quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Mais da metade das indústrias do Brasil ainda sentem efeitos da crise

Mais da metade das indústrias do País - 59% do total - ainda sentem os efeitos da crise financeira global, que atingiu o Brasil no fim de 2008 até o ano passado. Esses impactos são sentidos, sobretudo, na redução das exportações e na maior dificuldade de acesso ao crédito, revela a Sondagem Especial – A Indústria antes e depois da crise, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira (23).
De acordo com o estudo, a questão do crédito foi importante na decisão das empresas de retomar os investimentos planejados. Entre as indústrias que não retomaram os investimentos e que buscaram crédito, 59% consideram que o acesso a empréstimos está mais difícil que antes da crise. Já entre as empresas que retomaram os investimentos, apenas 27% afirmaram que a obtenção de financiamento está mais difícil.
Pela ótica das indústrias afetadas negativamente pela crise, 35% responderam que o acesso ao crédito continua mais difícil do antes da crise. No entanto, para 51% delas, a facilidade de obtenção de recursos hoje é igual à observada anteriormente à crise.
Em relação às exportações, 51% das empresas exportadoras afirmaram que a demanda externa por seus produtos é menor do que antes da crise. Para pelo menos 70% das indústrias dos setores de couros, madeira e máquinas e materiais elétricos que exportam, as vendas ao mercado externo diminuíram em relação ao período pré-crise.
Inadimplência - A situação financeira é semelhante ou melhor hoje para 63% das empresas afetadas pela crise. Para 37% delas, a situação é pior. A inadimplência no mercado se mantém igual ao período pré-crise para 64% das indústrias e cresceu para 24%. Nos setores farmacêutico, edição e impressão e borracha, a inadimplência aumentou para, pelo menos, 40% das empresas.
Para 68% das empresas que sentiram os efeitos negativos da crise, a demanda interna é maior hoje ou permanece inalterada em relação à fase pré-crise, enquanto que para 32% o mercado doméstico se reduziu. A produção aumentou ou permanece a mesma para 63% das empresas e diminuiu para 36% delas. Em relação ao número de empregados, 69% responderam que houve crescimento ou se manteve estável, enquanto que para 27% houve redução.
Do total de empresas ouvidas pela pesquisa, 72% responderam que foram afetadas pela crise. Dessas, 90% afirmaram que o impacto foi negativo. Para 20 dos 27 setores da indústria de transformação analisados, os impactos da crise ainda não foram totalmente superados. Os setores que se declararam mais afetados foram calçados, couros, madeira e móveis.
A Sondagem Especial foi realizada de 30 de junho a 20 de julho último com 1.353 empresas, das quais 771 pequenas, 393 médias e 189 de grande porte.
Fonte: Jornal do Commercio - 27/09/2010

Empresas dos setores metalúrgico, mecânico e térmico podem ser autuadas a partir de outubro

MTE irá fiscalizar o cumprimento de convenção coletiva referente a prensas mecânicas e hidráulicas e equipamentos similares
Encerra no dia 30 de setembro o prazo para as empresas dos setores metalúrgico, mecânico e térmico de Joinville concluir a elaboração do Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Equipamentos Similares (PPRPS). A sua implementação será dentro dos 48 meses restantes. O cronograma foi estabelecido em 15 de abril, com a assinatura da convenção coletiva para melhoria das condições de trabalho em prensas mecânicas e hidráulicas e equipamentos similares de Joinville.
A partir de outubro, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fará a fiscalização nas empresas e aquelas que não estiverem cumprindo o acordo serão autuadas. “A Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Joinville contará, inclusive, com o apoio de outras gerências do estado”, informa Ricardo Bessa Albuquerque, auditor-fiscal do MTE. Albuquerque lembra que todas as empresas dos setores envolvidos, independente de serem associadas ou não aos sindicatos, terão de cumprir o que determina o documento.
O acordo prevê que todas as cerca de 1.300 empresas do setor, usuárias de prensas mecânicas e hidráulicas e equipamentos similares abrangidas pela convenção, devem instalar dispositivos de proteção ao trabalhador para promover a sua saúde e segurança. Para isso foi estabelecido um cronograma para elaboração e implementação do PPRPS que começou a valer na data da assinatura da convenção.
Para assegurar as adequações dos ambientes fabris das três categorias econômicas convenentes – metalúrgicas, mecânicas e térmicas - estima-se que o investimento das empresas ultrapasse a casa dos R$ 100 milhões.  O investimento, além da melhoria das condições de trabalho, deverá gerar uma queda significativa nos acidentes de trabalho com os conseqüentes reflexos nos FAPs, - Fator Acidentário Previdenciário das empresas.
Legislação
A proteção acidentária é determinada pela Constituição Federal como ação integrada de Seguridade Social dos Ministérios da Previdência Social, Trabalho e Emprego e Saúde.  Essa proteção deriva do art. 1º da Constituição Federal que estabelece como um dos princípios do Estado de Direito o valor social do trabalho. O direito social ao trabalho seguro e a obrigação do empregador pelo custeio do seguro de acidente do trabalho também estão previstas no artigo 7º da Constituição Federal.
Quem assinou o acordo:
Pelos empregados:
Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos na Fundição, na Siderurgia e na Indústria do Material Elétrico de Joinville
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Refrigeração Aquecimento e Tratamento de Ar, Indústrias de Compressores Herméticos para Refrigeração e Indústrias de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares de Joinville
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Oficinas Mecânicas de Joinville e Região.
Pelos empregadores:
Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e do Material Elétrico de Joinville (Sindimet)
Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar, de Compressores Herméticos para Refrigeração e de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares de Joinville (Sinditherme)
Sindicato da Indústria Mecânica de Joinville e Região (Sindimec)
Entidades:
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Santa Catarina
Fundacentro/SC (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho)
Cerest/Joinville (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Macro-Região de Joinville).

Descontada, siderurgia desperta apetite

Alessandra Bellotto
Ibovespa sobe 0,60% e fecha acima dos 69 mil pontos
O setor de siderurgia, pelo segundo dia consecutivo, marcou presença entre as maiores altas do Ibovespa, que subiu 0,60%, a 69.227 pontos. As ações preferenciais (PN, sem voto) classe A da Usiminas subiram 2,67% e as ordinárias (ON, com voto), 1,88%. Já as ONs da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) registraram alta de 2,53%, as preferenciais da Gerdau Metalúrgica, 2,38%, e da Gerdau, 2,10%.
O comportamento chamou a atenção do mercado, uma vez que o cenário para as siderúrgicas brasileiras permanece desfavorável, com estoques altos, importações em nível recorde e queda de preços. Mas, com exceção da CSN, que sobe 9,01% no ano, as ações de Gerdau e Usiminas amargam prejuízo em 2010, abrindo espaço para apostas mais técnicas. "A procura por papéis de siderurgia tem a ver com a desvalorização no ano, é mais um ajuste de carteira", acredita o gestor da RTI Gestão de Ativos Fábio Anderaos.
As PNs da Gerdau têm perda de 18,92% no ano, muito influenciada pelo cenário ruim para a economia americana, e as PNAs da Usiminas acumulam baixa de 6,20%. O que tem ajudado a CSN, aponta Anderaos, é a forte exposição no negócio de minério de ferro, hoje mais promissor do que o aço. Além disso, há melhores margens e atuação no nicho de embalagens, que cresce na onda do aumento do consumo interno.
Mas ele destaca que as siderúrgicas brasileiras, apesar do cenário nada brilhante no curto prazo, são empresas com bons fundamentos e, portanto, sempre encontram compradores. Para Anderaos, pode ter investidor que, ao varrer o mercado em busca de empresas baratas, tenha preferido apostar em um setor que tem liquidez, como o siderúrgico, que em ações menos conhecidas.
O rali nos últimos dias pode ter sido puxado por notícias de preços melhores na Europa e Ásia, aponta o analista de siderurgia e mineração da Link Investimentos, Leonardo Alves. O raciocínio é de que preços maiores no exterior ajudam a reduzir o prêmio a que está sendo negociado o aço no mercado doméstico em relação ao internacional, fator que contribuiu para o aumento das importações. Indiretamente, isso ajudaria as brasileiras.
Mas, na visão de Alves, a alta é exagerada, já que, concretamente, não houve melhora no cenário para o setor. "As ações podem até andar um pouco, mas porque estão descontadas."
A maior alta do Ibovespa ontem foi de OGX Petróleo ON (+3,00%, a R$ 20,96). A empresa anunciou na segunda-feira que conclui novo teste de formação no poço OGX-18, que apontou boa produtividade e petróleo de qualidade.
Alessandra Bellotto é repórter de Investimentos. A titular da coluna, Daniele Camba, está de licença.
E-mail alessandra.bellotto@valor.com.br
Fonte: Valor Econômico

