quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Recuperação passa longe de siderúrgicas

Alessandra Bellotto
Nem em dia de recuperação global dos mercados, com as commodities entre os destaques, as siderúrgicas brasileiras escaparam da pressão de venda. Usiminas encabeçou as perdas do Ibovespa, mas Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Gerdau também foram alvo de investidores desconfiados dos resultados que o setor começa a divulgar na próxima semana.
As ações ordinárias (ON, com voto) da Usiminas recuaram 4,29% e as preferenciais (PN, sem voto) classe A, 3,61%. Já CSN ON teve perda de 2,16% e Gerdau PN, queda de 0,29%. O Ibovespa subiu 0,77%, a 70.404 pontos, e Vale PNA, principal aposta do mercado em commodities, ganhou 2,54%.
A visão negativa para setor siderúrgico é explicada pela soma de preços e volumes declinantes com custos mais altos, o que resulta em margens pressionadas para as empresas. No pano de fundo, estoques elevados entre os consumidores do mercado interno e forte concorrência com o produto importado, aponta o analista de mineração e siderurgia da Spinelli, Max Bueno.
O setor passa por uma mudança estrutural que afeta as perspectivas para o médio e longo prazo, avalia a sócia da Oren Investimentos Daniella Marques. Segundo ela, as siderúrgicas sempre venderam entre 60% e 80% da produção no mercado doméstico, a um preço de 20% a 30% acima do internacional. Só que, com a sobreoferta de aço no mundo, as importações atingem recorde este ano e já representam 25% do aço consumido no país.
Corroborou para essa alta de importação a valorização do real, que deixou o aço vindo de fora mais barato, lembra Daniella. Conclusão: nada de reajuste de preços, pelo contrário, descontos para brigar com os importados. Além disso, a sócia da Oren destaca que os estoques elevados no mercado interno levaram as siderúrgicas a exportarem mais, um negócio de margens menores.
Ainda ontem, dados de setembro do Instituto Aço Brasil reforçaram o cenário desfavorável para o setor, diz Bueno, da Spinelli, ao apontar queda de 7% na produção de aço bruto em relação a agosto.
Usiminas lidera perdas em dia de alta do Ibovespa
A Corretora Itaú projeta para a Usiminas corte de 18,6% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) e redução de 2 pontos percentuais na margem lajida entre o segundo e terceiro trimestres. Para a Gerdau, estima lajida 21,3% menor e queda de 3,8 pontos na margem lajida. CSN é a que deve apresentar o melhor resultado, segundo a Itaú, com margem lajida estável e leve alta (0,4%) do lajida.
No ano, Usiminas PNA cai 17,74% e Gerdau PN, 27,90%, com as menores cotações em 2010. Na contramão, CSN ON sobe 2,15%.
Alessandra Bellotto é repórter de Investimentos. A titular da coluna, Daniele Camba, está de licença.
E-mail alessandra.bellotto@valor.com.br
Fonte - Valor Econômico

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