sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dólar baixo compromete crescimento de exportações em SC

Importações cresceram 114%, enquanto as exportações apenas 25%.
Nesta semana o governo brasileiro anunciou duas medidas para conter a queda do dólar. A primeira foi na segunda-feira, 4, quando houve aumento de 2% para 4% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF - incide sobre os dólares que entram no país em busca de rendimentos de curto prazo).
A segunda medida foi anunciada ontem, 6, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) ampliou a atuação do Tesouro Nacional na compra de moeda americana, que poderá chegar a US$ 10,7 bilhões adicionais no mercado para antecipar o pagamento da dívida externa.
Mesmo com todas essas medidas, os impactos na economia catarinense já foram sentidos. Dados divulgados pela Federação das Indústrias (Fiesc) mostram que de janeiro a setembro, as exportações aumentaram 18,7%, ritmo de expansão bem inferior aos 69,8% de crescimento registrado nas importações nesse mesmo período. Com o resultado, a balança comercial do Estado acumula déficit de US$ 2,82 bilhões em 2010.
Exportadoras
O vice-presidente da Teka, produtora de artigos para cama, mesa e banho, Marcello Stewers, declara que a situação não assusta mais, pois não é nova. Segundo ele, as empresas já sentiram queda nas exportações há algum tempo. "O setor têxtil já está tirando o time de campo. O cenário só piorou de algumas semanas para cá. O volume de vendas caiu 70% desde a primeira crise do dólar há dois anos"
Stewers ainda explica que o mercado interno está aquecido, o que se mostra como a única solução para as indústrias não fecharem as portas. "É um pecado a situação que a gente está vivendo. Temos que aproveitar o momento para atualizar o parque fabril trazendo novas tecnologias do exterior, fora isso, nos resta lamentar. Já tiramos o nosso time de campo nas exportações", reitera o vice-presidente da Teka.
Outra exportadora, de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas, a WEG, decidiu adotar algumas medidas para evitar problemas com a valorização do real. Segundo declarações do presidente da companhia, Harry Schmelzer, a aposta é incentivar a produção nos países onde a WEG tem filial (China, Argentina e México). Em novembro, a empresa, de Jaraguá do Sul, vai inaugurar uma fábrica na Índia para produzir motores e geradores.
O porto privado de Navegantes, Portonave, registrou, entre janeiro e agosto de 2010, aumento de 114% nas importações quando comparadas a 2009, enquanto as exportações cresceram apenas 25%. O gerente comercial da Portonave, Juliano Perin, afirma que é difícil se manter no mercado com o real forte e com concorrentes como a China. "O setor que menos sofreu é o de carnes congeladas que atualmente representam 50% das exportações feitas no vale do Itajaí. Antes da crise, esse setor representava 25%, o que significa que os outros mercados perderam espaço", conclui Perin.
O primeiro vice-presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, defende medidas governamentais urgentes. "No curtíssimo prazo, o governo deve desonerar as exportações, que recebem uma carga tributária muito alta, e abrir espaço para a redução dos juros, a partir da contenção dos gastos públicos que são muito altos".
Setores que conseguiram sobreviver
Segundo levantamento da Fiesc, no acumulado do ano, os dez principais produtos exportados pelo estado registraram crescimento. Entre eles estão blocos de cilindros e cabeçotes para motores (178,3%), motocompressores herméticos (47,2%), grãos de soja (45,4%), motores, transformadores e geradores elétricos (21,8%) e carne de frango (20,1%).
Dentre os principais destinos dos embarques do estado estão Estados Unidos, Holanda, Argentina, Japão, Alemanha e China.
Importação
De janeiro a setembro, entre os produtos importados pelo estado que mais registraram crescimento estão os insumos policloreto de vinila (368,6%), laminados de ferro e aço (267,6%), fios de algodão (228,6%), polipropileno (140,4%) e catodos de cobre (126,9%).
A China é o país de quem Santa Catarina mais importa. Na seqüência aparecem Chile, Argentina, Estados Unidos, Alemanha e Índia.
 Portal Economia SC

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