Expectativa do industrial de Santa Catarina na economia é positiva, aponta pesquisa feita pela Fiesc

A expectativa dos industriais de Santa Catarina quanto ao comportamento da economia nos próximos seis meses é positiva. O indicador de setembro fechou em 62,6 pontos, mantendo-se praticamente estável em relação a agosto, quando o índice alcançou 62,5 pontos. Os dados são da pesquisa Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O Icei varia num intervalo de 0 a 100. Acima de 50 indica confiança na economia e abaixo, falta de confiança. O presidente do Sistema Fiesc, Alcantaro Corrêa, destaca que a confiança dos empresários na economia tem ficado em patamares elevados e sempre acima da média histórica. “Apesar de registrar pequenas oscilações, a pesquisa mostra a disposição dos industriais em manter os investimentos, especialmente nesse período em que muitos segmentos já se preparam para atender as demandas do final de ano”, diz Corrêa.
Em setembro, o Icei fechou em 59,8 pontos, acima da média histórica, calculada desde 1999, que é de 58,7 pontos. Invertendo a avaliação do mês passado, os empresários do setor de transformação estão mais otimistas que os do segmento da construção civil. O índice de confiança da indústria de transformação registrou 59,8 pontos enquanto o da construção civil alcançou 57,2 pontos.
O índice que mede as condições atuais da economia somou 54,2 pontos em setembro. Isso mostra que os empresários seguem confiantes embora o dado de setembro tenha registrado queda de 1,5 ponto em relação a agosto.
A pesquisa, realizada entre os dias 31 de agosto e 21 se setembro, teve a participação de 132 empresas de todos os portes e inclui companhias da indústria de transformação e da construção civil.
fonte: Noticenter

Mercado eleva estimativa para PIB e inflação em 2010

A projeção de crescimento da economia brasileira passou de 7,47% para 7,53%. Já a expectativa de alta de preços subiu de 5,01% para 5,05%
O mercado financeiro elevou a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, segundo a pesquisa semanal Focus, divulgada hoje pelo Banco Central (BC). A estimativa de crescimento da economia brasileira neste ano passou de 7,47% para 7,53%. Para 2011, a previsão para o PIB foi mantida em 4,50%.
Já a expectativa para a alta de preços acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano avançou de 5,01% para 5,05%, em um patamar acima do centro da meta de inflação para 2010, que é de 4,50%. Também na pesquisa Focus, a estimativa para o IPCA em 2011 teve um leve ajuste para baixo, de 4,95% para 4,94%.
No caso da inflação de curto prazo, o mercado subiu de 0,39% para 0,41% a previsão para o IPCA de setembro. Para a inflação de outubro, houve leve alta de 0,45% para 0,47% nas previsões, de acordo com a Focus. Já a estimativa para a produção industrial em 2010 seguiu em 11,37%. Para o ano que vem, a projeção para a expansão da indústria segue em 5%.
Juros e dólar

De acordo com a pesquisa Focus, a previsão para a Selic (a taxa básica de juros da economia) para o fim do ano continuou em 10,75% ao ano. Já a projeção para a taxa no fim de 2011 seguiu em 11,75% ao ano. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano.
Os analistas também mantiveram o patamar esperado pelo dólar no fim do ano. A taxa de câmbio esperada para o fim de dezembro ficou em R$ 1,75 por dólar. Para o fim de 2011, a expectativa para a moeda americana continuou em R$ 1,80. A previsão do câmbio médio no decorrer de 2010 permaneceu em R$ 1,78 e do câmbio médio em 2011 passou de R$ 1,79 para R$ 1,80.
Contas externas
O mercado financeiro manteve as previsões para o déficit nas contas externas em 2010. A previsão para o déficit em conta corrente neste ano é de US$ 50 bilhões. Para 2011, a previsão de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos continuou em US$ 60 bilhões.
Já a previsão de superávit comercial em 2010 permaneceu em US$ 15 bilhões. Para 2011, a estimativa para o saldo da balança comercial subiu de US$ 9,90 bilhões para US$ 9,95 bilhões. Analistas não alteraram a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2010, de US$ 30 bilhões. Para 2011, a previsão permaneceu em US$ 38,0 bilhões.
Portal Revista Amanhã

O 'bom' e ultrapassado Imposto Sindical

Paulo G. S. Périssé
Os trabalhadores brasileiros geralmente não se dão conta, mas faz mais de meio século, dedicam um dia de trabalho por ano para custear a estrutura sindical brasileira. Como um dos pilares desse modelo o chamado imposto sindical é exigido de todos os trabalhadores formais independente de sua filiação ao sindicato. Seu recolhimento é obrigação dos empregadores e a distribuição é atribuição do Ministério do Trabalho e Emprego. Tantas vezes combatido, especialmente pela vertente do novo sindicalismo nascido nas fábricas do ABC paulista nos anos 70, o fato é que mesmo após o advento da Constituição de 1988 e a ascensão ao poder dos movimentos que historicamente combatiam sua existência, parece surpreendente que sua manutenção persista. Por que esse estado de coisas e como se tornou um obstáculo à estruturação do sindicalismo legítimo e autônomo?
Na pista por tais respostas, em primeiro lugar, vale lembrar que o Brasil, como Estado integrante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) até hoje não ratificou uma das convenções mais importantes relacionadas ao tema do direito sindical: a de número 87 que cuida da liberdade e da autonomia sindicais. Isso se deve, em parte, ao fato de nosso ordenamento jurídico, reformulado em 1988, estabelecer como princípio a liberdade sindical, por um lado, e, contraditoriamente, manter essa contribuição compulsória dos trabalhadores e a unicidade sindical, ou seja, a representação exclusiva dos trabalhadores dentro de uma base territorial balizada por lei.

