, a Secretaria de Educação adotou uma solução semelhante à do ProUni para expandir as vagas no ensino profissionalizante. Os resultados foram animadores. Por meio do Programa de Educação Profissional, o governo mineiro abriu uma licitação para remunerar as escolas particulares no atendimento de estudantes da rede pública. Cada aluno custa, em média, R$ 4 mil por ano.
Desde que foi lançado, em 2008, o “PEP, como é chamado, já absorveu investimentos de R$ 440 milhões. Hoje, beneficia 133 mil estudantes – todos com dedicação em dois turnos. “Procuramos justamente instituições que já possuem know-how no setor, pois sabemos da dificuldade envolvendo a formação de professores. Os resultados estão sendo bastante animadores”, conta Raquel de Souza Santos, subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica de Minas Gerais. Antes do início do programa, diz ela, a rede pública mineira oferecia apenas 6 mil vagas.
A iniciativa pode ganhar adesões em breve. O governo de Minas Gerais já recebeu visitas de representantes das Secretarias de Educação de seteEstados, incluindo-se aí os três que compõem a região sul. De acordo com Sérgio Roberto Arruda, diretor do Senai-SC, as 36 unidades da instituição espalhadas por todo o Estado poderão ser utilizadas como molas propulsoras para um programa semelhante em Santa Catarina. “Há um grande interesse de unir o ensino formal ao profissional aqui”, destaca ele.
Revista Amanhã

Abimaq: máquinas asiáticas invadiram o mercado

10/04/2011) - “O mercado brasileiro está sendo invadido por máquinas e equipamentos importados”. Essa a opinião de Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, ao apresentar o balanço do setor no primeiro bimestre de 2011.
Segundo os dados apresentados pela Abimaq, o déficit comercial no período já registra US$ 2,4 bilhões (importações de US$ 4,1 bilhões contra exportações de US$ 1,66 bilhão). Na opinião do dirigente, em 2011 o déficit deve dobrar em relação ao ano passado, chegando a US$ 30 bilhões.
No primeiro bimestre de 2011, as importações de bens de capital da China e da Coréia do Sul cresceram, respectivamente, 63,1% e 83,9%, em comparação ao mesmo período de 2010. “Para sobreviver a essa invasão asiática, o setor de máquinas e equipamentos precisa que o governo sejam adotadas medidas emergenciais, incluindo barreiras técnicas, necessárias à proteção da indústria nacional”, disse o presidente da Abimaq. “Precisamos acompanhar o que o mundo todo já faz, dando condições competitivas ao fabricante nacional”.
FATURAMENTO DO SETOR - O faturamento bruto deflacionado do setor de máquinas e equipamentos em fevereiro de 2011 foi de R$ 5,81 bilhões, volume 12% superior ao do mês de janeiro de 2011 e de 11,8% em relação a fevereiro de 2010. O resultado no bimestre foi de R$ 11 bilhões com crescimento de 10,9% sobre 2010.
Os setores que tiveram desempenho positivo no primeiro bimestre de 2011 contra o mesmo bimestre do ano passado foram máquinas para trabalhar madeira, bombas e motobombas, hidráulica e pneumática, máquinas agrícolas, outras máquinas e bens sob encomenda. Já os que apresentaram um desempenho negativo nesse mesmo período foram válvulas industriais, máquinas-ferramenta, máquinas têxteis e máquinas para a indústria do plástico.
Usinagem Brasil

