sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Independência deixa sindicato mais forte, diz dirigente

De Campinas
30/09/2010
Recém-formado pelo Senai, Jair dos Santos conseguiu seu primeiro emprego na fábrica da Cobrasma em 1978. Demorou 11 anos para se associar ao Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, ao mesmo tempo em que preenchia a ficha de filiação ao PT, tendo, antes, militado na Juventude Operária Católica, movimento forte nas décadas de 60 e 70. Quando passou a exercer cargos na direção do sindicato, em 2003, ele já havia deixado o PT sem se filiar a outro partido.
Enquanto os militantes mais à esquerda do PT deixaram o partido rumo ao PSTU ou para formar o P-SOL, os sindicalistas descontentes com a CUT criaram a Conlutas e a Intersindical, ligadas, respectivamente, ao PSTU e ao P-SOL. "Não temos um partido ou uma central e é isso que nos torna tão diferentes", diz Santos. "A CUT foi a primeira central brasileira, criada em 1983. Antes daquele ano não existiam lutas e conquistas? Claro que sim. A questão é que não é absolutamente necessário fazer parte de uma central para ter sucesso", avalia o sindicalista, que coordena secretarias que vão desde a militância do movimento GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis) até a defesa das mulheres e negros.
"A CUT está vendida, basta ver a atuação do sindicato do ABC nos últimos anos, sempre conseguindo acordos inferiores a nós, aos companheiros de São José dos Campos e de Curitiba. Nosso sindicato melhorou muito depois que adotou a Intersindical", diz Janílson Silva, operário da Mercedes, para quem um sindicato "independente de centrais escuta mais o que os trabalhadores dizem".
Desde 1988, a jornada dos trabalhadores nas montadoras é reduzida. Enquanto naquele ano a Constituição reduziu a carga semanal de 48 para 44 horas, os operários da Mercedes já trabalhavam 40 horas semanais. Quando, nos anos 90, Toyota e Honda montaram fábricas na cidade, o expediente adotado foi o mesmo da Mercedes. Segundo o sindicato, a carga semanal média de trabalho é inferior às 44 horas constitucionais nos diferentes segmentos da base. Nas fábricas de autopeças a carga média é de 41,5 horas, no setor eletroeletrônico é de 42,5 horas e no setor de máquinas, de 43 horas.
O sindicato reivindica a redução para 36 horas semanais. "Os caminhões que a Mercedes importa da Alemanha para serem nacionalizados em Campinas foram produzidos por metalúrgicos que cumprem 33 horas semanais. Os ganhos tecnológicos são os mesmos, por que, então, trabalhamos 40 horas?", pergunta Santos. (JV)
Valor Econômico

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