Não fosse essa uma questão polêmica no campo político, com seus inusitados desdobramentos com as entidades sindicais alternando seus posicionamentos e sua ação, ora na defesa e ora postulando sua extinção, o fato é que tal contribuição tem se prestado à manutenção tardia da estrutura sindical constituída na longeva era Vargas.
A contribuição mantém a estrutura sindical constituída na longeva era Vargas
Isso talvez se explique porque a ideia original de sustentação econômica da estrutura armada pelos ideólogos do regime em muitos aspectos passou a ser funcional à manutenção do poder das altas cúpulas do movimento sindical. Pode-se especular que a possibilidade de controlar o movimento dos trabalhadores pelo alto, sem exigências ou pressões de maior monta oriundas da base do movimento justificam sua manutenção dentro de um horizonte de "liberdade e autonomia". A força dessa dinâmica ficou tão mais evidente quando da recente incorporação das centrais sindicais à estrutura jurídica então existente. Não apenas foram incorporadas, por sinal os fatos já há muito justificavam esse movimento, mas paradoxalmente passaram a postular nova contribuição arrecadada de toda a massa trabalhadora independente da filiação, sob novo rótulo - contribuição negocial.
O fato é que, justificada a persistência de tal modelo de financiamento por seus altos dirigentes e distanciada sua ação das bases com a perpetuação de verdadeiras castas sustentadas com contribuições compulsórias dos trabalhadores, criou-se no Brasil um forte obstáculo para a efetivação dos princípios da autonomia e da liberdade sindicais.
Mas se, por um lado, a estrutura revela fraturas com a fragmentação do movimento sindical já hoje beirando a casa das dez mil entidades, por outro se mantém os baixos níveis de filiação, no patamar inferior a 20% dos trabalhadores formais. Um resultado dessa dissociação entre o incremento do número de entidades e o baixo nível de trabalhadores filiados aos sindicatos, pode-se especular, aponta para a formação de novas cúpulas dentro do sindicalismo estimuladas pelo acesso aos recursos oriundos do imposto sindical, hoje em valores superiores a um 1 bilhão por ano. A fragmentação, nesse sentido, longe de significar o avanço rumo à efetiva aplicação dos princípios constitucionais mencionados, replica a lógica da separação entre as bases e as cúpulas do sindicalismo.
Essa dinâmica é dramatizada com a intervenção habitual do sistema judicial trabalhista que, chamado a lidar com o fato da fragmentação e sem parâmetros de ação, de uma forma ou de outra atua como elemento de preservação do modelo estruturante das relações coletivas de trabalho.
Percebe-se, portanto, como a manutenção da contribuição compulsória permite, de certa forma, a sobrevivência dessa estrutura cuja legitimidade junto aos seus representados é frontalmente contestada, como evidenciam os baixos níveis de filiação. Ao mesmo tempo não parecem existir vozes articuladas e organizadas no espectro político que se disponham a promover reformas significativas nesse campo. Há, ainda, uma aparente comunhão de interesses entre as cúpulas do sindicalismo brasileiro na manutenção desse cenário. Portanto, salvo novos ventos, que não parecem soprar mesmo em tempos de eleições presidenciais, o fato é que o sindicalismo de cúpula ganhou novo impulso com o modelo híbrido criado a partir de 1988. Por um lado adotamos os princípios constitucionais da liberdade e da autonomia sindicais e, por outro, paradoxalmente, mantivemos o vértice da estrutura montada no período Vargas.
Paulo Guilherme Santos Périssé é professor de direito do trabalho no IBMEC-RJ, especialista em administração Judiciária pela FGV, mestre e doutorando IUPERJ, Juiz do Trabalho no Rio de Janeiro
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações
Fonte: Valor Econômico

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Empresários do Sul são os menos otimistas no aumento dos lucros

A maioria dos empresários da região Sul está mais otimista e irá aumentar sua expectativa de faturamento para o quarto trimestre do ano, segundo pesquisa da Serasa Experian.
O estudo mostra que 84% pretendem rever o seu faturamento para cima. O número, porém, fica abaixo da média nacional, com 87% do empresariado otimista. No país, os que vão manter as suas expectativas são 41%.
Entre os Estados, o que mais enxerga um final de ano melhor é o Nordeste, com 94% dos empresários nessa posição. Na sequência estão o Norte (87%), o Sudeste (86%), o Centro-Oeste (86%) e, por fim, o Sul (84%).
Entre os empresários do setor de serviços e do comércio, 87% reavaliam positivamente suas perspectivas de faturamento para o final de ano. Na indústria são 86%.
Na comparação por porte, o pequeno e o médio se igualam com 87% e as grandes empresas ficam com 83% de seus empresários acreditando que o faturamento de seu negócio crescerá.
Fechamento para 2010
Dos empresários entrevistados, 69% deles dizem que neste ano vão aumentar seu faturamento sobre 2009; para 20% será igual e para 11% cairá.
Vale lembrar que 2010 começou com 85% dos empresários acreditando em evolução do faturamento, parcela que veio gradualmente caindo, por conta do aperto monetário.
A indústria é o segmento que deve encerrar o ano com maior composição de empresários otimistas (71%), depois dos prejuízos do setor com a crise, em 2009. Na mesma direção estão comércio (69%) e serviços (68%).
As médias empresas apresentam 74% de seus empresários respondendo que 2010 será melhor que o ano anterior, acompanhadas das grandes (72%) e pequenas (67%).
Novamente o Nordeste desponta como a região que espera melhores resultados para 2010. São 77% de seus empresários apostando nisso. Depois estão o Norte e o Sul, ambos com 69%; Sudeste 68% e o Centro-Oeste 59%.
Quadro de funcionários
Para o quarto trimestre do ano, apenas 30% dos empresários brasileiros vão ampliar seu quadro de funcionários, que é a menor parcela registrada nesta categoria em 2010.
Do total, 63% vão manter o pessoal atual e 7% vão reduzi-lo.
A indústria (38%) e os serviços (32%) são os setores que mais devem contratar no período. As instituições financeiras têm 29% das opiniões de seus executivos e o comércio tem 23% neste sentido.
O Nordeste tem 37% de seus empresários com intenção de aumentar a contratação, seguidos pelo Sudeste (32%), Centro-Oeste (27%), Norte (25%) e Sul (24%). De qualquer forma, a maioria dos entrevistados, independentemente de setor, porte e região vão manter o quadro atual.
Investimentos
No quarto trimestre de 2010, 30% dos entrevistados falaram em empreender mais investimentos. 58% vão manter os planejados, 3% vão cortar recursos e 9% vão postergá-los.
As instituições financeiras lideram a expansão de investimentos, com 46% de seus executivos apontando neste sentido. A indústria (32%), comércio (31%) e serviços (27%), também possuem planos de investir.
30% dos pequenos empresários vão ampliar os investimentos. Nas médias e grandes são 28% em cada uma.
Por região, o Centro-Oeste (39%) lidera a intenção de aumentar investimentos. Bem de perto está o Nordeste, com 37%. No Sudeste e Sul são 28% dos empresários de cada um que vai investir mais no último trimestre do ano.
Condições de crédito
Na visão da indústria, comércio e serviços, 60% acham que as condições de crédito vão se manter as mesmas no quarto trimestre, em relação ao anterior. Para 28% serão melhores e para 12% piorarão.
Na abordagem por segmento, o perfil praticamente não se altera. Na indústria são 29% acreditando em melhores condições, no comércio são 28% e nos serviços 27%.
Por porte, a perspectiva é bem semelhante, 28% dos pequenos e médios empresários apontam melhores condições de crédito. Nas grandes empresas são 27%.
O Norte (41%) e o Nordeste (34%) se distinguem em acreditar em melhores condições de crédito. No Sudeste são 28%, no Centro-Oeste e Sul são 25% em cada uma. Para a maioria dos empresários entrevistados, as condições de crédito atuais não sofrerão alteração no último trimestre.
Oferta de crédito
Na visão das instituições financeiras, 69% de seus executivos destacam que a oferta de crédito às empresas aumentará no quarto trimestre do ano em relação aos três meses anteriores. É a maior parcela de respondentes nesta opinião no ano. Para 29% fica a mesma e para 2% se reduz.
As instituições financeiras também vão aumentar a oferta de crédito para as pessoas físicas neste final de ano, de acordo com 74% de seus executivos. Para 23% vai ficar igual e para 3% vai cair.
Análise da Serasa
Ainda que tenha aumentado a parcela dos que vão rever seu faturamento para cima no último trimestre do ano, 41% de todos os empresários do país ainda não foram convencidos de mudar seu planejamento. Existem aspectos que os empresários consideram em suas decisões, como o aumento do endividamento e da inadimplência do consumidor, os estoques, as questões sobre os juros futuros (as condições de crédito), a dimensão da oferta de crédito para seu negócio e a valorização do real entre outros.
Neste panorama, a maioria dos empresários (59%) está otimista, mas também existem os cautelosos (41%). Mesmo assim, há a expectativa de que a economia brasileira tenha um bom final de ano.
O Nordeste, mais uma vez, aparece como destaque, graças ao crescimento do mercado interno. As empresas que para lá se transferiram estão gerando emprego e renda, que se somam aos programas sociais de geração de renda nas áreas mais carentes, e ao dinamismo do turismo local. Os investimentos, condições de crédito e quadro de funcionários seguem como esperados para o 4º trimestre do ano.
A Pesquisa Serasa Experian de Perspectiva Empresarial para o quarto trimestre foi a campo de 30 de agosto a 3 de setembro e entrevistou 1.015 empresas de todos os portes, setores e atividades, em todo o país.
Portal Economia SC