Siderúrgicas brasileiras querem reciprocidade de investimentos na China

Às vésperas da viagem da presidente Dilma Rousseff à China, onde deverá permanecer por seis dias, o setor siderúrgico brasileiro encaminhou carta a quatro ministros - Guido Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Antônio Palocci (Casa Civil) e Antônio Patriota (Relações Exteriores) - solicitando que o momento seja aproveitado para exigir do governo chinês a mesma reciprocidade de investimentos às empresas brasileiras naquele país que é dada às chinesas.
"As empresas brasileiras não encontram na China a mesma reciprocidade para investir que as chinesas encontram no Brasil, onde estão fazendo pesados aportes de recursos, sem limitação de capital, na aquisição de ativos, principalmente em commodities metálicas (caso de minas ferro), agrícolas e em petróleo", destacou Marco Pólo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), entidade que reúne os empresários nacionais da indústria do aço.
Para o IABr, assegurar a reciprocidade é fundamental nas relações bilaterais dos dois países. Os pontos chaves são: investimentos e participação majoritária no capital de empresas de siderurgia e mineração. "Queremos o mesmo tratamento que eles têm no Brasil", disse Lopes, antes de embarcar para a China. O documento encaminhado ao governo aponta que os investimentos chineses no Brasil estão concentrados em cinco setores - aço e mineração representaram 34% do total de US$ 13 bilhões aportados em 2010.
No ano passado, grupos chineses fizeram aquisições de pelo menos três ativos de minério de ferro no Brasil - na MMX, na Itaminas e em um projeto no norte de Minas. Além disso, compraram transmissoras de energia e 40% de um campo de petróleo. Após alguns anos de tentativas, o grupo Gerdau desistiu de montar uma fábrica de aços especiais na China, devido às restrições impostas pelo governo.
A China se tornou o divisor de águas, diz Lopes. "Pode representar alegria ou tristeza." É o maior importador de minério de ferro da Vale, mas tem como plano ampliar a autossuficiência da matéria-prima para suas usinas de aço. "Internamente, querem passar de 45% para 50%, e, no exterior, elevar a participação em minas de ferro de 15% para 50%". Por outro lado, em 2010, a China foi o maior exportador de aço para o Brasil: 1,8 milhão de toneladas (US$ 1,4 bilhão). E importou apenas 280 mil toneladas (US$ 126 milhões em divisas).
Valor

Após seis meses de estabilidade, emprego industrial cresce 0,5%

O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, em fevereiro de 2011, avançou 1,1% frente a janeiro
O emprego industrial avançou 0,5% em fevereiro, em comparação com janeiro, após apresentar estabilidade nos últimos seis meses. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação a fevereiro do ano passado, a expansão foi de 2,9%, com o contingente de trabalhadores apontando crescimento em 13 dos 14 locais pesquisados. Santa Catarina foi uma das principais contribuições positivas sobre o resultado global, com 3,1%. As outras contribuições vieram de São Paulo (2,0%), Minas Gerais (4,6%), região Norte e Centro-Oeste (4,8%), região Nordeste (3,1%) e Rio Grande do Sul (3,6%).
Nas indústrias de Santa Catarina as maiores influências positivas vieram dos setores de máquinas e equipamentos (14,5%), vestuário (5,7%) e produtos de metal (16,5%).
Ceará apontou a única taxa negativa (-0,3%) entre os locais investigados, pressionado em grande parte pela redução no total do pessoal ocupado na indústria de calçados e couro (-5,5%).
Setorialmente, ainda no indicador mensal, o emprego industrial avançou em treze dos dezoito ramos, com destaque para meios de transporte (8,7%), máquinas e equipamentos (6,7%), produtos de metal (7,5%), alimentos e bebidas (2,3%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,4%).
Por outro lado, papel e gráfica (-7,8%), vestuário (-2,0%) e madeira (-5,6%) exerceram as principais influências negativas.
Horas pagas
O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, em fevereiro de 2011, avançou 1,1% frente a janeiro, na série livre dos efeitos sazonais, após ficar estável em janeiro último (0,0%) e crescer 0,3% em dezembro e novembro de 2010.
Na comparação com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas avançou 3,2% e assinalou o décimo terceiro resultado positivo consecutivo nesse tipo de confronto.
Folha de pagamento
Em fevereiro de 2011, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria avançou 1,1% em relação ao mês imediatamente anterior, segunda taxa positiva seguida, acumulando nesse período ganho de 6,3%.
Setorialmente, o valor da folha de pagamento real cresceu em quinze dos dezoito setores pesquisados, com destaque para máquinas e equipamentos (14,3%), meios de transporte (6,9%), indústrias extrativas (9,7%), alimentos e bebidas (5,3%), produtos de metal (10,3%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (9,3%). Em sentido oposto, somente os setores produtores do fumo (-2,6%) e de madeira (-0,3%) apontaram taxas negativas.
Portal EconomiaSC

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O ponto eletrônico subiu no telhado