Confiança da indústria de SC na economia cai em setembro

A confiança da indústria catarinense na economia do país diminuiu em setembro. O índice de confiança, calculado pela Federação das Indústrias (Fiesc), ficou em 60,2 pontos no mês. Em agosto, havia registrado 59,8 pontos.
O presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa, destaca que, apesar da queda, a confiança dos empresários na economia tem ficado em patamares elevados e sempre acima da média histórica. "Apesar de registrar pequenas oscilações, a pesquisa mostra a disposição dos industriais em manter os investimentos, especialmente nesse período em que muitos segmentos já se preparam para atender as demandas do final de ano", diz Corrêa.
Invertendo a avaliação do mês passado, os empresários do setor de transformação estão mais otimistas que os do segmento da construção civil. O índice de confiança da indústria de transformação registrou 59,8 pontos enquanto o da construção civil alcançou 57,2 pontos.
O índice é composto pela confiança dos empresários de Santa Catarina no momento atual da economia e também pela sua expectativa em relação à economia dos próximos seis meses.
A parte do índice que mede as condições atuais da economia somou 54,2 pontos em setembro. Segundo a Fiesc, isso mostra que os empresários seguem confiantes embora tenha diminuído em relação a agosto (55,7 pontos).
A expectativa dos industriais quanto ao comportamento da economia nos próximos seis meses também é positiva. O indicador de setembro fechou em 62,6 pontos mantendo-se praticamente estável em relação a agosto, quando o ficou em 62,5 pontos.
A pesquisa foi realizada entre 31 de agosto e 21 se setembro e teve a participação de 132 empresas de todos os portes, incluindo companhias da indústria de transformação e da construção civil.
Portal Economia SC

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Salário médio do trabalhador em agosto é o maior em 8 anos, diz IBGE

Rendimento real médio foi de R$ 1.472,10 no período.
Na comparação anual, salário dos trabalhadores teve aumento de 5,5%.

O rendimento real médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.472,10 em agosto e é o maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo pesquisa mensal divulgada pelo órgão nesta quinta-feira (23). O recorde anterior, conforme informou o órgão, foi registrado no mês anterior, julho, quando o salário médio ficara em R$ 1.451,91.
Região Salário médio em agosto
Recife R$ 1.078,10
Salvador R$ 1.231,90
Belo Horizonte R$ 1.396,40
Rio de Janeiro R$ 1.522,20
São Paulo R$ 1.580,10
Porto Alegre R$ 1.421,50
Fonte: IBGE
Na comparação mensal, com julho, o rendimento médio subiu 1,4%. Já sobre agosto do ano passado, o aumento foi maior, de 5,5%.
Nas seis regiões pesquisadas pelo IBGE, na comparação com o mês anterior, o rendimento médio real dos trabalhadores cresceu em Recife (4,4%), Salvador (3,3%), Rio de Janeiro (2,5%) e em São Paulo e Porto Alegre (0,7%). Em Belo Horizonte, os salários ficaram estáveis em agosto.
Já em relação a agosto do ano passado, todas as regiões tiveram alta, liderada por Recife (17,5%). Em seguida, aparecem Salvador (7,7%), Belo Horizonte (6,6%), Rio de Janeiro (5,7%), São Paulo (3,8%) e Porto Alegre (6,4%).
Desemprego
Nesta mesma pesquisa, foi divulgada a taxa de desemprego, que ficou em 6,7% em agosto. A taxa é a menor, considerando todos os meses, desde março de 2002, quando teve início a série histórica do órgão. O menor resultado antes desse havia sido registrado em dezembro de 2009, com taxa de 6,8%.
Fonte - G1

Para CNI, 59% das indústrias ainda não se recuperou da crise

Segundo documento, 21% das empresas que cancelaram investimentos não conseguiram retomá-los
Apesar de os principais indicadores de atividade da indústria brasileira já estarem melhores que os registrados em setembro de 2009, a crise financeira internacional ainda não foi superada por todas as empresas do setor, sobretudo por aquelas que mais exportam. A avaliação foi feita hoje pelo gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Hoje, a CNI divulgou os resultados de uma sondagem especial sobre a crise.
O estudo mostra que uma parcela de 65% da indústria brasileira foi afetada pela crise e que, desse conjunto, 59% ainda sentem os efeitos perversos do abalo global.
— Olhando os indicadores, pode parecer que a crise é uma coisa do passado, mas ela ainda afeta um conjunto de empresas — afirmou Castelo Branco.
Segundo o economista, mesmo com o crescimento do faturamento industrial nos últimos meses, caminhando rumo a um recorde em 2010, a crise deixou sequelas.
— O faturamento total no setor está 4% acima do verificado em setembro de 2008. Em condições normais, estaríamos bem acima. Precisamos lembrar que os dados de faturamento e produção são a média de toda a indústria, mas ainda existem segmentos que não se recuperaram — completou.
Um dos resquícios da turbulência mundial, segundo ele, está no volume de recursos aplicados em novos projetos. Segundo o documento, 21% das empresas que cancelaram investimentos ainda não conseguiram retomá-los, enquanto 27% diminuíram seus planos iniciais. Entre as empresas mais atingidas, os segmentos exportadores são os de menor ritmo de recuperação, uma vez que a demanda externa ainda não retornou ao nível pré-crise.
— A crise ainda se mostra como fator de limitação para um conjunto não desprezível das indústrias brasileiras, com dano maior para as que dependem da retomada da demanda externa. Ainda assim, o efeito do abalo no País foi menor do que em outras economias, devido à forte demanda interna, a qual tem sido a alavanca da recuperação da indústria — concluiu.
AGÊNCIA ESTADO

Governo cria conselho que reunirá as centrais e as entidades patronais

João Villaverde | De São Paulo
Depois da medida provisória que concede reajustes reais anuais ao salário mínimo e da repartição do imposto sindical à seis maiores centrais sindicais do país, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criará, até o início de novembro, a última das três grandes demandas que os dirigentes sindicais encaminharam a Lula desde o início de seu governo: o Conselho de Relações do Trabalho (CRT).
O "Diário Oficial da União" publicou, no início do mês, a portaria 2.092 do Ministério do Trabalho, que dá prazo máximo de 60 dias para que o CRT seja institucionalizado. Segundo apurou o Valor, a medida agrada não só sindicalistas, mas também empresários, que terão participação ativa no órgão.
Segundo a portaria, o conselho será composto de um representante de cada uma das seis confederações patronais com registro em Brasília e um de cada uma das seis centrais reconhecidas pelo governo. A lista de nomes, de ambos os lados, deve ser entregue ao ministério até o dia 3 de outubro, cerca de 30 dias antes da instalação formal do CRT.
Enquanto que do lado patronal as indicações ficam a cargo de cada confederação, do lado sindical devem ser seguidos os critérios de representatividade elaborados desde 2008 pelo governo. Assim, as maiores centrais terão mais assentos. Como, no entanto, o número de vagas é fixo - seis cadeiras - essa prerrogativa já gera debates mais quentes.
O interesse em participar do conselho é grande, uma vez que o CRT institucionaliza o antigo Fórum Nacional do Trabalho, criado no início do governo Lula, em julho de 2003, com o objetivo de realizar as "reformas sindicais e trabalhistas". O fórum, coordenado por Ricardo Berzoini e Osvaldo Bargas, respectivamente, ministro do Trabalho e secretário de Relações do Trabalho do ministério no primeiro governo Lula, gerou dissenso no movimento - uma das discussões provocou um racha na Força Sindical, o que gerou a criação da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).
"Trata-se de uma luta antiga das centrais, que querem espaço de diálogo contínuo com o Estado e com os empresários", diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, a segunda maior central, de acordo com as estimativas do governo.
O CRT será um espaço para dois tipos de reuniões: uma entre integrantes do governo - indicados pelo Ministério do Trabalho - e sindicalistas; e outra entre governo e representantes empresariais. Essas reuniões terão caráter decisório, isto é, poderão definir regras a serem seguidas pelos dois lados.
Casos como perpetuação no poder de entidades sindicais - tanto de trabalhadores como de empresários - poderão ser atacados por meio de definições do CRT, que servirão, nas palavras de um líder empresarial, de "platitudes".
Há 15 dias, o Sindicato Trabalhista de Carnes Derivados Chapecó (SC), que representa os trabalhadores da fábrica da Sadia na cidade, passou por sua primeira eleição em 22 anos. O pleito, no entanto, não ocorreu por definições internas, mas graças à intervenção do Ministério Público, após ação movida em conjunto por integrantes do Conlutas e da CUT.
"O Ministério Público não deve entrar em assuntos sindicais, mas isso só ocorreu porque o sindicato não teve práticas democráticas", diz Juruna, para quem o CRT pode estabelecer um marco fundamental. "Podemos definir a realização de eleições a cada três anos, por exemplo, o que também daria maior legitimidade ao sindicato nas negociações salariais com as empresas", avalia.
Para Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o conselho pode servir para evitar a criação de diferentes sindicatos para uma mesma categoria. Patah, que se encontrou na semana passada com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, avalia que o país vive uma "anarquia sindical". Para ele, "os sindicatos se desmembram de acordo com interesses econômicos, e a sociedade perde muito com isso".
Situação semelhante ocorre do lado patronal. O empresário Nelson de Abreu Pinto acumula a presidência de três entidades: o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo (SinHoRes-SP), da federação do setor em São Paulo (FeHoRes-SP) e da Confederação Nacional do Turismo (CNTur). Além disso, na semana passada, o SinHoRes-SP aprovou, em assembleia, a subdivisão em duas entidades - o SinHoRes-Osasco e o SinHoRes-Santana de Parnaíba.
Segundo apurou o Valor junto a fonte próxima à CNTur, uma das novas entidades será presidida pelo filho do presidente do SinHoRes-SP. Além disso, o próprio SinHoRes-SP passou por uma divisão interna. São dois sindicatos agora: o Sindicato dos Hotéis de São Paulo e o Sindicato de Bares, Restaurantes e similares de São Paulo. O primeiro continua sendo presidido por Pinto, e o segundo por outro filho do empresário. Procurado pela reportagem ao longo dos últimos 15 dias, o empresário não se pronunciou.
"Regras claras e transparentes para criação de sindicatos e sua filiação a federações e confederações, tanto do lado dos trabalhadores quanto do lado patronal, são boas para todo mundo. Especialmente para dirimir acusações e dúvidas nas negociações entre as partes", diz Juruna.
Fonte Valor Econômico

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Metalúrgicas de Joinville investem mais de R$ 50 milhões na saúde dos funcionários e dependentes

O presidente do Sindimet - Sindicato das Empresas Metalúrgicas e de Material Elétrico de Joinville - Evair Oenning, apresentou dados do setor metalúrgico de Joinville durante a entrevista coletiva promovida pelos organizadores da Metalurgia - Feira e Congresso Internacional de Tecnologia para Fundição, Forjaria, Alumínio e Serviços. A entrevista antecedeu a cerimônia de abertura do evento que aconteceu de 14 a 17 de setembro em Joinville.
Destaque para os investimentos realizados pelas empresas no setor de meio ambiente e na saúde dos funcionários e dependentes. “Em 2009, as associadas ao Sindimet investiram mais R$ 20 milhões em ações na área ambiental”, destacou. Segundo o presidente do Sindimet, neste ano, as empresas devem injetar mais de R$ 50 milhões em seguros de saúde em Joinville, beneficiando cerca de 40 mil pessoas.
Pelo levantamento realizado pelo Sindimet, em setembro, contata-se a recuperação do setor metalúrgico após a crise de 2009. Os números tanto de produção como de faturamento já estão próximos aos alcançados em 2008. As empresas associadas ao Sindicato, que representam 70% dos empregos gerados em Joinville no setor, devem injetar no município mais de R$ 3.300 bilhões neste ano. As previsões do segmento indicam o fechamento de 2010 com uma produção superior a 560 mil toneladas.
Os dados nacionais do setor apresentados por Devanir Brichesi, presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), durante a Metalurgia 2010, também são animadores. Eles demonstram que nos oito primeiros meses deste ano, houve uma recuperação de 90% do que foi perdido em 2009. “Como Santa Catarina é o segundo maior produtor de fundidos do Brasil, com 24% de tudo o que é produzido no País, fica evidente a importância da recuperação do setor para a economia. As maiores metalúrgicas estão em Joinville e geram mais de 18 mil empregos”, lembra Evair Oenning.

Dados do setor metalúrgico de Joinville apurados pelo Sindimet

Informações das empresas
2008
2009
Até junho/2010
Perspectiva final 2010
Despesas área ambiental
26.690.081
20.419.527
9.615.876
15.763.036
Produção (tonelada)
604.443
398.644
292.300
568.906
Faturamento (R$)
3.469.383 bi
2.610.870 bi
1.777.409 bi
3.317.537 bi
Valor investido em plano de saúde
cerca de 50 milhões anuais


Montadoras cedem e metalúrgicos de SP aprovam reajuste de 10,8%

Índice é considerado pelo sindicato o maior já obtido pela categoria.
Discussão também envolveu os trabalhadores de Taubaté e região.

As montadoras de veículos do ABC, na região metropolitana de São Paulo, aceitaram no domingo (19) conceder reajuste integral de 10,81% para seus metalúrgicos, índice considerado por sindicato de trabalhadores como o maior já obtido pela categoria.
Além do aumento, relativo a 9% de reajuste na data-base mais 1,66% de correção de tabela salarial, as montadoras também aceitaram pagar abono de R$ 2.200, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
No sábado (18), as montadoras já haviam proposto o aumento e o abono, mas os trabalhadores rejeitaram a oferta porque as empresas queriam deixar uma parte do reajuste para 2011 e dividir o abono em duas vezes. No domingo, porém, as montadoras aceitaram pagar integralmente o reajuste retroativo a 1º de setembro e o abono em 20 de outubro.
Segundo o presidente do sindicato do ABC, Sérgio Nobre, os 10,8% "representam 6,26% além da inflação acumulada no período, que foi de 4,29%". "Um índice extraordinário (...) e compatível com o bom momento econômico vivido pelas montadoras e também pelo país", afirma Nobre em comunicado.
As discussões também envolveram os trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região, que também tinham aprovado o índice e aguardavam um posicionamento positivo das montadoras em relação às exigências de pagamento integral do reajuste e do abono.
"É o maior acordo do País", comemorou o presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Valmir Marques, o Biro-Biro. O sindicalista ressaltou que o índice mais o abono correspondem a um total de 14,5% de reajuste nos salários. "É uma vitória da categoria que vai servir de referência para negociações em todo o Brasil."
Fazem parte da base do ABC as montadoras Ford, Scania, Mercedes-Benz e Volkswagen. Na região de Taubaté estão fábricas da Volkswagen e da Ford.
G1

Metalúrgicos conseguem 10,8% e abono de R$ 2,2 mil

Em um mercado de alta demanda de veículos, nunca foi tão fácil para os metalúrgicos negociar com a indústria automobilística. Em assembleias, no ABC e Taubaté, no fim de semana, a categoria não aceitou sequer parcelar o abono em dois meses e muito menos deixar para receber uma parte do reajuste daqui a um ano, como queriam as empresas. Valmir Marques, presidente da federação que representa a base da CUT nas duas regiões, disse ter conseguido negociar com as empresas já no fim de semana e deu o acordo como fechado: 10,8% de reajuste retroativo a 1º de setembro e abono de R$ 2,2 mil em 20 de outubro. As empresas não se pronunciaram.
Marques lembrou que a negociação ocorreu num momento em que as montadoras operam com muitas horas extras. De janeiro a agosto, a venda de veículos no Brasil cresceu 10,1% na comparação com igual período de 2009. O número mensal de licenciamentos passou das 300 mil unidades nos dois últimos meses, o maior volume desde março, quando o consumidor antecipou a troca do automóvel para aproveitar o último mês de IPI reduzido.
Até as negociações de sexta-feira, as montadoras que atuam no ABC e Taubaté (Volkswagen, Ford, Scania, Mercedes-Benz e Toyota) haviam chegado ao reajuste de 10,8%. Mas, ao alegar dificuldades no fluxo de caixa, segundo Marques, queriam que uma parte desse percentual - 1,66% - ficasse para novembro de 2011. Pelo mesmo motivo, pretendiam dividir o abono em duas parcelas consecutivas (outubro e novembro).
A base do ABC (onde se concentra a indústria) foi a primeira a rejeitar, em assembleia no sábado, em São Bernardo, cidade em que está a maior fábrica da Volks. Ontem, a rejeição veio dos trabalhadores de Taubaté, onde a Volks tem uma fábrica que concentra a produção do Gol, o carro mais vendido no país.
Mesmo com os acordos fechados no ABC e Taubaté, a Volkswagen terá ainda de enfrentar resistência em São José dos Pinhais (PR), onde os empregados decidiram deflagrar a chamada "greve pipoca" (que pode paralisar um ou mais turnos) a partir de hoje. Eles pedem um acordo igual ao já firmado com a Renault: 10,08% de aumento salarial e R$ 4,2 mil de abono.
O impasse também continua na fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP), onde a proposta de reajuste de 10,5% foi rejeitada.
Valor Econômico