Angela Pimenta
Editada no ano passado pelo ministério do Trabalho, a polêmica portaria que obriga as empresas a adotar o ponto eletrônico não deve entrar em vigor tão cedo.
E num movimento de preservação do próprio pescoço, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que antes era um defensor ardoroso da novidade, agora está na moita.
Como se sabe, recentemente Lupi se atritou com a presidente Dilma Rousseff e com o setor privado ao defender um polpudo aumento para o salário mínimo. Acabou perdendo a parada e se chamuscando com Dilma.
Se vier a insistir a favor do ponto eletrônico, pode voltar a se queimar.
Teoricamente, a adoção da novidade pelas empresas deveria ter-se tornado obrigatória desde o último dia 1 de abril. Mas diante da saraivada de críticas das empresas e até das centrais sindicais, o ministério adiou novamente a obrigatoriedade para o início de setembro.
Agora, o governo estuda a criação de um grupo de trabalho que reúna representantes do ministério, de patrões e empregados. Mas caso não haja um acordo, é possível que o ponto eletrônico, que já subiu no telhado, não saia mais de lá.
Revista Exame

Indústria eleva faturamento e total de horas trabalhadas

O faturamento e as horas trabalhadas no setor industrial aumentaram 6,9% e 2,6%, respectivamente, em fevereiro frente a janeiro, segundos dados com ajuste sazonal, pesquisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No primeiro bimestre, as altas dos indicadores, em relação a igual período de 2010, foram de 11,1% e 5,4%. Na comparação de fevereiro deste ano com o mesmo mês do ano passado, as variações foram de 14,3% e de 6,7%, respectivamente.
A expansão em bases elevadas desses dois indicadores, diretamente associados à produção, mostra que o setor industrial iniciou o ano em ritmo aquecido, influenciado pela demanda interna e contrariando a tendência de desaceleração para o período.
Para a CNI, as taxas de aumento do faturamento e das horas trabalhadas estão contaminadas pelo efeito calendário de maior número de dias úteis em fevereiro e não refletem a expansão real do parque fabril. Para a entidade, a ausência do Carnaval em fevereiro antecipou a produção no mês e terá por consequência a redução do nível de atividade em março.
"Não há retomada tão intensa quanto os números sugerem", afirmou o gerente da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "Os dados de março tendem a mostrar sinais de desaceleração", acrescentou, citando a queda de 0,4% na produção de veículos em março frente a fevereiro.
Castelo Branco explicou que o modelo de dessazonalização usado pela CNI não consegue eliminar o efeito calendário no cálculo das variações, quando feriados tradicionalmente fixos são transferidos para datas não convencionais. (LO)
Valor

CNI: vendas reais da indústria sobem 14,3% em fevereiro

Na comparação com janeiro de 2011, houve alta de 6,9%. Este foi o primeiro avanço, em base mensal, após dois meses seguidos de queda
Da Agência Estado
A atividade industrial cresceu em fevereiro no Brasil, segundo dados divulgados hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). As vendas reais, que reproduzem o faturamento da indústria de transformação, cresceram 14,3% em fevereiro na comparação com igual período de 2010. Na comparação com janeiro de 2011, em termos dessazonalizados, houve alta de 6,9%. Este foi o primeiro avanço, em base mensal, após dois meses seguidos de queda.
As horas trabalhadas, que medem o ritmo da produção, subiram 6,7% em fevereiro em relação a um ano antes e avançaram 2,6%, descontando os fatores sazonais, ante janeiro. A indústria continuou contratando em fevereiro, sendo que os postos de trabalho cresceram 4,1% em relação a fevereiro do ano passado. O emprego dessazonalizado cresceu 0,4% em fevereiro ante janeiro.
A massa salarial real (descontada a inflação) na indústria subiu 5,8% na comparação com fevereiro de 2010. Como a série histórica é curta, a CNI não divulga o indicador de massa salarial na comparação com mês anterior, em termos dessazonalizados. O rendimento médio real na indústria subiu 1,6% em fevereiro ante fevereiro do ano passado. Este indicador também não tem a comparação com o mês anterior.
No acumulado do primeiro bimestre de 2011, as vendas reais subiram 11,1% ante igual período de 2010, enquanto as horas trabalhadas aumentaram 5,4%, na mesma base de comparação. O emprego industrial avançou 4,4% em janeiro e fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. A massa salarial real acumula alta de 5,8%, enquanto o rendimento médio real subiu 1,2%, na mesma base de comparação.
Capacidade instalada
A utilização da capacidade instalada na indústria de transformação atingiu 83,6% em fevereiro deste ano, segundo a CNI. De acordo com o documento Indicadores Industriais, a capacidade instalada de fevereiro ultrapassou o período pré-crise em 0,4 ponto porcentual. Em janeiro deste ano, a indústria operou, em média, com 83,1% da capacidade instalada, enquanto em fevereiro de 2010 o nível era de 81,0%, conforme os dados dessazonalizados.
Revista Amanhã