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SC em Dados 2010 será lançado no Encontro da Indústria

A indústria catarinense ampliou sua participação no Produto Interno Bruto estadual de 32,8% para 35,7% entre 2003 e 2007 (último dado disponível). Essa é uma das informações da publicação SC em Dados 2010, que será lançada pela Federação das Indústrias (FIESC) durante o Encontro Catarinense da Indústria, que se inicia nesta quarta-feira, em Florianópolis. "Esse crescimento é resultado do avanço da construção civil e do segmento de produção e distribuição de energia, gás, água, esgoto e limpeza urbana", explica o diretor de relações industriais e institucionais da FIESC, Henry Quaresma.
A publicação mostra também que Santa Catarina possui o segundo maior PIB industrial per capita do Brasil (R$ 5.560,00), atrás apenas de São Paulo (R$ 5.652,00). "São dados que mostram a importância do setor para a economia catarinense e para a melhoria dos índices sociais do estado, também destacados no anuário", diz Quaresma. Santa Catarina possui a menor taxa de pobreza absoluta do país, que é de 11,5%, contra média nacional de 28,8%. "Mas a indústria pode fazer mais pelo desenvolvimento do estado, se o ambiente para os negócios for mais favorável, resolvendo questões que fogem ao controle direto do setor empresarial, como a questão da infraestrutrua e da carga tributária, por exemplo", acrescenta.
O Santa Catarina em Dados, além de ter a versão impressa, estará disponível para download, de forma gratuita, no portal FIESCnet (fiescnet.com.br), no menu publicações, a partir de sexta-feira.
A participação dos diversos setores na indústria do estado é outra informação contemplada no anuário. O Santa Catarina em Dados traz os últimos levantamentos disponíveis (2008), evidenciando que o segmento alimentar, com 17,3%, continua sendo o que tem o maior peso, seguido por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (9,8%), mas perdeu participação no valor da transformação industrial do estado. Em 2004, o segmento era responsável por 23,7% do total.
Outra mudança na economia do estado que fica clara na publicação é a redução da participação do mercado externo no destino das vendas das maiores indústrias catarinenses, que em 2009 foi de 19%, enquanto em 2004 era de 30%. Setores fortemente exportadores influenciam esta estatística: as maiores empresas do segmento de madeira exportavam 75% da produção em 2004 e fecharam 2009 com 55%. As principais fabricantes de móveis reduziram a participação do mercado externo de 82% para 31% e as do setor alimentar de 52% para 28%.
A transformação de Santa Catarina de um estado superavitário na balança comercial (US$ 3,4 bilhões em 2005) para deficitário (US$ 859 milhões em 2009) também está registrada na publicação. "A conjuntura internacional de crise, o câmbio valorizado e o estímulo fiscal para a importação por meio dos portos catarinenses influenciam essas estatísticas", diz Quaresma.
Fiesc

Em recuperação, indústria debate seus desafios a partir desta quarta

Metalurgia básica foi o setor que mais cresceu no ano
A Federação das Indústrias (FIESC) inicia nesta quarta-feira o Encontro Catarinense da Indústria, que vai debater os desafios do setor até sexta-feira, em Florianópolis. Os dados mostram a recuperação do setor em 2010, com alta de 10,3% na produção, de 4,3% no faturamento e de 6,8% no número de empregos.
"São números animadores, especialmente quando pensamos que a indústria respondeu por 46 mil dos 71,5 mil postos de trabalho gerados no estado", diz o presidente do Sistema FIESC, Alcantaro Corrêa. "Mas estamos preocupados com o desenvolvimento no longo prazo, pois uma série de questões reduz a competitividade internacional da indústria catarinense. Logo, não podemos deixar que o bom momento atual ofusque as questões que precisamos enfrentar, como as deficiências de infraestrutura, a carga tributária e os investimentos em educação", completa.
Esses são alguns dos assuntos que serão debatidos no evento, que inclui em sua programação um debate com os candidatos ao governo do estado na sexta-feira (17). A reunião com os postulantes de Santa Catarina será mediada pelo jornalista Paulo Markun e terá como pano de fundo o trabalho Desenvolvimento SC: uma visão da Indústria, realizado com ampla pesquisa às bases industriais, aos demais setores empresariais e à população economicamente ativa do estado.
Entre as palestras de destaque do Encontro da Indústria estão temas como "arte da negociação intercultural" (Robert Wong), "qualidade de vida no mundo contemporâneo" (Nuno Cobra), "desafios e oportunidades nas estratégias de comunicação das empresas e na gestão de marcas" (Fernando Martins, do Santander), "grandes tendências e perspectivas da tecnologia para 2015" (Ethevaldo Siqueira) e "mais tempo, mais produtividade" (Christian Barbosa, da Triad OS).
O encontro ainda terá 20 workshops abordando questões como perspectivas da economia, mercado de capitais, inovação nas empresas, finanças pessoais, gestão de marcas e sucessão nas empresas familiares. As palestras serão ministradas por especialistas de organizações como Bravo Investimentos, Corecon, Fundação Dom Cabral, Fundação Getúlio Vargas, IEL, Interact Solutions, Neo Labor, Patri Políticas Publicas, Propague, Unimed e Zurich Brasil Seguros.
A programação completa do evento está disponível no site fiescnet.com/br/60anos .
Com realização da FIESC, o Encontro Catarinense da Indústria e a Feira de Infraestrutura e Soluções para a Indústria têm o apoio institucional da Confederação Nacional da Indústria e patrocínio do SENAI, Tractebel Energia, Banco do Brasil, Petrobras e Sebrae.
Fiesc

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Camex reduz alíquota para compra de autopeças sem similar nacional

Luciana Otoni | De Brasília
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) reduziu de 18% para 2% a alíquota de importação de 116 autopeças utilizadas na montagem de veículos. O voto foi aprovado no contexto do acordo automotivo e refere-se a componentes sem produção na indústria nacional. A medida está relacionada ao acordo firmado entre o governo e os fabricantes de veículos e se destina a estimular a produção nacional de partes e peças.
Para viabilizar esse acordo, os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior definiram um cronograma para eliminar o redutor de 40% que atualmente incide sobre as tarifas de importação. Esse redutor é aplicado sobre as alíquotas, que variam entre 14% e 18%, e foi instituído anos atrás para dificultar a compra no exterior de todo o tipo de partes e peças usadas pelas montadoras.
Até o fim do mês passado, o redutor era 40%. Passou para 30% em setembro e permanecerá nesse nível até o fim de novembro, quando baixará para 20%, sendo integralmente eliminado em 1º de maio de 2011. A partir dessa data, as alíquotas de importação voltam a ser "cheias", ou seja, entre 14% e 18%.
Quando o governo e a cadeia automotiva chegaram a um consenso sobre a eliminação gradual do redutor, ficou acertado que os fabricantes de veículos e de autopeças apresentariam uma lista de componentes sem produção nacional, cujas importações não seriam dificultadas. É por isso que a decisão tomada ontem durante a reunião da Camex abrange somente 116 itens. Ou seja, os itens que não são fabricados no país.
O secretário-adjunto substituto da Camex, André Alvim, informou que a lista dos componentes beneficiados com a redução de tarifa foi elaborada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e pelos fabricantes nacionais de autopeças.
Essa lista poderá ser alterada por solicitação dos representantes da cadeia automotiva. Para adquirir as autopeças no exterior com a alíquota mais baixa, os importadores terão que formalizar pedido ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
Também ontem, a Camex aprovou a redução a zero da alíquota de importação de 10% do algodão. A diminuição é temporária e limitada a uma cota de 250 mil toneladas do insumo no período entre outubro e maio de 2011, véspera da colheita da próxima safra.
A decisão visa atender à necessidade de abastecimento da indústria têxtil. Neste ano, a combinação de alguns fatores restringiu a oferta do produto. O primeiro foi a redução da safra nacional de algodão, devido à diminuição da área plantada, de 1,077 milhão de hectares para 846 mil hectares. O segundo fator foi que essa área menor levou à elevação dos preços, com a arroba passando de R$ 44,60 em janeiro para R$ 53,00 em julho e com tendência de alta. A alta dos preços coincidiu com consumo interno aquecido.
Alvim salientou que a importação com tarifa zero é exclusivamente para compra no exterior de algodão destinado à produção na indústria têxtil e visa atender tanto a demanda interna quanto a confecção destinada à exportação.
Valor Econômico

Indústria brasileira resiste a acordo com UE

Sergio Leo | De Brasília
Karel De Gucht, comissário europeu para o Comércio: "Janela de oportunidade" para um acordo até julho de 2011
Otimista, a ponto de anunciar a intenção de fechar um acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) até meados de 2011, o comissário europeu para o Comércio, Karel De Gucht, encontrou um inesperado obstáculo ontem, em visita ao Brasil: os empresários brasileiros, preocupados com a incerteza na Europa e com obstáculos à competitividade do setor privado no Brasil, querem desacelerar os acordos comerciais. Representantes da indústria participaram ontem de jantar com De Gucht, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), decididos a dar esse recado ao comissário.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) antecipou a mensagem levada a De Gucht em carta entregue ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em que previu "impactos negativos para muitos setores industriais brasileiros e para o país", caso seja firmado um acordo como o negociado entre UE e Mercosul, sem "avanços importantes" no cenário de competitividade no Brasil. A mensagem vai na contramão do recado trazido por De Gucht aos interlocutores em suas conversas reservadas no Brasil, onde ele disse haver uma "janela de oportunidade" na Europa para um acordo, mas só até julho do ano que vem.
"Não é apenas uma questão de comércio, há muito mais investimento europeu no Mercosul do que China, Índia e Rússia juntos", comenta o comissário, principal negociador comercial da UE, que reconhece existirem temas delicados nas negociações, como a insistência europeia em regras mais fortes de proteção à propriedade intelectual e maior abertura às firmas europeias nas compras e licitações do setor público.
"Não vejo razões para um duplo mergulho na economia europeia", argumentou o comissário, ao falar para o Valor sobre os temores, existentes no setor privado, de um retorno da recessão. "Houve uma dramática queda do comércio em 2008, mas uma recuperação também dramática a partir do segundo semestre de 2009".
Ele reconhece as preocupações em relação ao euro, mas lembra que a Europa reagiu rapidamente "em apenas um fim de semana" às ameaças de colapso nos países da região, com um pacote de centenas de bilhões de dólares, que evitou agravamento da crise em países como a Grécia. "Há uma recuperação na Europa que é desigual. Mas, em geral, podemos dizer que, na Europa a crise começa a acabar."
De Gucht ouviu de Amorim que o tema da propriedade intelectual, somado à resistência dos empresários em firmar um acordo no horizonte próximo, são fortes obstáculos. A Europa também tem dificuldades para chegar a um acordo, pela resistência de países, como a França, em aceitar maior abertura dos mercados agrícolas europeus e a necessidade de proteção a denominações de origem em produtos agrícolas europeus (nomes como La Rioja para vinhos são disputados entre espanhóis e argentinos, por exemplo).
Ao falar ao Valor, e, após o encontro com Amorim, em um breve encontro com jornalistas, De Gucht não quis entrar em detalhes sobre a negociação. Mas repetiu o que disse a Amorim e ao ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, com quem se encontrou pela manhã: embora existam resistências entre os "países membros", as negociações e a assinatura do acordo são prerrogativa da Comissão Europeia. E os comissários estão dispostos a chegar ao livre comércio com o Mercosul, desde que com regras "abrangentes, equilibradas e ambiciosas".
Apesar do otimismo, De Gucht e Amorim concordaram que os negociadores dos dois blocos vão discutir apenas "questões normativas" em Bruxelas, na terceira semana de outubro. Não há previsão para iniciar a etapa decisiva da negociação, conhecida como troca de ofertas, em que cada lado expõe as propostas concretas de abertura de mercados e de criação de regras comuns. Os funcionários dos governos do Mercosul e UE estão apenas definindo como cada tema será tratado, em termos gerais, para orientar a fase final.
Apesar do otimismo do comissário, qualquer acordo terá ainda de passar pelo conselho de ministro da UE, por consenso entre os países membros, e, desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, que reforçou o bloco europeu, é exigida também aprovação do Parlamento Europeu. Aos funcionários do governo brasileiro, que manifestaram dúvida sobre a disposição do conselho em sancionar as decisões da Comissão Europeia, De Gucht argumentou que o próprio presidente do conselho, Herrmann von Rompuy, participou, no ano passado, da decisão de relançamento das negociações de livre comércio, paralisadas desde 2004.
Na prática, os europeus dizem haver uma "janela de oportunidades", porque a partir do segundo semestre de 2011 estará avançada a discussão da nova Política Agrícola Comum (PAC), que fixará as regras de subsídios aos produtores europeus, e serão realizadas as eleições presidenciais na França, onde o tema da abertura do mercado agrícola é explosivo.
Os empresários brasileiros não veem a conjuntura como um momento de oportunidade, como deixaram claro na carta a Amorim. Na carta, a CNI reafirma o interesse no acordo com os europeus, mas não tão cedo. Para evitar prejuízos à indústria, argumentam, será preciso resolver pelo menos quatro problemas: 1) o descompasso do câmbio, que leva à forte valorização do real; 2) dúvidas sobre o euro, apesar da recuperação europeia, que pode ter impacto sobre a "estratégia das empresas brasileiras"; 3) tendências "divergentes" dos dois mercados, com crescimento vigoroso no Brasil e desaceleração na Europa, que deve incrementar importações brasileiras de produtos da Europa; e 4) políticas divergentes de apoio, com pacote "tímido" para exportadores brasileiros e o chamado custo-Brasil.
Valor Econômico

Setor de fundição quer barrar concorrência de produtos asiáticos

Júlia Pitthan | De Joinville
A indústria de fundição brasileira já apresenta um cenário de recuperação de produção e vendas, com crescimento de quase 50% na comparação entre os oito primeiros meses de 2010 com 2009. Apesar do aumento na demanda, o setor se prepara para barrar a entrada de concorrentes de fora, que já representam US$ 500 milhões por ano. Moldes e ferramentas asiáticas chegam ao país até 60% mais baratos do que similares brasileiros.
A preocupação com a entrada de produtos importados se agravou em abril, quando a Portaria 8.410 passou a permitir a compra de moldes e ferramentas usados, sem necessidade de consulta de similaridade com os fabricados pela indústria brasileira. Segundo Darceo Schulz, presidente do Núcleo de Usinagem e Ferramentaria de Associação Empresarial de Joinville (Acij), cerca de 1,3% dos importados são usados e chegam ao país com imposto de importação reduzido, na casa dos 14%. Fabricantes de China, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan seriam os principais competidores. Além de uma carga tributária mais branda - na China, chega a 17,5% enquanto no Brasil é de quase 40% do PIB -, a matéria -prima custa até cinco vezes mais para a indústria nacional do que para os competidores asiáticos.
"Em muitos casos, na importação vem muito mais que uma ferramenta, vem uma linha de montagem inteira", diz Schulz. O setor tenta rever a política adotada pelo governo brasileiro e montou um grupo com representantes da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), dos sindicatos e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para discutir a questão.
O presidente da Abifa, Devanir Brichesi, diz que a intenção é acompanhar o assunto sobre três aspectos. O primeiro é identificar onde estão ocorrendo as fraudes na importação. "A Abifa vai fazer papel de polícia", disse. O trabalho vai contar com parceria da Polícia Federal e da Receita Federal para identificar as tentativas de burlar o sistema de importação. A próxima reunião deve ocorrer este mês. Uma das sugestões é ampliar o imposto de importação de 14% para 35%.
"Queremos transparência para entender o que norteia o governo a tomar a decisão de facilitar a entrada de importados, o que no longo prazo, significa desindustrialização", diz Brichesi. "Sabemos que o governo tem uma visão macro e sabe da importância do setor para outras cadeias. Mas há o lobby da indústria automotiva puxando para o outro lado", diz.
Segundo Brichesi, enquanto o setor de fundição cresceu o equivalente ao PIB entre 2005 e 2008, a indústria automotiva cresceu três vezes o PIB no mesmo período. De acordo com Darceo Schulz, a portaria dá brecha para a indústria automotiva desativar uma linha na Europa ou nos Estados Unidos e, depois de um processo de "tropicalização", transferir os equipamentos para o Brasil subfaturando o valor do equipamento.
O setor automotivo é o maior cliente da indústria de fundição brasileira, seguido pela indústria de bens de capital. Nos últimos dois meses houve uma recuperação de mercado externo em cerca de 40% das vendas, em comparação com 2009.
Valor Econômico

Exportações crescem, mas déficit chega a 2,3 bilhões em SC

As exportações catarinenses cresceram 17,3% no ano, até agosto, em comparação ao mesmo período de 2009, mas o saldo da balança comercial continua negativo em 2.370.263. O salto de 71,26% nas importações neste intervalo provocou o déficit.
Até 2007, o saldo da balança registrava freqüentes diminuições a cada ano, mas mantinha-se positivo. Em 2008, caiu bruscamente e, a partir de 2009, passou a ter déficit.
No mesmo período, de janeiro a agosto deste ano em comparação aos mesmos meses de 2009, as exportações do país cresceram 28,76% e as importações, 46,58%.
Segundo a Federação das Indústrias (Fiesc), dos dez principais produtos exportados pelo Estado, nove aumentaram suas vendas, com destaque para blocos de cilindros e cabeçotes para motores (185,6%), motocompressores herméticos (51,1%), grãos de soja (42,4%) e produtos de madeira (24,1%). As preparações alimentícias caíram -0,4%.
Os dados mostram que no acumulado do ano, nove dos dez principais destinos dos embarques catarinenses apresentaram alta. Os maiores incrementos foram para a China (152,2%), México (105,6%) e Japão (60,3%). O único a registrar queda foi Hong Kong (-20,2%).
Já sobre os dez principais produtos importados, todos apresentaram crescimento. As maiores altas foram de policloreto de vinila (341,8%), fios de algodão (284%) e laminados de ferro e aço (237,7%).
Exportações de Santa Catarina
Agosto de 2010 em relação a agosto de 2009: 34,35%
Agosto de 2010 em relação a julho de 2010: -5,77%
Acumulado do ano (Janeiro a agosto de 2010): 17,34%
Produtos mais exportados por Santa Catarina de janeiro a agosto
Frango (carnes e miudezas)
Fumo
Motocompressores herméticos
Principais países para quem Santa Catarina exportou de janeiro a agosto
Estados Unidos
Países Baixos (Holanda)
Argentina
Importações de Santa Catarina
Agosto de 2010 em relação a agosto de 2009: 75,04%
Agosto de 2010 em relação a julho de 2010: 2,16%
Acumulado do ano (Janeiro a agosto de 2010): 71,26%
Produtos mais importados por Santa Catarina de janeiro a agosto
Catodos de cobre refinado e seus elementos
Laminados de ferro e aço
Polietileno
Principais países de quem Santa Catarina importou de janeiro a agosto
China
Chile
Argentina
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Criado em Santa Catarina núcleo de inovação nas empresas

“É preciso inovar”. Essa frase já é praticamente um bordão. Para buscar resultados concretos que respondam a essa necessidade, foi inaugurado, nesta sexta-feira, na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), o Núcleo de Inovação (NI) de Santa Catarina.
Este canal faz parte da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), idealizado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Serão disponibilizados R$ 100 milhões com o objetivo de duplicar, em quatro anos, o número de empresas inovadoras no país. A caravana iniciou no Rio Grande do Sul, primeiro Estado a formalizar um NI, e Santa Catarina é o segundo.
“A inovação é determinante para o aumento da produtividade e da renda real, gerando competitividade”, afirma o diretor de operações da CNI, Rafael Lucchesi. O objetivo da MEI é sensibilizar as empresas para a inovação e a P&D.
Os núcleos devem ainda dialogar com o governo estadual para o desenvolvimento de políticas de apoio à inovação e discutir oportunidades e desafios. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, explica que é necessário inovar para estruturar a atividade no país e gerar empregos.
O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica (Fapesc), Antônio Diomário de Queiroz, destaca que as ações de apoio e fomento à inovação em Santa Catarina têm que superar um passado em que não se investiu em C&T. Entre os BRICs, o Brasil é o que menos investe em inovação. Para Coutinho, esse quadro é compreensível, já que a estabilização econômica do país é muito recente.
“Me parece que mobilizar a inovação em Santa Catarina é mais fácil”, afirma Coutinho. Ele acredita que o Estado tem uma cultura indutora da mobilização e pode dar exemplo ao resto do país. “Cada vez mais as redes são relevantes no processo de inovação, e eu vejo como o sistema catarinense tem redes – empresariais, universitárias, de pequenas com grandes empresas”, aponta. “Essa agenda de inovação é um processo de estruturação que requer liderança e a formação de uma grande onda”.
O presidente do BNDES chama a atenção para a contribuição da inovação para reduzir as disparidades de renda, promover a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental. Coutinho também salienta a relevância do capital humano no processo de inovação. “Tem que ter gente capacitada. Quanto maior o acúmulo de conhecimento, mais forte o efeito de produtividade”. 
Inovação não é um bicho de sete cabeças
O diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, afirma que sensibilizar as empresas para a inovação implica em desmistificar. Segundo Santos, a inovação é vista por muitos como algo sofisticado, high tech, caro e desnecessário. Os empresários têm que mudar essa percepção, mas Santos reconhece que o próprio Sebrae e outras entidades precisam também mudar o discurso de que inovação é a solução para tudo. É importante identificar as demandas do mercado, e não tratar a inovação como a panaceia.
Santos apresenta um conceito simples de inovação: “fazer mais para fazer melhor”.  E ressalta a importância de oferecer às empresas soluções integradas, que articulam conhecimento, financiamento, políticas públicas, mobilização, etc.
O diretor do Sebrae lembra que a participação das micro e pequenas empresas (MPEs) na economia brasileira é de 99,1%, mas elas participam com apenas 20% no valor adicionado, realidade muito distante do que se observa em países de alta renda. Segundo Santos, as MPEs têm a difícil tarefa de dobrar a produtividade nos próximos anos.
Como funcionará o MEI
Será criado um Comitê com representantes das entidades do Sistema Fiesc (Fiesc, Ciesc, Sesi, Senai e IEL), que atuarão de forma articulada com a Câmara das Micro e Pequenas Empresas, a Câmara de T&I, o Comitê Técnico e  Sindicatos Industriais.
Metas da MEI a serem cumpridas de 2010 a 2013 no Brasil:
Criação de 35 Núcleos de Inovação
Sensibilização de 30 mil empresas
Capacitação de 15 mil dessas empresas
Capacitação de multiplicadores (ex: IEL, Certi)
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